--ZAYN--
Fui acordado de madrugada – oito da manhã num sábado para mim era madrugada. Zedd me obrigou a ajudá-lo a arrumar a casa para a chegada de Trisha, o que achei desnecessário, a diarista tinha vindo há três dias atrás, mas como não dava para discutir com a fixação por limpeza do meu gêmeo, não tive muita escolha.
As onze horas tudo estava impecável, dava para comer no chão.
— Agora se me der licença vou voltar para minha cama.
— Espera, eu vou fazer o almoço agora. Não quer me ajudar? — parei no começo da escada e o encarei com uma cara cética. — É, você tem razão, você só ia me atrapalhar — ele sorriu inquieto e olhou para o relógio pela milésima vez.
— Posso te fazer companhia enquanto você cozinha — sugeri. Ele soltou um sorriso aliviado e concordou.
Zedd preparou um tipo de risoto vermelho, filé mignon grelhado ao molho de madeira, uma salada fresca que eu não entendi muito bem o que tinha e de sobremesa mousse de blueberry. Quando tudo estava pronto, era quase duas da tarde e nada da Trisha chegar.
Por mim não precisava aparecer nunca mais, mas pelo Zedd, eu contava os segundos. Apenas queria tirar aquela agonia do rosto dele.
Quando nós menos esperávamos, ouvimos a porta principal ser aberta. Zedd correu para recebe-la, já eu custei a me arrastar até a sala.
Lá estava ela, uma mulher de quarenta anos que parecia ter trinta, graças as diversas plásticas no rosto que a deixavam inexpressiva e apática. Usando roupas e joias de grife bem caras por sinal, não condizia em nada com o que dizia ganhar. Trisha era advogada e era associada numa firma em Manchester. Zedd e eu vivíamos com conforto, mas algo me dizia que ela vivia muito melhor lá.
— Como você está querido? — ela perguntou sorrindo, Zedd a abraçava quando cheguei na sala.
Fiquei há alguns metros de distância de braços cruzados torcendo que aquilo tudo acabasse logo.
— Tá tudo bem, nós estamos bem. — respondeu se afastando dela.
Trisha me olhou como se me cumprimentasse, eu não ia abraça-la, algo que parecia ser um alivio para ela. Minha impressão era que Trisha só vinha nos ver por obrigação, algo que uma "boa" mãe faria.
— Vocês estão tão grandes! Oh, estão quase adultos. — percebi um certo desgosto em seu tom.
— É! Quem sabe da próxima vez que nos visitar, já somos maiores de idade e você pode, finalmente, se ver livre de nós — soltei.
Zedd me olhou suplicando para não começar a discutir.
— Bom, eu trouxe presentes! — ela ignorou minhas palavras apontando para as sacolas de lojas de grife na porta.
O almoço foi uma tortura a parte, pelo menos eu podia ficar feliz pelo Zedd. Eles passaram quase meia conversando sobre os assuntos mais aleatórios possíveis. Ela perguntava como estávamos na escola, mas dava para perceber que ela não ligava de verdade. Quando a escola disse que nós pularíamos três séries, Trisha não foi a favor, mas com Karen insistindo, ela acabou cedendo.
Já estávamos comendo a sobremesa quando Zedd deixou escapar algo sobre algum garoto que tinha saído. O assunto morreu ali, Trisha sempre ficava impaciente quando o assunto caia na sexualidade do Zedd. Eu tinha consciência que ela era homofobica, mas por algum motivo ela simplesmente ignorava.
Tinha jurado a mim mesmo que não puxaria assunto com a bruxa má, mas Zedd estava quase chorando. Ele tinha quebrado a regra mais básica com Trisha: não mencionar o fato de ser gay.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dangerous Connection - Ziam/Ziall
Mystery / ThrillerZedd e Zayn Malik são gêmeos idênticos com uma conexão intensa. Às vésperas de completarem quinze anos, uma simples troca de ponto de vista transformará essa relação em algo totalmente novo e perigoso. Zayn enfrentará mudanças em seu mundo até...