Dangerous Connection - Ziam/Ziall

Capítulo 25 - Brillant Minds

Estava com alguns amigos na praça de alimentação mais perto do campus de medicina. Dividia minha atenção com eles e um livro de autópsia de um médico-legista japonês, um dos melhores do mundo. Em certo ponto Sandy contou uma piada que fez toda a mesa rir, inclusive eu.

Houve um silêncio, que fez com que eu tirasse os olhos do livro e olhasse para todos.

– Quê? – perguntei enrugando a testa.

– Você ao menos ouviu a piada? – Sandy questionou me fuzilando, ela ficava irritada quando não tinha toda atenção de todos. – Só fica como o nariz enfiado nesse livro.

– "Deveríamos trocar o apelido do Boca de Para-Choque, por Mindinho, dizem que ele tem um pênis minúsculo" – citei suas palavras. – E Mindinho é um ótimo apelido para o William, agora que tirou o aparelho não faz mais sentido chamá-lo de Boca de Para-Choque – comentei voltando a ler mais um pouco.

– Como consegue prestar atenção na gente e nesse livro ao mesmo tempo? Você me dá raiva às vezes, Malik! – um outro amigo disse bufando.

Eu só ri e fechei o livro, tinha terminado de ler. Nem eu sabia como conseguia, às vezes tinha que fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo, se não ficava entediado – sexo era a única exceção.

Olhei pro relógio no meu pulso e levantei.

– Vamos? – incentivei, ninguém pareceu entender – Professor Bearhot enviou um e-mail pedindo que o encontrasse no hospital, ala seis. Vocês não receberam? – eles negaram.

– Sabia! Bearhot é afim de você, talvez ele queria te dar crédito extra... – o namorado da Sandy insinuou ondulando as sobrancelhas, era incrível como ele era parecido com ela, almas gêmeas, literalmente.

– Se for verdade, nem vai. – Dio disse rápido, fazendo cara de terror. – Não preciso te lembrar do namorado que você tem! E que ele ainda anda armado?

Todos meus amigos o temiam. Meu namorado era um dos policiais que patrulhavam o campus de Oxford. Já havia passado mais de um ano e meio desde que entrou para a corporação, e um ano e meio fazendo a vida dos universitários mais difícil. Ele inclusive tinha acabado com um esquema de venda de drogas ilícitas e remédios controlados nos seus primeiros cinco meses. Sentia tanto orgulho dele! Ele havia escolhido patrulhar aquela região, porque assim poderia ficar de olho em mim.

– Vocês estão viajando, Bearhot pode sentir muitas coisas por mim, mas atração sexual não é uma delas. – Arrumei minhas coisas. – Valeu Kary, já terminei, é muito bom – falei entregando o livro para a garota ruiva na mesa.

– Mas já? Te dei não faz nem três horas! – ela exclamou chocada quando já estava me afastando, o livro devia ter quase trezentas páginas.

– Viu!? Te odeio Malik! – o mesmo cara de antes gritou fazendo a mesa rir.

Nesse último ano havia me tornado o melhor aluno do meu nível, talvez um pouco além, mas não gostava de me gabar. As pessoas já me olhavam torto por me acharem um metido a sabe-tudo, ou melhor, um veado sabe-tudo.

Chegando na ala 6, confesso que senti um arrepio ao encontrar Bearhot sozinho na sua mesa. Era nessa ala onde tínhamos algumas aulas de Anatomia II e Fisiologia I com outra professora, tínhamos contato com corpos e órgãos reais ali. A sala exalava um forte cheiro de alvejante que mascarava o de decomposição, eu já havia me acostumado com ele.

– Professor, queria me ver? – disse parando diante da sua mesa, ele já tinha notado minha presença, mas não tirou os olhos do seu notebook.

Estendeu um caderno de no mínimo quarenta folhas, quando o peguei, vi que era um tipo de questionário.