Sozinho na casa, a sala.
Luz apagada, copos à frente
e sem saber de quem eram aqueles objetos,
ou como tinham chegado ali.
Às vezes observava um aquário,
me sentia Deus ou um fazendeiro d água.
Durante o silêncio da televisão sentia
a solidão dos outros cômodos.
Sabia do enjôo que me esperava ao
debruçar as janelas, o vento no rosto
e a rua despretensiosa e desconhecida.
Falsamente silenciosa, me chamando
por meios mudos e quietos.
E mesmo se eu saísse à rua e tornasse meus passos os mais rápidos possíveis pra pouco permanecer em algum lugar, ouviria (ainda que de longe),
em um baixo volume, o choro das casas e
quartos, vazios e impraticáveis.
Coberto, forrado, entupido de pensamentos
que me forçavam a andar.
Permanecia no meio-fio,
a cada passo andando sozinho na rua
obtendo uma tamanha serenidade que
só me deixava mais ansioso e inquieto.
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Um Objeto Quando Esquece
PoetryMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...