Câmera lenta, foco, luz, corredor.
Andar entre paredes não ousando derrubá-las,
nem ultrapassá-las ou transpô-las fisicamente.
Aquário, remédio, flash back.
Descobrir cartas
devolvidas entre outras,
entre palavras
ilegíveis em blocos
de frases perdidas.
Cenário, nu, preto e branco.
Caminhar para outro lugar,
um lago de mármore,
oxigênio sintético.
Simetria, sinistro.
Todos os objetos do cômodo
são muralhas cinzentas de aprisionamento.
Um vaso faz chorar,
lençol, camisa de força.
A tristeza pesa no corpo.
Conspiração gravitacional
do tapa que desmoraliza,
o murro na boca do estômago.
O teu chinelo foi roubado,
A cama desfeita, os cabelos crescem
e lhe personificam, lunático.
Impossível fugir dos espelhos,
a voz alta toque do telefone,
o frio na espinha.
Tomada final, take, destino.
Interpretar a si mesmo.
Não se saber personagem,
nem reconhecer as ultimas conquistas.
Correio, coito, canção.
Não entender o fim da historia,
claustrofobia, medo de gente, de rua vazia.
Tendo a doença da noite mal dormida,
morte homeopática,
sem rimas, sem "casting",
triste sem querer...
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Um Objeto Quando Esquece
PoetryMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...