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Bati na porta do quarto do príncipe, e alguns segundos depois ele abriu. Sua aparência estava totalmente diferente da que vi ontem. Seu cabelo estava bagunçado, não estava usando sua coroa e estava vestindo apenas calças. Tentei impedir minha mente de pensar em seu corpo definido, mas não consegui.

– Olá – ele disse e abriu um sorriso – Seja bem vinda, Selena.

– Obrigada, príncipe Franklin – falei e dei um sorriso nervoso.

– Ah, por favor! Eu odeio esse nome, me chame de Frank. Pode entrar, coloque a bandeja em cima da mesa ao lado da minha cama – ele falou, abrindo espaço para que eu entrasse, entrei e ele veio logo atrás de mim – Como é o seu primeiro dia, vou te explicar umas coisas, espero não ter que explicar de novo.

Coloquei a bandeja em cima da pequena mesinha ao lado de sua cama de casal enorme e bagunçada e voltei para perto da porta. Seu quarto era enorme, provavelmente maior que minha casa, uma das primeiras coisas que notei foi a enorme estante de livros em uma das paredes, mas ele não pareceu notar.

– Bom, todas as manhãs você traz meu café, não precisa bater na porta, pode entrar. – Ele falou e percebeu que arregalei os olhos em espanto – Fica tranquila, não vai se deparar com situações constrangedoras, sei o seu horário. E, Selena, não quero que se sinta nervosa sobre mim, sou um príncipe mas não quero que pense em mim como um. Aliás, sou muito diferente do meu pai. Qualquer coisa que eu precisar, ligo no seu quarto ou peço para Justin te procurar.

Quando ele citou o nome de Justin, me perguntei se ele também trabalharia para o príncipe, mas resolvi não perguntar em voz alta.

– Obrigada, Frank. Fico aliviada em saber, com todo o respeito pelo seu pai – respondi e ele riu.

– Tudo bem. – Ele falou e sorriu.

Quando voltei para a cozinha, alguns dos empregados estavam sentados em uma grande mesa de madeira, tomando seu próprio café da manhã, Ariana estava entre eles e com um gesto, me chamou para comer. Meu estômago estava revirado, não conseguia pensar em comer, eu estava a ponto de explodir naquele lugar, queria voltar para casa. Neguei o convite para Ariana e, pela porta da cozinha que dava para o fundo do castelo, fui até o jardim e sentei em um banco. Coloquei meu rosto entre minhas mãos e lágrimas surgiram, quando ouvi passos atrás de mim. Levantei a cabeça pensando que poderia ser Ariana, e Justin estava parado atrás de mim.

– Selena – ele começou, e sentou ao meu lado – eu sei como você se sente. Todos que estão aqui já passaram por isso, mas você precisa levantar a cabeça e seguir em frente.

– Por que está fazendo isso? – falei baixo, tentando conter o choro.

– Porque, de alguma maneira, me importo.

– Eu mal te conheço – falei e ele deu de ombros – como você consegue?

– O que?

– Estar aqui todos os dias, sabendo que sua família está por aí em algum lugar e você não sabe quando vai vê-los novamente – falei, contendo as lágrimas.

– Eu não tenho família – ele falou, calmo – minha mãe trabalhava aqui, e estava grávida. Nasci aqui, no reino, e ela morreu após o parto.

Congelei quando ouvi isso, eu estava tão chateada por estar longe da minha família, mas pelo menos eu tenho uma.

– Eu sinto muito, Justin.

– Está tudo bem.

– Você nunca morou fora do castelo? – perguntei – pra quem você trabalha?

– Sempre morei aqui. Só estou aqui por causa da rainha, porque se fosse pelo rei, eu estaria morando na rua – ele disse. – Eu treino o Frank, somos quase irmãos, na verdade. Ensino basquete, luta, todas as atividades físicas.

– Imagino que seja legal.

– Sim, ele é um cara legal – Justin sorriu.

Justin me contou que tinha seu próprio quarto no castelo, pois não contava como um empregado. E também me contou que quem trabalha diretamente para o príncipe, para a rainha ou para o rei tem certos privilégios, como quartos melhores.

– Então, quer dizer que meu quarto e da Ariana é diferente de todos os outros? – perguntei.

– É claro que sim! – ele disse – posso te mostrar o castelo, quando tiver uns minutos.

– Seria ótimo. Infelizmente, tenho que ir agora.

– Tudo bem, te procuro mais tarde.

Pelo resto do dia, aprendi todo o trabalho que eu precisava fazer, e sinceramente não era tanta coisa assim. Coisas básicas como arrumar o quarto de Frank, trazer as roupas limpas, passar, guardar e organizar os horários dele.

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