As Horas

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Não havia um, mas era enfim o propósito,

falar da noite e de tuas horas.

Trocar a solidão da TV pela fraqueza do rádio,

chegando a regressiva solidão dos livros.

Demorava-me a entender e

apegar-me aos personagens,

ou eles demoravam-se nas minúcias do realismo.

Continuava o propósito de ver na noite certa ligação

com as horas seguintes, as horas que eram os anos,

os anos cansados e furtivos.

Havia então algo que eu fazia de propósito,

mas no clarão da noite não dormida,

não havia propósito algum.

A vida não se apresentava em duas pontas ligadas,

e nem ao meio desta,

alguma corda ameaçava quebrar-se.

Um Objeto Quando EsqueceOnde histórias criam vida. Descubra agora