Capítulo 18

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- Quem abriu a porta? - Ana já estava me deixando nervosa e minha cabeça ainda não havia melhorado.

- Eu disse que alguém abriu a porta? - disse,fingindo desentendimento.

Já era o bastante, me levantei mesmo que zonza determinada a ir embora, só que dessa vez pela porta dos fundos, para garantir que ninguém me acertaria novamente. Ana já estava me seguindo, pedindo para que eu parasse. Mas eu não estava fugindo. Simplesmente queria ir embora. Quem sabe no caminho encontro Rose. Chego na porta dos fundos e alcanço a maçaneta.

- Se eu fosse você não faria isso. - uma voz diz. Não era Ana, congelo onde estava, engulo em seco.

Quem seria? Talvez seja a pessoa que abrira a porta e me derrubara sem querer, ou o pai de Ana pela voz firme e baixa. Me viro devagar e vejo um garoto sentado na bancada em que a poucos segundos eu atravessara e não percebera-o ali, com um prato de panquecas e mastigando calmamente, olhando para mim.

Ouço um ruído de metal e me viro rápido para ver Ana com uma frigideira levantada e indo em direção a minha cabeça. Agarro seus pulsos. Chega de inconsciência por hoje.

- O que você esta fazendo? - pergunto enquanto tento tirar a frigideira das mãos dela.

- Te protegendo. - ela puxa meu braço.

- Me deixando inconsciente ? - pergunto indignada e puxo com força a frigideira, arrancando-a de suas mãos.

O garoto continuava observando a cena, sem parar de mastigar nem por um segundo.

- Quem é ele? - aponto para a figura tranquila na bancada.

- Eu disse para você ir embora, você nem devia ter vindo. - ela diz.

Olho para Ana e para o garoto esperando respostas. O garoto acaba de comer e olha para mim.

- Estava com fome. - garoto? Não, não era um garoto, parecia jovem, com seus dezessete ou dezoito anos. Um homem. Um jovem homem.

Olho para ele perplexa, então ele se levanta e se encosta na bancada. Ele era alto, um pouco mais que eu, com olhos cor de mel, um pouco amarronzados, mas ainda sim claros, branco e com o rosto pálido, cabelos negros, lisos e curtos, curvados em um topete desajeitado, e a boca rosada bem desenhada.

- Esse é o Luke. - Ana diz e coloca a mão no rosto, balançando a cabeça. Luke sorri, um sorriso perfeito, com uma fileira impecável de dentes.

- Tudo bem? - ele diz e estende a mão. Olho fixamente para sua mão e depois para Ana. Eu queria explicações e não apresentações formais demais para aquele momento. Luke abaixa a mão e a coloca na bancada. - Parece que não. - diz, soando rancoroso.

- Ana? - tento - Algo a declarar?

- Deixa eu pensar em uma forma lógica de te explicar isso tá bom? - ela esfrega delicadamente as têmporas, estava frustrada, assim como eu.

Esperei e coloquei a frigideira em uma distância segura, caso Ana mude de ideia. Luke me encarava, me deixando inquieta e Ana continuava calada, pensando.

Aperto os olhos com a dor que vem da minha cabeça. Não sabia que uma pancada doía tanto assim Cerro os dentes para não ter de morder a língua para procurar um alivio e acabar causando mais dor física desnecessária. Sinto algo gelado e pesado sendo pressionado contra a minha testa e solto um suspiro, aquilo aliviava um pouco. Abro os olhos e vejo Luke de frente para mim, encarando a bolsa de gelo e segurando-a para mim.

-Aliviou um pouco? - ele pergunta, agora olhando em meus olhos, com o rosto sério, porém livre de raiva.

- Um pouco. - respondo baixo. Luke estava a alguns cinco centímetros de mim, mas era difícil saber que ele estava ali com a dor que eu sentia e os olhos fechados, mas ele estava.

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