Dangerous Connection - Ziam/Ziall

Capítulo 11 - Veteran: Daddy's Life

Primeiro capitulo narrado pelo Jensen, é uma extra

—JENSEN—

Sempre que podia eu dava uma espiada pelo espelho retrovisor. No banco de trás meu filho mais velho olhava todo emburrado para a janela, usando toda sua força de vontade para me ignorar. Nem o CD do Queen que tinha acabado de colocar arrancava um sorriso seu – tínhamos o mesmo gosto musical, obvio que pura influência minha.

Dean tinha seus onze anos e por mais que fosse uma cópia fiel minha, tinha a personalidade geniosa e de pavio curto da mãe. Era exatamente por isso que fui chamado na escola para busca-lo depois de uma briga. Dean tinha o lábio cortado, já os outros dois garotos saíram bem piores pelo que pude ver. Intimamente senti orgulho dele, não incentiva meus filhos a violência, mas fiquei satisfeito por ele ter ganho. Claro, como pai tenho que lhe ensinar que violência não leva nada. Eu sou um policial, um detetive da divisão de homicídios da polícia de Wolverhampton, autocontrole tinha que ser meu segundo nome.

Ensinava Boxer ao Dean nas horas vagas, e também ao meu caçula, Kevin, que já demonstrava interesse no esporte, e ele só tinha quatro anos. Também tentava ensinar alguma autodefesa para minha filha mais velha, mas não tinha jeito, como qualquer adolescente, só queria saber de garotos e roupas que eu não podia pagar. Ficava satisfeito apenas por saber que ela levava spray de pimenta em sua bolsa.

— Vai ficar com essa cara arramada até quando? — perguntei quando já estávamos chegando em casa.

— Até quando eu quiser! — disse atrevido me olhando de esguelha.

Em qualquer outra situação sua malcriação não passaria em branco, mas dessa vez ignorei, Dean chegou a suspirar de alivio quando percebeu que eu deixaria passar. Confesso que a bronca que lhe dei mais cedo foi mais dura que o necessário.

Depois que aquela nota saiu no jornal da cidade, minha vida se tornou um pequeno inferno, isso eu poderia aguentar. Mas não queria que isso respingasse nos meus filhos. Sempre guardei para mim minha bissexualidade, e depois que conheci minha ex mulher, minha primeira namorada e amor, o desejo por homens ficou esquecido. Eu já estou quase na casa dos quarenta, viúvo e com três filhos para criar, esse não deveria ser o cenário perfeito para me encontrar totalmente apaixonado por um homem. Mas vida é assim, e confesso que quanto mais complicado, melhor.

Meu romance com Jared se expandiu assustadoramente até chegar ao ponto que tinha que vê-lo todo dia, tocá-lo todo dia, porque sem isso eu me sentia como um viciado em abstinência. Posso dizer que nosso único erro foi não prever o que a ex noiva do Jared era capaz. Ela fez uma publicação maldosa e mentirosa sobre nós no jornal da cidade, com intuito de não só nos humilhar publicamente, como colocar em dúvida minha credibilidade como detetive e a dele como advogado. Como se ser gay me fizesse menos competente. Nunca quis poder bater em uma mulher como quis bater nessa maldita.

As primeiras semanas na delegacia foram terríveis, eu já não era muito querido ali, pois em menos de seis meses que havia sido transferido de Londres, resolvi mais homicídios que outros detetives resolveram em uma década. Stana, minha parceira, era a única que não me julgou, que ficou do meu lado. Ela era uma das únicas detetives mulheres do departamento, o tipo de mulher autossuficiente em relação a homens, o que fez o começo da nossa parceria bem dura. Saber que estou com outro homem pareceu a deixar mais confortável e mais aberta a conversas pessoais.

Assim que parei na frente de casa destravei as portas, só para ver meu filho sair do carro e bater à porta com tanta força que julguei que a quebrou.

— Dean, volta aqui! — ele parou imediatamente, mesmo de costas sei que ele engoliu em seco.

Caminhou até mim enquanto eu o olhava severamente.