Os movimentos dos braços finos e brancos
Chamaram-lhe à atenção.
Enquanto aflitos passavam as
compras pelo caixa registrador.
O olhar furtivo-preocupado com o
crescimento da fila
e com a presença dele a lhe observar.
Deram-lhe a certeza do contato.
Tentou disfarçar o encantamento
Com o pescoço igualmente fino e branco.
Os cabelos curtos e escuros junto aos cílios
contrastavam a tudo o que nela era claro e lindo.
O uniforme do supermercado que
nos outros era démodé.
Nela era decote.
O relógio que nos outros era pressa,
Nela era jóia.
O Cálculo da compra frente a ela,
virou investimento.
O troco e o "volte sempre",
foi intimidade conquistada.
Ensacou as compras e foi embora.
A tarde foi triste...
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Um Objeto Quando Esquece
PoezieMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...