Capítulo 9

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Estava começando a ficar apavorada com aquela situação. Ana me transmitia um ar de ameaça, queria a qualquer custo abrir a porta e saltar, correr para casa e esquecer tudo aquilo, toda aquela loucura. Na velocidade que o carro avançava estrada a fora o salto me mataria.

Já tínhamos atravessado os limites da cidade e a menina com o olhar ameaçador não dizia uma palavra, eu teria que começar as perguntas, senão nunca teria respostas se dependesse dela.

- Para onde estamos indo? - essa é a pergunta mais importante no momento, saber para onde estava indo para poder voltar.

Tento reunir coragem para encará-la, nunca pensei que teria medo de Ana, não consigo nem encará-la. Espero a resposta, tentando mostrar que estou calma, mas ela parecia estar escolhendo as palavras.

-Para um lugar seguro. - ela diz, soando mais firme do que nunca e depois olha para o retrovisor.

Teria que me contentar com aquela resposta, pois Ana não diria mais nada. A estrada estava vazia, sem nenhum movimento, Ana para em um posto de gasolina abandonada e desliga o carro.

Aqueles olhos verdes não poderiam ser mais duros e agora me encaravam, como se fosse eu quem devesse dar as devidas explicações. Ana fecha os olhos e aperta as têmporas com as pontas dos dedos e solta um suspiro de pura frustração.

Estava totalmente perdida, era eu quem deveria estar frustrada. Naquele momento estava totalmente arrependida de ter confiado em Ana. Tenho que fugir, é so nisso que consigo pensar: fugir.

-Eu nunca teria coragem suficiente para fazer isso - ela diz por fim, abrindo os olhos novamente- Você pos tudo a perder, eu te disse que isso aconteceria, mas você nunca me escutou. - vejo uma lágrima escorrer-lhe o rosto, que agora estava totalmente vermelho, Ana encosta a cabeça no volante e se entrega ao choro.

Este era um bom momento para fugir, mas eu não poderia deixá-la ali, naquele estado, e também não havia entendido uma palavra do que ela havia dito, o que eu havia posto a perder? E por que ela esta chorando? Nós mal nos conhecemos. Aquela situação estava me apavorando, a cena de Ana debruçada naquele volante me puxou algo bem fundo na memória, como um peixe quando é finalmente fisgado.

Vejo um flash de Ana, parada, com o rosto abatido e olhando fixamente para mim, ela ia me dizer algo, e então tudo se apaga e eu volto à realidade. Eu tinha que fazer algo, só não sabia o que exatamente. Só Ana poderia me ajudar naquele momento, mas ela estava totalmente transtornada naquele momento.

- O que eu fiz Ana? Você tem que me dizer, não estou entendendo nada, só você pode me ajudar, por favor. - começo a sacudi-la, mas os soluços e as lágrimas não param, sinto algo quente escorrer por minha bochecha, que ardia como fogo, meus olhos estavam inundados, também me entreguei as lágrimas enquanto tentava fazer Ana parar.

Não consegui entender minha reação a tudo aquilo, minha cabeça latejava de dor, tinha que dar um fim aquele mar de lágrimas.

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