Capítulo 20

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- Você que começou tudo isso. Se ela estivesse com as antigas e verdadeiras memórias estaria te dando um sermão de '' não pode descumprir promessas " . Agora continue. - ele olha para mim, esperando alguma reação, mas minha cabeça estava a mil, como assim "memórias deletadas", isso é cientificamente possível? Sei que existem alguns tipos de doenças que apagam lembranças, mas não sabia ao certo se alguém poderia "deletar" o que quisesse. E o que ela quer dizer com "o mundo está diferente"? E se essas memórias não eram minhas de quem eram? Luke e Ana me conheciam antes de "me deletarem''?

- Você me conhecia antes disso...Quer dizer... Se tudo isso for verdade. Você me conhecia? - olho para Luke que me encara fixamente. Aqueles olhos castanhos como um mar de mel me capturavam com a destreza de uma armadilha.

- Sim. - ele diz simplesmente. Olho para Ana esperando que ela também diga algo, mas ela apenas assente positivamente e abaixa a cabeça. Pelo visto a fachada de durona não durou muito.

- Acho melhor eu pegar a frigideira e a gente tentar de novo. - Ana diz baixo.

- Não!!! - eu e Luke dizemos em uníssimo.

- Está bem, era só uma ideia. - Ana se defende.

-Tudo bem. Vamos supor que eu acredite no que vocês disseram. - Luke e Ana esperavam. - Quem apagou essas minhas memórias, ou o meu antigo eu?

Se aquilo tudo fosse mesmo verdade, explicaria minha sensação de de-ja-vi, e os sonhos em que eu mesma via, mas sempre em situações deploráveis.

- Esse é o problema Cora. - Luke começa -  A gente não sabe. É como xadrez, sabe? Somos meros peões sendo usados. Até um tempo atrás era assim pelo menos...

- Por que até um tempo atrás? - pergunto.

- Eu falo ou você? - Luke pergunta para Ana.

- Vá em frente. - Ana sugere.

- Por que você mudou tudo. De um jeito inusitado devo dizer, mas mudou. Você salvou várias vidas pessoas, mas acabou se matando. - Ele olha para mim e notou a confusão que se passava em meus olhos. - Não no sentido literal claro. Você abriu mão de uma coisa valiosa, para que esse "xadrez" acabasse.

- O que era tão valioso?

- Suas memórias... Tudo. Você era...Eu não sei dizer... Mas você era. - Ele diz e abaixa a cabeça, deslizando a mão pelos cabelos.

Então era isso? De alguma eu abrira mão de tudo que guardava em minha cabeça para salvar algumas pessoas. Parecia heroico, mas também parecia idiotice.

- Mas salvei do que exatamente? - O que seria tão perigoso para que uma pessoa abrisse mão de suas memórias para salvar outros? Pensei.

- Fazendo isso você livrou elas, pelo menos algumas delas, de entras nessa coisa louca. Elas acabariam morrendo. Bom...Ou já morreram, não sei dizer.

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