Capítulo 31

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- Desculpe, você me assustou. - digo baixo.

Luke me encara por um tempo, percebendo a confusão que se passava em minha mente e pega minha mão, ainda fechada em punho, e a abre, um dedo de cada vez. Não havia notado o quanto eu os apertava até ver as marcas de unha na palma manchada de sangue.

- O segredo é relaxar, devagar. - ele diz.

- Obrigado. - digo puxando minha mão e a limpando na calça. - Meu turno acabou? Para onde vamos agora? - continuo quando percebo que ele ainda me fitava.

- Na verdade não. Ana precisa dormir mais um pouco. Só queria saber se esta tudo bem . -  sinto meu sangue fluir e arder em minhas bochechas enquanto ele desliza a mão pelo seus cabelos. - Mas pelo visto está mais que bem - ele sorri, e me vejo retribuindo aquele sorriso, sem motivo algum, o que é extremamente estranho já que aparentemente eu mal o conheço.

- Eu...Eu vou retomar a vigia então - digo desajeitadamente, me virando e andando em direção a pedra novamente.

O sol espantava o vento frio que congela minhas mãos e depois de mais algumas horas, ouço Ana se espreguiçar e soltar alguns palavrões sobre não ter dormido nada. Sinto minha boca se curvar em um dos mais leves sorrisos, Ana consegue ser engraçada sem nem mesmo tentar.

Desço da pedra na intenção de ir até a cabana para conversar com Ana, mas vejo um pequeno cachorro se esgueirar entre as árvores, provavelmente procurando comida, e me aproximo dele.

- Ei, vem cá - digo estalando os dedos, Ele hesita um pouco, mas logo se aproxima e afago sua cabeça. - Bom garoto.

Afeição por cachorros, eu devia gostar deles antes, anoto mentalmente. Enquanto levo o cachorro para perto da cabana penso que deveria anotar tudo o que sei sobre minha antiga vida em um papel, só para garantir.

Abro a mochila de mantimentos e pego uma pequena barra de cereal e um copo de água e os coloco no chão para o pequeno cachorro, que acaba com tudo em segundos.

- Depois te dou mais.

- Agora você fala sozinha também? - ouço Ana resmungar atrás de mim.  - O que é isso?

- Eu achei ele se esgueirando na floresta - digo, ainda afagando suas orelhas.

- Sai de perto dele agora Cora! - Ana grita, sacando a arma.

- O que? Por que? -  ela já estava com a arma mirada, os olhos fixos no pequenino. - Ana! Para com isso, vai assustar ele.

Olho de volta para o canino e vejo seus olhos avermelhados, ele recuara de minha mão e levantara de sua confortável posição. Sua boca estava aberta, e de dentro dela vejo uma pequena arma sair. Os olhos dele estavam mirando em mim e em Ana, um ponto vermelho no coração de nós duas. O que é isso? Fico imóvel.

Segundos depois ouço o gatilho da arma.

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