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Quando acordei, tudo que conseguia fazer era olhar para o teto e esperar. Eu sei que não há jeito de escapar, e sei que meus pais vão viver muito bem com a recompensa, mas pensar em ficar longe deles por tempo indeterminado me assusta mais do que conhecer a família real.

Levantei e fui até a cozinha, minha mãe estava preparando panquecas e meu pai, sentado em uma das cadeiras, lendo o jornal e esperando seu café. Temos uma paixão por panquecas.

– Bom dia, meu amor – minha mãe falou um pouco desanimada.

– Bom dia – respondi e sorri, mais para as panquecas do que para qualquer outra coisa.

– Como está se sentindo? – meu pai perguntou, abaixando o jornal e me dirigindo um sorriso.

– Tudo bem por enquanto, pai. E as notícias? – perguntei, sentando na cadeira ao seu lado.

– A mesma coisa de sempre, a vila está pobre demais, minha filha – ele respondeu e assenti.

– Preparou suas malas? – minha mãe perguntou. Ela virava as panquecas na frigideira e meu estômago gritava.

– Pretendo começar assim que terminar de comer. Quer me ajudar? – perguntei.

– Claro que sim. Espero te ver novamente em breve – seu olhar entristeceu e seus olhos encheram de lágrimas.

– Não, mãe. Por favor, não vamos chorar. Vai ser uma coisa boa, e vamos nos ver de novo, não se preocupa. – Falei, tentando animá-la, e o máximo que consegui foi um sorriso fraco.

Na hora de arrumar as malas foi complicado, eu não sabia o que levar, não sabia a quantidade. Concluí que certamente eu usaria uniformes, mesmo assim decidi levar a maioria das minhas roupas, que não eram muitas, separei também minha escova de dente e cabelos, dois pares de tênis e dois dos meus livros favoritos.

Minha mãe conseguiu organizar tudo dentro de duas mochilas, que deixamos separadas no chão da sala.

Fui para a sala, meu pai estava sentado no sofá, com a postura reta, olhando para a TV em frente à ele. Quando me viu entrando, abriu um sorriso para mim. Sei que estava tentando ser forte, esse é sempre seu papel.

– Eu vou sentir sua falta, minha filha – ele falou de repente. Sentei ao seu lado e o abracei.

– Vou sentir sua falta muito mais, meu pai – fechei os olhos pesadamente, tentando impedir as lágrimas de cair e o senti me abraçando.

Nesse momento, escutamos alguém batendo na porta e nos entreolhamos, ele me soltou e levantei para abrir a porta, secando as lágrimas com o polegar.

Hesitei por um momento antes de abrir, mas eu sabia que era pra mim.

– Boa tarde – disse um homem do lado de fora, vestido com uma roupa social azul marinho e detalhes dourados, a cor do reino. Atrás dele, um segurança grande e sério demais. Minha mãe apareceu na porta da cozinha, com um olhar triste, e meu pai levantou-se, ficando de pé ao seu lado.

– Boa tarde – respondemos, mas não ao mesmo tempo e o garoto sorriu, e que sorriso!

– Meu nome é Justin. Vocês devem ser a família Gomez e imagino que saibam o porquê de eu estar aqui – ele disse, com um olhar ressentido.

– É... Nós sabemos. Meu nome é Selena, esses são meus pais, Mandy e Ricardo. – Apresentei calmamente, ele afirmou.

– Eu sinto muito – ele dizia e eu quase podia ver a sinceridade em seus olhos cor de mel – Selena, pode vir comigo?

Meu corpo estremeceu, dei as costas para Justin e fui em direção aos meus pais, abracei os dois e ficamos assim por um tempo, meu pai me beijou na testa e minha mãe me abraçou mais uma vez. Peguei as mochilas no chão da sala, uma em cada mão e segui em direção à porta.

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