Capítulo 10

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Enxugo meu rosto com as costas das mãos e respiro fundo, desço do carro e bato a porta, Ana se assusta com o barulho e levanta a cabeça enxugando bruscamente as lágrimas com a manga da blusa. Vou até o lado onde está sentada e abro a porta.

Ana me olha surpresa, sem saber o que dizer então faço um gesto para que ela saia do carro.

-Agora, por favor, me diga o que está acontecendo. - tento abandonar o medo e parecer firme, o que funcionou pelo modo como ela me olhou. Fechou a porta atrás de si e sentou-se no chão.

Ainda estava de manhã, e deviam ter se passado duas horas desde que saímos da escola, Ana havia estacionado perto das bombas de gasolina, onde agora se encontrava encostada.

- Por onde quer que eu comece? - ela me olha e depois volta a encarar o chão.

-Que tal você me explicar por que saimos da escola daquele jeito? - me sento ao seu lado e espero que ela comece a falar.

-Sabe ontem à noite, quando ouve o apagão? - ela olha para mim e faço que sim com a cabeça - Então, você provavelmente estava vendo o noticiário não é?

-Sim. - concordo, Ana me encara, esperando que eu a encha de perguntas, mas não faço nada, apenas espero.

-Bem, o noticiário não deveria transmitir aquela notícia, da explosão da fábrica, das mortes misteriosas, aquilo não deveria ir ao ar, pelo menos não aqui, então assim que a TV saiu do ar, começaram-se as buscas pelos responsáveis daquilo, por isso o apagão. Então a Polícia estava procurando as pessoas que as câmeras capturaram minutos antes da explosão e uma delas era você, por isso saímos daquele jeito, a polícia não sabia que era exatamente você, mas procuravam uma pessoa com as suas características. - ela me encarou novamente, esperando uma reação assustada ou desesperada, mas nem eu mesma sabia o que fazer, tinha tantas perguntas em mente, e o que eu teria haver com a explosão daquela fábrica afinal?

-Por que não deveria ir ao ar? E por que eu? Eu não tenho nada haver com isso, me mudei para cá faz apenas três dias, mal te conheço. Não tenho muita confiança em você, eu sou inocente, você que deve ter alguma coisa a ver com isso, quem me arrastou para cá foi você. - quando vi já estava em pé, quase gritando, e vermelha de raiva, Ana estava encolhida onde estava, sem expressão alguma, apenas me observando, então ela se levanta. Respiro fundo, estava totalmente fora de mim naquele momento, manter a calma era a coisa mais inteligente a se fazer.

-Olha, se você tem tanta certeza que é inocente, volte para lá e bata de frente com os policiais, vamos ver se para eles você é tão inocente assim. - ela havia ficado magoada pelo que eu disse, notava-se isso em seu rosto.

-Me desculpe eu...eu só não sei o que está acontecendo. - minha voz saiu como um sussurro. Me sento novamente e espero Ana retornar a falar, ela tinha que entender minha situação, era tudo muito confuso, e só ela poderia me explicar tudo.

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