10 anos depois
Melanie
- As coisas mudaram tanto. O grupo separou-se, sabes? Não é que eu estivesse à espera de outra coisa. – rio levemente. – Somos adultos agora, continuamos a falar, de vez em quando, mas já não somos os adolescentes que tu conhecias. Cada um seguiu o seu sonho, cada um seguiu o caminho que achava mais acertado. Apesar de estarmos longe, sei que posso contar com eles quando algum obstáculo aparecer no meu caminho, eles também sabem que podem contar comigo. Aliás, a primeira pessoa a saber da gravidez da Megan fui eu.
Daisy, a filha do Ashton e da Megan, tem agora quatro anos. É uma menina muito querida, a cara do Ashton, o sorriso com covinhas, os olhos, tudo. Já não a vejo há algum tempo, deve ter crescido imenso desde aí. Eles continuam a viver cá, em São Francisco, tenho a certeza que te vêm visitar várias vezes por ano e dar-te flores novas. Estas rosas brancas são algo que a Megan escolheria. – penso alto. – De qualquer maneira, tenho a certeza que isto não é surpresa nenhuma para ti, eles sempre se amaram imenso, mesmo quando ainda só tinham dezassete anos. Talvez tenha sido por se amarem tanto que a distância da universidade foi difícil de superar. Foi uma surpresa quando a Megan apareceu no meu dormitório da universidade a chorar. Tinham passado apenas dois meses do seu segundo ano da universidade e a distância começou a ser ainda mais difícil de suportar. Acabaram e não voltaram a estar juntos até ao fim da universidade. Aí foi mais fácil reconstruir a relação, foi como se o tempo em que estiveram separados tivesse sido apenas uma pausa, e depois tivessem voltado mais fortes do que nunca.
Ao contrário deles, a Katherine e o Daniel mantiveram-se juntos durante este tempo todo. Foram os dois admitidos na mesma universidade, por isso foi mais fácil para eles. É claro que tiveram zangas, tal como todos os casais, mas, talvez por já serem amigos há tanto tempo e se conhecerem tão bem, sempre conseguiram superar as coisas adversas ao seu relacionamento e manter-se fortes. A última vez que os vi foi no seu casamento, apaixonaram-se pela cidade de Nova Iorque, depois de terem andado lá na universidade, tal como se tinham apaixonado um pelo outro. Casaram-se lá e é lá que continuam a viver com os gémeos. Os bebés têm apenas um ano, a última vez que os vi ainda só tinham dois meses. Mas sei que os vou voltar a ver esta semana. Pergunto-me como estarão... A Savannah e o Jason...
Fui interrompida pelo meu telemóvel a alertar-me para uma nova mensagem.
- Desculpa, mas tu sabes como é a Lydia. – sorrio ao lembrar-me dela. – Diz que estou atrasada, mas não há problema. Eles podem esperar enquanto eu te conto tudo.
Por falar em Lydia, talvez ela e o Michael tenham sido aqueles que se viram na situação mais complicada. Engravidar aos dezoito anos não é propriamente o objetivo de vida das pessoas. Eles separaram-se quando a Lydia foi para o 12º ano, o Michael ia para o 2º ano da universidade, ela estava demasiado insegura, com medo de não ser o suficiente para ele que estava rodeado de raparigas mais velhas. O melhor foi mesmo terem acabado, por muito que gostassem um do outro, tanta insegurança fazia-lhe mal e aquele tempo separados era o que precisavam para, eventualmente, ganharem mais confiança um no outro. Mas isso não explica como é que eles se tornaram pais tão novos, pois não? Bem, a Lydia foi aceite na universidade onde estava o Michael, ao princípio evitavam-se o máximo possível, mas depois viram que fazer isso não fazia sentido. Antes de terem namorado eram grandes amigos e, durante um tempo, apesar de gostarem imenso um do outro, voltaram a ser só amigos, mas depois tudo mudou. Estavam numa festa e, segundo o que eles contaram, nenhum dos dois tinha tocado em álcool a noite toda. Tanto tempo separados tornou quase impossível resistir um ao outro. Sabes como é... Uma coisa leva à outra, a pressa de estar um com o outro depois de tanto tempo, o desejo, o esquecimento... No início foi muito complicado. A Lydia desistiu do curso porque sabia que não ia conseguir continuar, mas convenceu o Michael a acabar o seu, para depois lhe ser mais fácil arranjar um emprego. Os primeiros anos do bebé também foram difíceis, eles eram muito novos e não sabiam como ser pais, valeu-lhes a ajuda dos seus próprios pais. A Lydia voltou a estudar quando o Nathan tinha três anos, para também ela conseguir acabar o curso e manter uma carreira no futuro. Agora os três não podiam estar mais felizes. – sorri. Nathan é um amor de menino que fala alto como o pai e lhe ganha a jogar vídeo jogos apesar de só ter sete anos, o que chateia e orgulha Michael.
Acreditavas se eu te dissesse que a Emma e o Calum não estão juntos? Eu também me surpreendi quando soube. Foi nas férias antes de a Emma ir para a universidade e o Calum para o 12º ano, foi uma decisão mútua, aparentemente. Depois de terem namorado por dois ou três anos, já nem sei, decidiram que o melhor era acabar tudo, que o que tinham sentido um pelo outro tinha simplesmente acabado. A Emma ia para a universidade e, com a distância e os cada vez menos sentimentos, sabiam que iam acabar por se cansar ainda mais de estar presos um ao outro e não se poderem divertir com outras pessoas. Foi pelo melhor. Acabei por perder o contacto com a Emma, mas continuo a falar com o Calum, ele também vem cá esta semana. Tem uma namorada. É a Ruth, uma rapariga simpática e querida, um bocado diferente da Emma, mas uma boa amiga. Acho que ias gostar de a conhecer.
Quem tu também ias gostar de conhecer é o Mark, o namorado do Theo. Sim, o Theo que andava sempre a meter-se comigo está a viver num apartamento em Las Vegas com o seu namorado. Já estão juntos há dez anos e não me parece que alguma vez se vão separar, são demasiado unidos. Passaram por várias coisas, no início os pais do Theo não aceitavam que o filho gostasse de rapazes, mas acabaram por se conformar que aquele era o filho deles e que a pessoa com quem ele devia estar era o Mark.
Mas vou dizer-te o que tenho a certeza que queres ouvir. Queres saber como ela está, certo? A Ashley está bem, muito melhor que antes. Mudou-se para o Canadá com o pai para começar lá o 12º ano, depois do que aconteceu não conseguia continuar a viver em São Francisco. Deixou a vida de caçadora por completo, está a tentar começar a sua vida adulta da melhor maneira possível, acabou o curso e anda à procura de trabalho. Neste momento está solteira, sei que perguntar-me-ias se aqui estivesses. Já teve namorados antes, mas não encontrou a pessoa certa e sei que essa não é a parte mais importante da sua vida. Também sei que ela te continua a visitar mais de uma vez por ano, vem de propósito desde o Canadá até aqui para te visitar, deverias sentir-te um sortudo. – brinco.
Já te falei de toda a gente menos de mim. Bem, quanto a mim não há muito a dizer. Estou grata pela vida que tenho. Um marido que é aquele amor que eu queria desde pequena. – olho para a bonita aliança no meu dedo. – Continuo a ter amigos que sei que sempre me apoiarão. E tenho o filho mais querido de sempre, o meu menino é tudo para mim. Chamamos-lhe Blake, foi ideia do Luke e é o melhor nome que lhe poderíamos ter dado. No ano antes de o Blake ter nascido, eu e o Luke decidimos mudar-nos para a Austrália. Sabes o quanto nós queríamos voltar para lá, por isso, quando tivemos a oportunidade de o fazer, aproveitámos. Oh, quase me esquecia, tenho uma grande novidade para te contar, vais ser o primeiro a saber. – sorrio e ponho as mãos na barriga. – Estou grávida. Descobri há uma semana, mas ainda não contei ao Luke, vou contar-lhe, a ele e aos outros, durante esta semana. Sei que ele vai ficar contente, e que quer que seja uma menina. Eu também não podia estar mais contente. Amo os meus filhos com tudo o que tenho, e o facto de o Blake ser um lobisomem e o bebé que está para nascer também o vir a ser, não me incomoda. É uma parte do Luke, uma parte do pai deles, do homem que amo. É uma coisa normal.
Olho para o céu. – Adorava que estivesses cá durante esta semana. Viemos todos para São Francisco para passarmos estes dias juntos, como quando éramos adolescentes. – suspiro. – Fazes-nos falta, mas, dez anos depois, já nos habituamos a viver sem ti. Já é muito mais fácil.
Levanto-me do chão e olho para a campa ao meu lado.
- Espero que tenhas gostado de saber como estão as nossas vidas. Agora tenho de ir, eles já estão à minha espera. – sorrio tristemente. – Tenho saudades tuas, Blake.
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San Francisco • 5SOS → Lobisomens ✔
WerewolfAs diferenças e as dificuldades não acabaram com a nossa amizade e só me fizeram amar-te mais. Foram elas que me fizeram ver que a pessoa perfeita para mim não tem de ser aquela pessoa que, aos olhos de todos, é perfeita mas sim aquela que torna a m...
