Entrei em casa, que por sinal não estava muito arrumada.Rose devia ter saído.Vou até a cozinha e arrumo algo para comer.Praticamente devoro a comida.Bebo um copo de suco às pressas e começo a lavar as louças.
Ainda não tínhamos acabado de arrumar a mobília por completo, então fui adiantar as coisas.
Desembrulho as almofadas e tiro o plástico bolha dos sofás e da poltrona, e posiciono-os de acordo com o lugar onde a televisão está.Tiro os quadros das caixas e as coloco em algumas paredes.
Faltava o meu quarto, subo correndo e começo o mesmo processo, desembrulhar e depois guardar. Coloco os livros na estante, que está um pouco velha e parece que a qualquer momento irá cair. Não tenho muita coisa, então não foi difícil. Reparo em uma caixa perto da porta, e me aproximo para abri-la, tinha um papel colado na lateral, ajoelho para vasculhar o que havia ali.
A campainha toca.-Já vou. - grito.
Era Rose, cheia de sacolas nas mãos. Minha tia, que me criou desde pequena. Não sei bem o que aconteceu com meus pais,Rose não gostava de falar sobre o assunto, sempre me dizia que na hora certa eu iria saber. Fico me perguntando se essa hora irá realmente chegar algum dia.
Às vezes ela comenta algo sobre minha mãe, diz que era uma boa pessoa e não tinha culpa de nada. Não tenho foto ou nada que os tenha pertencido. Isso incomoda um pouco. Eu nem ao menos lembro de como era o rosto dela.
Tenho alguns flashes de memória, curtos, mas que me dão a chance de imaginá-los.-Você é igualzinha a ela - Rose diz, enquanto acaba de tirar as compras das sacolas.
Não tinha percebido que ela já havia entrado e que já estava na cozinha tagarelando algo que talvez tenha a ver com o super-mercado ser longe ou algo do tipo.
-Quem? - pergunto,ela sempre falava demais, o que era bom, por que eu não sou muito de conversar, então ela fala por mim também.
-Sua mãe, ela ficava assim as vezes. Sabe, em silêncio, olhando para o nada, pensando sei lá o que. - ela dá uma risada triste, o que me faz pensar se ela também não sente falta da minha mãe, a irmã dela.
Rose me encara por alguns segundos, e dá um longo suspiro, com o olhar triste. Não gostava quando ela fazia isso. Acho que ela se culpava por cuidar de mim, toda vez que eu digo a palavra "mãe" ou toco no assunto, ela faz isso. Será que é tão ruim assim falar dos meus pais? Tenho o direito de saber deles, o que aconteceu, por que me deixaram com ela.
-Desculpe -digo, vendo que ela ainda me encarava.
-Não se culpe tanto Cora, e também não pense tanto, vai acabar doente assim, você não tem culpa de nada. - ela dá uma risada amarga, cheia de dor e sofrimento e vai para a sala.
Acabo de guardar as coisas no armário, quando Rose grita da sala.
-Uau!Parece que você teve bastante tempo hoje a tarde, não deixou nada para mim. Por que você não pode ser uma adolescente normal que deixa tudo pra mim arrumar? - ela ri e senta no sofá, faço o mesmo.
-Só queria adiantar o serviço. - pego o controle e ligo a televisão.
-Não tem nada de bom passando.- Rose reclama- Por que não vai dormir? Já esta um pouco tarde. - ela boceja.
-Estou sem sono, mas você parece bem cansada.
-E estou, já vou dormir, boa noite. - ela se levanta e sobe as escadas lentamente.
-Boa noite.
Realmente não havia nada de bom passando. Então resolvi ver o noticiário.Só notícias ruins,como era o normal.
Quando já estou quase dormindo no sofá, ouço uma voz urgente e desperto, era a mulher do noticiário, quase que gritando. Dizia algo sobre uma guerra, não guerra não. Uma empresa que havia sido destruída, e que dezenas de pessoas, antes da explosão haviam sido mortas, e que não havia sinal algum dos corpos, simplesmente tinham evaporado. A mulher parecia desesperada e alarmada, até que a câmera que a filmava cai, então a tela fica chiando por alguns minutos, então a energia cai.Estava tudo escuro, um breu sem fim. Tento ir até a cozinha, mas começo a derrubar tudo que está na minha frente. Ouço um barulho de alguém caindo, vindo do segundo andar, congelo onde estou. Será um ladrão? Tento abrir a boca para gritar o nome de Rose, mas não consigo.
-Sou eu Cora! Caí da cama, está tudo bem, vou descer! - era Rose, uma onda de alívio me invade por completo.
-Tudo bem. - digo, deixando transparecer o alívio.
Rose desce as escadas devagar, com duas lanternas nas mãos, e joga uma para mim, que agarro no ar.
-O que aconteceu? - ela pergunta.
- Acho que ouve uma queda de energia, não sei - digo.
Ela olha ao redor um tanto desconfiada, passa a lanterna pela sala e começa a andar até a porta. Dá uma olhada do lado de fora e volta para perto de mim.
-Foi na cidade inteira, melhor irmos dormir, amanhã já deve voltar tudo ao normal. - ela diz, já subindo as escadas.
Concordo e a sigo.
Alguns minutos depois, adormeço.N/A: Esse capítulo ficou grande, mas foi necessário, muita coisa está por vir.Queria agradecer de novo a todos que estão lendo e comentando, muito obrigado.
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Sem Limite
Fiksi IlmiahLivro original (NÃO É FANFIC). Plágio é crime. Após perder sua memória,Cora é mandada para uma terra que lhe parece conhecida.Ao encontrar Ana começa a descobrir suas verdadeiras raízes.