Capítulo 11

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Ana fica me olhando de cima e começa a me rodiar, coloco a cabeça entre os joelhos e tento me manter calma, respiro fundo várias vezes enquanto sigo os seus passos com os olhos, me rodeando, com passos calmos e leves, não conseguia levantar a cabeça para encara-la.

Aquela menina que poucas horas antes me transmitia confiança agora me aterrorizava. Ana solta uma risada sarcástica e para em minha frente, a risada se transforma em puro prazer, levanto a cabeça para finalmente vê-la. A situação parecia irreal, Ana, que antes se encontrava cheia de raiva e frustração agora estava em um curto ataque de riso.

Me levanto e coço os olhos, não podia acreditar. Ana para de rir e olha em meus olhos, parecia que tentava ler minha mente, a situação me deixa incomodada, e desvio o olhar.

-Olha pra você, eu não consigo acreditar. Toda encolhida aí, quase molhando as calças, nem consegue me encarar. - Ana diz.

Aquilo era demais, quem ela achava que era? Qualquer um na minha situação reagiria assim, até mesmo ela.

-Mas não era eu quem estava chorando alguns minutos atrás. - digo.

Então tudo aconteceu muito rápido, numa hora Ana estava se encaminhando para o outro lado do posto, longe de mim e agora estava me segurando pela gola da camisa, me pressionando contra a pilastra, eu já estava ficando sem ar. Os olhos de Ana eram duros e demonstravam desaprovação.

- Você nunca será ela, você não me conhece, não sabe nada sobre mim, e se não fosse por mim provavelmente você estaria morta agora, ou pior, então pare de choramingar e me escute. - Ana berrava, e assim que termina me solta, fazendo-me cair no chão, sem ar, a força com a qual me segurara era inacreditável, poderia facilmente me asfixiar em mais alguns segundos.

Meu pescoço ardia e minha cabeça não parava de latejar, me levanto com dificuldade, gemendo pelo esforço. Qualquer vínculo de confiança que tinha com Ana agora desapareceram por completo, tinha que voltar para casa.

-Me leve de volta. - digo, ,minha voz agora mais rouca -Por favor, me leve de volta.

-Se é assim que você quer, tudo bem, você que manda. - ela diz com uma voz serena, me encarando.

Seja lá o que for que esteja me esperando naquela cidade, é melhor do que ficar aqui. Ana entra no carro, e depois de alguns segundos, faço o mesmo.

Minha garganta queimava. Ninguém acreditaria que Ana havia feito aquilo, ela aparentava ser fraca e inofensiva, mas eu acabara de ter a prova que não era bem assim.

Ana dirigia devagar, e oscilava o olhar entre mim e a estrada, talvez esperando que a qualquer momento eu pulasse do carro. Mas no estado em que me encontrava não pararia muito longe.

-Olha, eu sei que parece loucura, mas de todas as pessoas que você conhece, eu sou a única que você pode confiar agora. Eu fiz isso para o seu próprio bem. - ela diz, seu rosto agora parecia preocupado e apreensivo.

Fico em silêncio, começar uma briga era de longe a pior coisa a se fazer. Nunca fui de querer confusão, mas naquele momento, o que eu mais queria era bater em Ana até cansar, mas eu sabia que nunca seria capaz disso.

-Me desculpe, mas eu não consigo me manter no controle em determinadas situações, você me tirou do sério. Não vou dizer que voltar para a cidade é a decisão mais inteligente a se tomar, mas se é isso que você quer. Só tome cuidado, ok? Por favor, sei que você não é mais ela, mas mesmo assim, tome cuidado. - Ana se sentia culpada, não havia como negar.

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