RÔMULO
— Você vai confessar a sua participação nessa droga toda para a mulher dele nem que eu tenha que te forçar. Entendeu? — ameaço Paty. Já estou perdendo a paciência com essa garota.
— Eu faço. Eu já lhe disse que não sabia dos planos da Emily para o Ethan, apenas fiz um favor que estava lhe devendo. Ela me indicou na melhor agência do país e eles me chamarão mês que vem. E quando eu vi você, soube que não seria nenhum sacrifício tirá-lo de perto dele. Eu pensei que ela queria apenas conversar ou seduzi-lo, não imaginei que faria o que fez. E você tem certeza de que ela fez isso?
Não respondo.
— Hoje iremos falar com a Emma — falo simplesmente.
— Depois disso, você não vai querer me ver mais, não é mesmo? — questiona, tristonha.
— Acertou.
Eu me sinto traído. Sei que faz apenas uns seis dias que a conheço, mas desde o primeiro momento em que estivemos juntos, pensei que fosse real; pensei que apenas rolou e que alguma coisa estava dando certo. Mas ela me usou, foi um plano para a tal Emily acabar com o casamento do Ethan. Não vou perdoar a Paty por isso.
— Eu sinto muito. Era para ser apenas uma conversa para te tirar de perto do seu amigo, mas rolou algo entre nós e não consegui me afastar de você. Não sentiu nada especial por mim, Rômulo? — Fita-me com olhos tristes e chorosos.
— Se eu senti, já não me lembro, Paty. Você fez igualzinho a uma cobra: me enrolou e deu o bote — falo, sério.
Vejo lágrimas descerem pelo seu rosto. Será que estou sendo muito duro com ela? Talvez ela esteja dizendo a verdade sobre não ter muita culpa no cartório.
***
ETHAN
— Dois dias? Entrei em coma? — pergunto para a enfermeira Milena, que acabou de me dizer que dormi por dois dias.
— Não precisamente em coma, somente dormiu devido aos sedativos que lhe aplicamos. Você foi operado novamente por causa da maneira como caiu. Sinto muito, senhor.
— Meu pai veio aqui? — questiono já sabendo a resposta, pois estou olhando para um blazer jogado na poltrona ao meu lado, que é dele.
— Ele esteve aqui durante a maioria do tempo. Deve estar por perto. Vou avisá-lo que você acordou.
Não respondo.
Será que mereço ser filho dele? Um homem tão honrado e conhecido por sua personalidade contagiante não poderia mesmo ser o meu pai. Eu sou um homem horrível.
— Ei — ele diz ao meu lado. — Descansou bastante, garotão? — Sorri.
Eu apenas sorrio também.
— E a Emma? — pergunto para encontrar um assunto.
— Ela está na casa de vocês. Pensei que fosse ficar comigo em minha casa, mas está me evitando. Está lá com duas amigas do Império das Fadas.
Celeste e Pérola. Fico feliz com que ela tenha boas companhias.
O silêncio toma conta do quarto novamente.
— Precisamos terminar nossa conversa. Se você estiver pronto, claro — ele diz, cauteloso.
— Eu sou um bastardo, um fracassado. Não sou Ethan Jones, muito menos o marido de Emma. Sou um fracasso — resumo o meu eu.
— Te proíbo de dizer tantas besteiras, rapaz. Se tem algo pelo qual me orgulho em toda a minha vida é de ser o seu pai e ter contribuído para formar o homem que você é. Nunca foi como esses moleques mimados que têm por aí, que só querem saber de gastar o dinheiro do pai e não têm um pingo de moralidade. Você é Ethan Jones duas vezes: na primeira vez foi quando te registrei como meu filho legítimo, e na segunda vez foi quando tive a opção de retirar o meu nome da sua certidão, mas não tirei. Não tirei porque você é o meu filho. — Sorri. — Olhe para si mesmo. Somos até parecidos, não concorda? — Toca em meu cabelo.
— Sim. Acho que era o nosso destino. — Sorrio.
— Se é o destino, eu não sei, mas você é o meu filho com todas as letras e formas de escrever e dizer.
— Quem é? — Ele arqueia a sobrancelha. — Quem é o meu pai? — pergunto entre dentes.
— Eu não sei, porque sua mãe nunca confessou. Ela jurava de pés juntos que você era meu filho. Eu levei o seu DNA para fazer o exame, e nada feito mesmo. Suzane é a mulher mais mentirosa da face da Terra. — Seu semblante está triste. — Mas por que quer saber, meu filho? Já te falei que sou o seu pai. Se você quisesse procurar pelo outro, isso iria me ofender muito.
— Pensa que quero abraçá-lo e assistir a futebol com ele? EU VOU MATÁ-LO! — grito.
— Eu já o procurei para tentar fazer o mesmo, mas sua mãe não diz quem ele é e até hoje afirma que sou eu. Deixa pra lá, vamos seguir a nossa vida normalmente. Porque, para mim, não tem nada de errado entre nós. Apenas vamos encontrar um jeito de Emma acordar para a vida e enxergar que foi tudo armação de Suzane e da sua ex-namorada. Ela é inteligente e entenderá — tenta me animar.
— Espero que sim. Mas ela saiu tão decidida daqui — comento, desanimado.
— Ela vai acreditar em mim. Emma sabe que eu não mentiria para ela. Vou dizer do que Suzane é capaz, e se você permitir, vou contar a parte que te envolve.
— Não. Apenas direi se Emma acreditar em mim, se voltar para mim. De outra forma, ela não merece saber.
***
EMMA
— Fotos não provam nada, Emma. Elas podem ter sido adulteradas ou, pior, podem tê-lo drogado para consegui-las — Celeste diz assim que termino de contar tudo que Ethan me fez.
— Já pensei nessa possibilidade, mas se fosse o caso, Ethan teria me dito que alguma coisa aconteceu. E não é como se ele e Emily nunca tivessem se gostado; eles já foram namorados. Vamos falar de outro assunto? Estávamos nos divertindo tanto antes de falarmos sobre isso... — Estou amuada.
— Vamos falar sobre a Emma esquecer o Ethan. E para isso, ela terá que conhecer novas pessoas. Mas lembre-se da única regra, Emma: não se apegue — Pérola diz com espírito de malícia.
— Para com isso, Pérola. Até parece que você segue esse seu conselho — Celeste a cutuca.
— Você deveria fazer isso também, Celeste, para esquecer o meu irmão.
— Eu já te falei que ele é muito velho para mim. E se fosse o contrário, eu também não gostaria dele — ela retruca, brava.
Batem na porta e Pérola vai correndo abri-la.
— A senhora tem visitas — a serviçal me avisa.
— Quem é?
— Rômulo Pessolta. O assunto é sério, pois ele está com uma cara carrancuda.
O que Rômulo quer comigo?
— MEU IRMÃO ESTÁ AQUI?! — Pérola grita feito louca.
Ela tenta se comunicar com o Rômulo desde que saiu da fazenda, mas ele nunca atende. Eu lhe prometi que iríamos à casa dele amanhã.
— Calma, Pérola. A moça disse que o assunto é sério — Celeste diz, aflita. — Aconteceu alguma coisa com ele? — pergunta para a serviçal.
— Eu não sei. Ah! Ele está acompanhado de uma moça.
— Uma namorada? — Celeste indaga, curiosa.
— Não sei. Mas ela é bem bonita. Reconheço-a de algum lugar... — A mulher coloca a mão na cabeça, pensativa.
— Aquele idiota não retorna as minhas ligações por causa de uma rapariga? — Pérola sai correndo porta afora.
— Coitada dela — Celeste diz, impassível.
— Da Pérola?
— Não, da rapariga.
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A ARMADILHA DO CEO - De repente, casada
RomanceEthan Jones é um CEO arrogante e controlador que não está acostumado a ter as suas ordens questionadas, e, por isso, não aceitará quando Emma, sua secretária, lhe contar que já marcou a data do casamento e ainda lhe convidar para ser o seu padrinho...