Não havia um, mas era enfim o propósito,
falar da noite e de tuas horas.
Trocar a solidão da TV pela fraqueza do rádio,
chegando a regressiva solidão dos livros.
Demorava-me a entender e
apegar-me aos personagens,
ou eles demoravam-se nas minúcias do realismo.
Continuava o propósito de ver na noite certa ligação
com as horas seguintes, as horas que eram os anos,
os anos cansados e furtivos.
Havia então algo que eu fazia de propósito,
mas no clarão da noite não dormida,
não havia propósito algum.
A vida não se apresentava em duas pontas ligadas,
e nem ao meio desta,
alguma corda ameaçava quebrar-se.
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Um Objeto Quando Esquece
PoetryMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...