Foi porque comecei bem antes...
Quando você era ainda um punhado
de possibilidades e hipóteses
E os teus cabelos que nem existiam assim, fio-a-fio,
compunham um emaranhado e um enrosco na boca,
pois, qualquer coisa maior que a primeira sílaba
do teu nome, soava estranho nas inúmeras
repetições treinadas.
Mas quando você partiu, juntou-se ao batalhão de
todas as mulheres que me deixaram, aonde na linha de frente iam as minhas suicidas.
Assistindo a marcha, invejosas,
ficavam as mulheres que eu deixei.
Aí... Quando você foi, olhou pra trás, sorriu...
Permaneci por isso, vendo o canto da tua boca,
Fui com isso através do seu vácuo.
Num rastro disperso e descrente de quem não sabe mais onde mora.
Era assim, porque nesses tempos eu andava
perpendicular a barreira dos próximos
trinta anos que eu viveria.
Vivendo à sombra de todos os
homens que eu poderia ser.
Mas quando sua presença tomou contornos claros,
e os teus olhos se apresentaram escuros, nítidos...
Apaixonei-me com a força de todos os meninos que não fui, acompanhado de todos os exageros possíveis.
Porque quando você surgiu ainda numa sombra,
sem que eu soubesse a mulher que você se tornaria,
já me sentia assim... propenso, inclinado, já no meio de uma queda que era tanto por sua culpa quanto
uma queda assim declamada,
num gesto explicito, pra você.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Objeto Quando Esquece
PuisiMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...