Capítulo 4

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EMMA

Entro extremamente calma pela porta do escritório. Não posso permitir que Ethan perceba que me deixou perturbada. Eu o encontro sério, diferente de quando saí. Agora ele me olha como antigamente, com um ar de superior, com uma cara de quem não está nem me vendo. Ótimo. Assim, não preciso agradecê-lo pela "gentileza" de ter se preocupado comigo.

Sento-me em minha mesa e trabalhamos desconfortavelmente quietos, com um fingindo que o outro não está presente.

— Vá almoçar, Emma. Não quero ser acusado de te explorar. — Ele nem se digna a me olhar.

— Com licença. — Levanto-me quase tropeçando e saio bem devagarzinho.

Não sei se exagerei nos passos lentos, só queria aparentar calma, mesmo que por dentro eu esteja tentando sobreviver a uma tempestade violenta.

Olho no meu celular e vejo três ligações perdidas do Sérgio. Ele deve estar querendo saber o porquê de eu ainda não ter saído para almoçar. Eu retorno a ligação e ele me encontra no mesmo restaurante de sempre.

***

ETHAN

Depois de cinco minutos que Emma saiu para almoçar, descobri que também estava faminto. Em volta do edifício da empresa só tem um restaurante; nada com o qual estou acostumado a frequentar, contudo, estou cheio de coisas para fazer e não tenho muitas opções.
Entro no local e logo sou reconhecido, pois dois garçons se aproximam e até o proprietário do estabelecimento resolve me atender. Sei que ele é o proprietário, pois já vim aqui antes com o meu pai e fui apresentado.

— Senhor Ethan, seja bem-vindo. — Ele pega em minha mão e abaixa a cabeça. Fico irritado com tanta reverência e reparo no local. Tudo aqui ainda é simples, porém tranquilo e agradável. — Sinta-se à vontade.

— Obrigado. Por hoje, eu quero apenas uma refeição, mas um dia desses vamos tratar de negócios.

Ele me acomoda em uma mesa no melhor local disponível e fica pensativo.

— Será um prazer servi-lo sempre. — Isso me soou como um "jamais venderei o meu restaurante".

É normal que ele pense que eu quero comprá-lo, porém não é bem isso. Eu jamais compraria para mim algo que é importante para alguém.

— Creio que seria vantajoso para o Tapuer se o senhor... Como o senhor se chama mesmo? — questiono.

— Felipe — ele responde, atento.

— Se o senhor, Felipe, se associasse a mim.

— E o que ganharia com isso, senhor Ethan? — pergunta, interessado.

— Além de 28% dos lucros? Eu teria um local mais luxuoso para o meu almoço. Sem ofensas. Sem falar que haveria segurança e atrativos consequentemente melhores para os clientes e para o proprietário. E todos sairíamos ganhando. O senhor é um homem inteligente, tomará a decisão certa. — Sorrio.

Eu faço isso: consigo parcerias nas quais só tenho que investir e dar uma "ajudinha". Depois desfruto dos lucros e do que eles podem me oferecer. Tenho me saído muito bem com isso. Não passo por cima de ninguém, muito pelo contrário, eu os ajudo. Isso é algo pessoal, não tem nada a ver com a empresa; é algo que faço com meu próprio dinheiro.

Estou pensando em minha vida enquanto almoço. E olhando para o nada, de repente vejo um vulto conhecido. Firmo a visão e me deparo com Emma. Eu deveria imaginar que a encontraria aqui. Ela parece não me notar; conversa animadamente com um sujeito e está sorrindo. Deve ser o tal Sérgio com quem ela falava mais cedo. Ele parece ser um cara sossegado. Sossegado demais até. Meio estilo nerd. Não combina com a Emma, não parece ser o estilo dela.

A ARMADILHA DO CEO - De repente, casadaOnde histórias criam vida. Descubra agora