Poema II

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Foi porque comecei bem antes...

Quando você era ainda um punhado

de possibilidades e hipóteses

E os teus cabelos que nem existiam assim, fio-a-fio,

compunham um emaranhado e um enrosco na boca,

pois, qualquer coisa maior que a primeira sílaba

do teu nome, soava estranho nas inúmeras

repetições treinadas.

Mas quando você partiu, juntou-se ao batalhão de

todas as mulheres que me deixaram, aonde na linha de frente iam as minhas suicidas.

Assistindo a marcha, invejosas,

ficavam as mulheres que eu deixei.

Aí... Quando você foi, olhou pra trás, sorriu...

Permaneci por isso, vendo o canto da tua boca,

Fui com isso através do seu vácuo.

Num rastro disperso e descrente de quem não sabe mais onde mora.

Era assim, porque nesses tempos eu andava

perpendicular a barreira dos próximos

trinta anos que eu viveria.

Vivendo à sombra de todos os

homens que eu poderia ser.

Mas quando sua presença tomou contornos claros,

e os teus olhos se apresentaram escuros, nítidos...

Apaixonei-me com a força de todos os meninos que não fui, acompanhado de todos os exageros possíveis.

Porque quando você surgiu ainda numa sombra,

sem que eu soubesse a mulher que você se tornaria,

já me sentia assim... propenso, inclinado, já no meio de uma queda que era tanto por sua culpa quanto

uma queda assim declamada,

num gesto explicito, pra você.

Um Objeto Quando EsqueceOnde histórias criam vida. Descubra agora