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Melanie

Tinha o coração nas mãos. Desde pequena que gosto do mundo sobrenatural. Qualquer coisa que esteja relacionada com o assunto me fascina. Fantasmas, vampiros e, claro, lobisomens sempre me despertaram interesse. No entanto, como não havia provas em como eram reais eu apenas os podia imaginar com o aspeto que tinham na televisão, nas séries e nos filmes. Fantasmas que passam por nós sem repararmos, deixando-nos ver através da sua transparência. Vampiros muito pálidos de olhos vermelhos e dentes brancos afiados. E lobisomens fortes, bonitos, mas ameaçadores. Apesar de todo o fascínio, no fundo, eu sabia perfeitamente que tais criaturas não existiam e eram apenas produto da imaginação de alguém, criaturas que eu acabei por também imaginar à minha maneira. Nada me tinha preparado para este dia.

Noite de Lua Cheia. A primeira desde que descobri que o mundo sobrenatural – pelo menos no que diz respeito a lobisomens, - existe.

Ontem, antes do fim das aulas, Megan tinha-me puxado juntamente com Katherine para a casa de banho feminina mais próxima deixando os nossos amigos confusos a olhar para nós.

- Amanhã é Lua Cheia. – ela afirmara. Katherine confirmou com a cabeça. – O que fazes tu nas noites de Lua Cheia, Kath?

- Bem, em todas as noites de Lua Cheia a alcateia à qual eles fazem parte reúne-se na casa de alguém. Um dos lobisomens mais velhos faz um discurso que eu já ouvi demasiadas vezes. Ele continua a fazê-lo porque ajuda os lobisomens, fá-los perceber que não estão sozinhos e que eles próprios têm poder, que podem superar a própria Lua. É como um discurso motivador. – explicou. – Depois disso, despedem-se e cada um vai para o sítio onde se sente mais seguro porque eles acreditam que quanto mais seguros se sentem mais fácil é sobreporem o poder da Lua com a sua força de vontade. Alguns vão para casa, outros para a floresta e outros para a praia. Depende de cada um.

- Kath... Eu não sei quanto à Melanie, – Megan olhou para mim. – Mas eu quero ajudá-los amanhã.

- Agora que falas nisso é que penso no assunto. – confessei. – Eu também quero ajudar, Katherine.

- Não têm de o fazer. – murmurou. – Eles não ficariam zangados.

- Nós sabemos que não. Mas é como uma obrigação. Tenho a certeza que sentes o mesmo, Katherine, somos amigos queremos ajudá-los.

- Exato, fazer tudo o que pudermos, mesmo que não seja muito e pelo menos estar lá para eles.

E foi assim que acabamos as três à porta de casa de Luke e Lydia onde hoje se reuniam os lobos.

- Kath, achas que os outros membros da alcateia não se vão importar por nós, duas humanas, estarmos aqui?

- Eu também sou humana ou já te esqueceste.

- Mas eles conhecem-te desde que nasceste e os teus pais já ajudavam antes. Nós caímos aqui de para-quedas.

- Eles não se vão importar. Vocês não sabem, mas eles já falaram sobre vós, o resto da alcateia sabe quem sois e que estais informadas à cerca do assunto dos lobos. Não se preocupem.

Ela bateu à porta sem nos dar oportunidade de pensar no assunto. Uma senhora loira e com um sorriso simpático abriu-a.

- Olá, Liz. – Katherine cumprimentou.

- Olá, querida. Oh, vocês devem ser a Megan e a Melanie. Chamem-me Liz, sou a mãe da Lydia e do Luke. Quem é a Melanie?

- Hum, sou eu.

- Então tu és a Melanie. A rapariga da qual o meu filho não consegue parar de falar. – corei e Liz piscou o olho. – Entrem.

***

Já tínhamos sido apresentadas à maior parte da alcateia. Agora, os lobos estavam reunidos na sala para o discurso do qual Katherine nos tinha falado. Megan e Katherine estavam com eles. Eu estava na cozinha com Liz a beber um chá de camomila.

- És uma rapariga corajosa, Melanie, tanto tu como a Megan.

- Porque diz isso?

- Descobrir que os vossos amigos são lobisomens, criaturas da imaginação, não é uma coisa fácil. Quando descobri que o Andrew era um deles nem o queria ver à frente. Foi um tempo difícil.

- O Luke contou-me.

- Eu estava grávida e o que me magoava mais é que se eu não tivesse ficado grávida do Ben, talvez ele nem me tivesse contado tão cedo. Não falei com ele durante os nove meses de gravidez, proibi-o de acompanhar os primeiros meses daquele que é o seu filho mais velho.

- Teve o direito de o fazer. Eu reagiria da mesma maneira, se não pior.

- Mas não reagiste, pediste tempo para pensar, uma semana, Melanie, pouquíssimo tempo. Viste que também eles sofriam com o teu afastamento e fizeste o possível para ver as coisas do seu ponto de vista. Compreendeste que para eles era um assunto delicado, que precisava de confiar e de estar preparados para contar.

- Mas eu não estava grávida, não havia a possibilidade, a incerteza, de não me contarem nada se não fosse por um bebé, Liz. Foi mais fácil para mim.

Liz sorriu calorosamente e agarrou a minha mão por cima da mesa: - Diz-me, Melanie, tu e o meu filho namoram?

Corei e abanei a cabeça: - Não, somos só amigos.

- Pensei que por esta altura o Luke já te tivesse tornado namorada dele. Nunca o vi tão encantado por alguém como está por ti. Os olhos dele brilham quando se fala em ti e um sorriso enorme estende-se pela cara dele. Contigo acontece o mesmo quando o assunto é ele.

Corei ainda mais e Liz soltou uma pequena gargalhada. Era bom falar com alguém que, a um certo ponto, passou pelo mesmo que eu e consegue continuar num casamento feliz.

- Sabes o que te digo. – abanei a cabeça. – Se ele não tem bolas suficientes para te tornar sua namorada, mostra-lhe que, mesmo sendo rapariga, tens mais bolas que ele e torna-o teu.

Gargalhei e Liz juntou-se a mim. Quando Lydia entrou na sala ficou confusa e olhou para nós estranhamente, mas tanto eu como a sua mãe estávamos bem e os seus conselhos fizeram-me pensar porque sim, se ele não tem as bolas suficientes para tornar o que nós temos oficial então eu mostrar-lhe-ei quem tem as bolas na relação.

- Mãe, o que puseste no chá¬? – Lydia perguntou.

- Nada, querida, estamos apenas felizes. Sabes como é. Oh, e prepara-te porque não tarda esta rapariga aqui vai ser tua cunhada e não é por o teu irmão fazer alguma coisa por isso.

Ri ainda mais, apesar do rosado nas minhas bochechas e pisquei o olho a Lydia. Também ela sorriu e eu estava tao feliz ali, também me sentia em casa e tive mais certezas que nunca que Luke era, sem dúvida, o rapaz certo para mim, pelo menos neste momento e isso é tudo o que importa.

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