→T h i r t y F i v e←

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Melanie

- Tens a certeza que está tudo bem? - Encostei a cabeça ao ombro de Megan.

- Absoluta, Melanie. Já te tinha dito para parares de te preocupar comigo e aproveitares a festa.

- Mas eu não consigo deixar de me preocupar contigo, Luke.

- Melanie, eu estou bem. O Calum, o Ash e o Michael estão aqui comigo. Não te preocupes.

- Ugh, OK, Luke, qualquer coisa liga.

- Já sei, Mel, não te preocupes. Adoro-te.

- Também te adoro.

Desliguei a chamada e suspirei. A verdade é que não conseguia não me preocupar. Depois de o ter visto vulnerável, como o vi ontem à noite e hoje de manhã, só quero abraçá-lo e protegê-lo e ter a certeza que está bem.

- Gostas mesmo dele. - Megan sorriu.

- Acho que não é só gostar. - Corei.

- Notasse. Estás tão preocupada por ele.

- Eu vi-o tão vulnerável. A sério, Megan, não imaginas o quão difícil foi conter o choro para não o pôr pior.

- Eu percebo. O Ashton também estava mal. Obrigada por me teres dito para ir ter com ele, ele estava a precisar de alguém.

- Estou assustada, Megan.

Éramos as únicas no jardim de casa de Ashley. A noite estava fria e as pessoas mantinham-se no quente da casa. Tinha dito aos meus pais que me doía a cabeça e precisava de ar como pretexto para vir até ao jardim e telefonar ao Luke, para saber como está. Megan tinha vindo comigo.

- Eu também. Por eles e por nós.

- Nós estamos metidas nisto com eles, não há maneira de escapar. Não sei o que esperar.

- Tenho-me perguntado se nos farão alguma coisa para os atingir a eles.

- É disso que tenho receio. Somos o alvo fácil, Meg. Connosco conseguem atingi-los porque somos amigas deles e eles preocupam-se connosco.

- Será que os caçadores sabem que, eles em especial, são o que são? - Olhei para ela confusa. - O que eu quero dizer é que eles são apenas adolescentes numa escola secundária, será que os caçadores sabem que eles são assim, sabem a identidade dos lobisomens ou apenas sabem que aqui há uma alcateia?

- É uma boa pergunta. No entanto, eles sabiam que a família Edwards era assim. Acho que nada os impede de saber que os nossos amigos também são assim. Mas nunca se sabe.

- Era bom que não soubessem e que este pesadelo acabasse.

- Como é que acaba, Megan? Como é que eles se vão ver livres dos caçadores? Quando mudarem outra vez de cidade?

- Espero que não, não quero afastar-me deles. Principalmente do Ashton. Nunca conheci ninguém como ele.

- Também gostas imenso dele. Estás apaixonada. Não, não negues, sabes que é verdade.

- É, talvez eu esteja.

- Megan, Melanie, o que fazem aqui fora ao frio? Venham para dentro. - Ashley abriu a porta que separava a casa do jardim.

- Só vim apanhar ar. Estava a doer-me a cabeça. Já íamos para dentro.

Na sala onde os convidados estavam a conversar sentamo-nos num sofá junto à lareira com Mark ao nosso lado. Um grupo de homens jogava às cartas e um grupo de mulheres estavam a ver um desfile de moda na televisão e a comentar a roupa. Os outros adultos estavam a conversar uns com os outros. Dois homens e uma mulher encostados a uma parede falavam sobre política. Crianças brincavam. Ashley tinha razão, Mark era a única pessoa da nossa idade.

- Não andas na mesma escola que nós, pois não? - Megan perguntou-lhe.

- Não. Ando no liceu aqui da cidade.

- Isso explica porque é que nunca te tinha visto lá e és da minha idade.

- Eu não passaria despercebido. Se eu andasse lá já me tinhas visto.

- Não sejas convencido. Não era isso que eu estava a dizer. A única pessoa que não passa despercebida naqueles corredores é o Ashton.

- E quem é o Ashton?

Mark e Megan tinham-se dado bem desde que começaram a conversa. Tinham coisas em comum e a conversa fluía bem, tinha a certeza que serão bons amigos.

- O futuro namorado dela. - Megan empurrou-me.

- Cala-te, Melanie.

- Não digas que é mentira porque se tu e ele não acabarem juntos então é porque alguma coisa não está mesmo nada bem.

- Um dia tenho de conhecer esse Ashton e o resto dos vossos amigos.

- Também acho que sim. Mas conta-nos coisas sobre ti.

Aprendemos bastante sobre Mark. É um rapaz simpático que já passou por algumas coisas pelas quais não devia ter passado. As pessoas homofóbicas fizeram-no sofrer com comentários rudes que, nem ele nem ninguém, merece ouvir. Trocamos números de telefone e tenho a certeza que vamos manter contacto depois deste jantar.

***

- Meg, vens comigo à casa de banho?

- Claro.

A casa de banho no piso de baixo estava ocupada por isso fomos perguntar a Ashley onde era a casa de banho do piso de cima.

- Ela disse que era a última porta do corredor. - Megan andou à minha frente até lá.

- Hum... Aqui há duas portas. Esquerda ou direita, Megan?

- Sei lá... Abre a esquerda que eu abro a direita. Uma delas é a casa de banho a outra deve ser um quarto.

Abri a porta da esquerda e a minha respiração ficou presa na garganta. A minha mão começou a tremer na maçaneta da porta e, se não me estivesse a segurar, tinha caído ao chão com toda a certeza.

- Melanie, a casa de banho é esta. Melanie? - Megan chamou mas eu não conseguia desviar os meus olhos arregalados da cena à minha frente. - Melanie, o que se passa? Estás a tremer.

- Megan, eu-eu acho que estou a alucinar.

Megan aproximou-se de mim e espreitou por cima do meu ombro: - Oh, Meu Deus, o que é isso tudo?

- Megan, alguma vez viste filmes ou séries de lobisomens?

- Já... - Ela percebeu onde eu queria chegar.

Apenas acenei com a cabeça, a sala cheia de armas falava por si. Colocadas em prateleiras que ocupavam as paredes do chão até ao teto as armas variavam desde pistolas e caçadeiras a arcos e flechas. O poster de um lobo com um grade X vermelho em cima colado na parede, também falava por si.

- Achas que... 

- Eles são caçadores? - Completei. - Tenho a certeza.

- Estás completamente certa, Melanie, e vocês estão exatamente onde vos queríamos. Na boca do lobo.

San Francisco • 5SOS → Lobisomens ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora