Capítulo 6

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Estou em uma floresta, e corro desesperadamente para um lugar que ainda não consigo identificar, até que aparece alguém gritando logo atrás de mim, dizendo para que eu corra mais rápido, tento virar a cabeça para ver quem estava gritando, mas não consigo de jeito nenhum.

Alguém aparece do meu lado, correndo tão rápido quanto eu, como um reflexo. Até que eu vejo que não é "alguém", mas sim eu, uma cópia de mim.

O meu eu não parece se incomodar com isso. Até que a pessoa igual a mim diz:

-Está na hora, temos que conseguir.

E então dispara até uma nave, outras cinco pessoas me ultrapassam, faço o mesmo, até que sinto algo me atingir em cheio nas costas, me levando ao chão. Tento me levantar, mas a dor me impede e tira todos os meus sentidos. Ao longe ouço minha voz:

-É tarde demais.

Então tudo se apaga, primeiro um imenso clarão, depois o breu completo.

Então eu acordo.

Já estava de manhã, olho no relógio: cinco e meia. Levanto e corro para o banheiro, Ana chegaria daqui a pouco. Tomo um banho rápido e escovo os dentes, a energia não havia voltado então tive que tomar banho na água fria. Troco de roupa às pressas e desço para a cozinha. Sinto cheiro de torradas e café, pego uma torrada e bebo duas canecas de café, queimando a língua no processo.

Enquanto como, Rose começa a falar da queda de energia da noite passada, o que me faz lembras do meu estranho sonho, em que eu possivelmente morria e que havia uma cópia quase perfeita de mim. Será que eu havia levado um tiro e morrido? É bem provável. E as pessoas que corriam ou fugiam comigo haviam me deixado para trás, me deixado morrer.

Dizia a mim mesma que era coisa da minha cabeça, de novo. Filmes, claro, eu sempre vejo vários. Ou até mesmo o noticiário quem sabe.

Ouço uma buzina vinda do lado de fora: Ana. Me despeço de Rose que ainda reclamava da queda de energia e pego minha mochila. Vou até o carro e entro.

-Bom dia. - digo, tentando soar animada, o que não deu muito certo pelo olhar de Ana.

-Dia. - ela sorri, fazendo ir embora uma boa parte da exaustão.

Ana arranca o carro e percorre devagar o caminho até a escola, que não era muito longe. Bom, mais ou menos, de carro eram quinze minutos e andando em cerca de trinta minutos segundo meus cálculos. Ana estava tão focada quanto ontem.

-Pesadelo? - ela pergunta, quebrando o silêncio.

- Como sabe? - questiono, quando tenho sonhos ou até mesmo pesadelos não os conto a ninguém, não me lembro de ter contado a Ana alguma coisa a esse respeito.

- A menos que você tenha ido a uma festa de arromba nesta cidade pacata e enchido a cara, minha amiga, você teve um pesadelo .- ela ri.

- Está tão ruim assim? - então sempre que alguém acorda com a cara amarrotada é porque teve um maldito pesadelo?Todos nessa cidade pensam assim? Encaro Ana por alguns segundos, esperando uma resposta.

- Mais ou menos, mas eu também devo estar pior. - ela olha pra mim e depois se concentra na estrada novamente.

Faço que sim com a cabeça, queria perguntar se todos concluiriam a mesma coisa, do jeito que ela fez.

-Todo mundo vai deduzir logo de cara? - dou uma risada irônica, tentando disfarçar o que realmente aquela pergunta queria dizer.

Ana balança a cabeça negativamente três vezes e fico olhando para ela, esperando que continue, mas ela não o faz.

Já estávamos chegando na escola quando vejo um carro da polícia parado perto da entrada do estacionamento, deve ser por causa da queda de energia, para que as pessoas não fiquem transtornadas, penso.

Ana estaciona perto da entrada e desliga o carro.

-Não, ninguém vai deduzir, só quem é acostumado com esse tipo de coisa, como eu e você. - ela pisca e começa a rir e logo em seguida desce do carro, faço o mesmo.

- Você ficou toda preocupada não foi? - ela diz em meio as risadas - Ficou esperando eu responder todo esse tempo. - ela não parava de rir, então dou um riso nervoso e continuo andando.

Alguns segundos depois, Ana consegue parar de rir e fomos para nossas determinadas aulas.

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