Homem jovem a sua janela

3 0 0
                                    


A rua não sabia que era espiada,

nem o parapeito era usado num quase salto,

num sobre-salto sobre as pretensões

possíveis do quarto.

Os prédios e toda a geometria

da esquina não suspeitavam

Atrás do Homem na Janela um poema

aguarda seu fim,

alguém lá dentro retrata tudo o que é de fora,

o que não pertence ao Homem,

tudo o que é rua e paisagem na real

composição de quem observa e

constrói o movimento e o estático.

Atrás do Homem um corpo que acorda que agoniza

ou não reclama mais a sua vida.

No entanto a calma de quem está na janela

é a de quem logo descerá à rua,

e irá pegar o pão fresco na padaria,

ou o jornal que ainda não

anunciou o homicídio.

Enquanto o Homem permanece à janela

não permite que a morte seja algo maior

do que os seus trabalhos noturnos.

Não surgirá por enquanto a falta.

Por enquanto ainda não se deu

o atraso no trabalho,

e todas as pretensões daquele cadáver

ainda aguardam

suas realizações.

O Homem à janela mantém as

mãos sujas guardadas nos bolsos,

e a face lânguida incapaz de voltar-se a cena do quarto

observa a esquina e a mulher de vestido.

Tenta alcançar as impossibilidades

de um assassino,

enquanto, bem menos possíveis

dois olhos mortos

vividamente estáticos

o observam da cama...

Um Objeto Quando EsqueceOnde histórias criam vida. Descubra agora