E como se eu já nem lembrasse de
desafios brancos de construções acinzentadas,
ia me assustando com as reminiscências do Vesúvio.
Junto de passos e barulhos de esqueletos
sobre o telhado, percebia uma sensação
conjunta ao esquecimento, o espanto-surpresa.
Mesmo assim eu já nem lembrava mesmo
de uma certa hora noturna e silenciosa,
de atitudes e postura invencíveis a qualquer sono.
Voltava então a sofrer com a idéia ainda
mais invencível e mortal.
Tomava-me nos olhos aquele modo de estar sozinho e
todos os fingimentos necessários.
Instalava um primeiro contato com a folha,
movia substancias química e resquícios de
superstição num primeiro rabisco.
Alguns círculos e semi-retas,
letras maiúsculas estrategicamente
montadas para iniciar futuras estrofes.
Mas numa curva que se dobra mais e não capota, os meus rabiscos tomavam uma importância demasiada, tinham jeitos de coisas propositais,
mesmo não possuindo a inocências das coisas tortas por natureza.
Assim as horas passavam... e no suspense de eu
decretar a qualquer momento um ponto Final.
cada caractere, cada rabisco, ganhava novamente
a importância absurda que cerca um ultimo suspiro.
Nessa meia benção, meio maldição,
por noites voltava a este poema.
Mantinha uma desconfiança de não ter nada a dizer,
e sofria com calafrios de outras palavras
que só aos poucos se revelavam num poema
metódico e homeopático.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Objeto Quando Esquece
PoetryMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...