Capítulo 14

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Meu corpo dizia que eu havia dormido apenas alguns minutos, mas o relógio não mentia, já eram cinco da manhã, ainda estava escuro, mas logo o céu nasceria. A cabeça havia parado de doer, mas meu pescoço dava os primeiros sinais de dor depois do pequeno e quase enforcamento, devia estar roxo, penso.


Rose...


Levanto da cama em um salto e vou em direção ao seu quarto: fechado. Faço um esforço na expectativa que estivesse trancada, mas em vão. Entro e não a encontro, olho no banheiro, desço as escadas e olho a cozinha, varanda, sala e nada de Rose. Talvez ela tenha saído, mas para onde a esta hora?


Volto em seu quarto, a procura de alguma pista de seu paradeiro. Vasculho gavetas e caixas, não havia nada, apenas algumas roupas fora do lugar, devia estar faltando alguns pares de roupas, mas nada que não notasse. Será que ela havia seguido em frente com aquela ideia de mudar-se novamente? Mas e eu? Será que ela seria capaz de me deixar sozinha numa cidade que mal conhecia?


Não, impossível, mas e se...


Desço escada abaixo, em direção a garagem, correndo devido a curiosidade, e ao desespero, não conseguia imaginar Rose abandonando-me, em nenhuma hipótese, ela não tinha motivos para isso, nenhum que me lembrasse no momento e que fosse suficiente para Rose deixar-me.


Hesito antes de abrir a porta que dava para a garagem. Queria acreditar que ela apenas havia dado uma volta e que logo voltaria, mas de alguma forma, lá no fundo, sabia que isso não aconteceria.


Abro a porta e não vejo nada além de caixetas empilhadas no canto da parede. Nenhum sinal do carro que estava ali a apenas algumas horas atrás. Meu primeiro pensamento é sair para procura-la pelas ruas do bairro, mas e se ela retornasse? E se ela realmente estivesse apenas ido dar uma volta? Não queria pensar em outras hipóteses.

Resolvo esperar por algumas horas, minutos na verdade, se ela realmente tivesse saído para dar uma volta, não poderia ir muito longe, mesmo de carro. Conhecia minha tia o suficiente para saber que ela não se arriscaria se perder na cidade.

Os minutos passavam, parecendo durar uma eternidade, cada vez que o ponteiro se movia, eu perdia a esperança. Odiava esperar, e o pior de tudo era que não podia perguntar a ninguém sobre seu paradeiro, ou ao menos contar com a ajuda de alguém. A não ser Ana...

Não, depois do que fizera comigo ontem, não queria pensar nela como uma opção viável para ajudar-me, apesar do fato de conhecer apenas ela por enquanto.

O silêncio predominava, e já não conseguia mais esperar sentada, levantei-me depois  de dez minutos de espera. Estava andando de um lado para o outro, pensando no que fazer, como uma barata tonta...

Como não havia pensado nisso!! Não acredito que não havia pensado nisso antes, é claro que Rose estava com seu celular, é só ligar! Começo a procurar meu celular, até que o acho e disco o número de Rose, um tanto eufórica e perturbada com o fato de não ter pensado naquilo trinta minutos atrás. Estava chamando, atenda por favor.

"Por favor deixe sua mensagem."

-Rose? Tia, por favor me diga onde você esta, atenda, se esta escutando atenda, o que aconteceu? Espero que esteja bem, por favor chegue logo.

Termino a chamada, já estava passando da hora de ir procura-la. Visto uma jaqueta, não podia perder tempo trocando de roupa, pego meu celular e vou para a rua, sei que andando demoraria mais para encontra-la, mas não tinha outro meio de locomoção, nem mesmo uma bicicleta.

Começo a andar mais rápido depois que atravesso o quinto quarteirão, devia ser seis e meia da manhã. Estava chuviscando, nada além de um sereno. Não vejo nenhum sinal de carro ou até mesmo de Rose.

Muitos diriam que eu não deveria sair por aí correndo atrás de Rose, mas algo me dizia que era o certo a se fazer. Seria inconsequente chamar a polícia, com apenas uma hora e meia que ela desaparecera.

Quando vejo, já estou correndo, já devia ter atravessado mais umas cinco quadras, vou em direção ao que parecia ser o centro da cidade. Ainda estava de moletom, mas isso não importava. Pego o celular em meu bolso, oito horas em ponto, algumas pessoas já saiam para trabalhar, já estava pensando em desistir, ela devia ter saído para fazer algo urgente, devia ser isso, não havia sentido continuar perambulando pelas ruas a sua procura.

Dou meia volta e retomo o caminho para casa, esperar era o melhor a se fazer, pelo menos era o que eu dizia para mim mesma.

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