Sem saber da existência do fantasma
de Gene Kelly, permaneço abaixo de gotas
que nem desconfiam de ritmo ao cair e explodir
na testa franzida.
O escuro, o silêncio, são todas formas,
são vidas esquecidas.
Uma mulher esperava na sala,
roubava-me a paciência,
mastigava consciências e fazia bolas azuis de chicletes.
Um abajur a olhava, a luz tinha gosto de hortelã.
Alguns quadros eram pintados,
e visões mudas eram ignoradas,
um grito necessitava ser gritado,
ganhava uma complexidade orgânica,
e tinha a altura como fundamento.
Noutro canto a alegria temia sua denúncia,
mas os tecidos mais que células,
evoluções menores que os órgãos esperavam,
esperavam as conquistas humanas,
o estigma das máquinas.
Mas a noite chegava, jamais faltava,
rios de culturas gastronômicas nos ligavam
ao oriente, gotas de Samurai despencavam do ar.
Cada susto aguardava por de trás da porta.
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Um Objeto Quando Esquece
PoetryMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...