Capítulo 5

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EMMA

Faz uns dez minutos que já estou trancada aqui, no banheiro feminino, outra vez. Primeiro ele chegou ofendendo a forma como me visto, e depois, do nada, veio dar uma de interessado na minha paz de espírito? O que ele está querendo com esse papo de sermos amiguinhos? Não gostei da forma como ele se aproximou de mim. Quem ele pensa que é?

Eu não posso com isso. Ethan zombar de mim dessa forma, eu não posso suportar.

Por que ele consegue ser tão convincente quando quer?

Por que eu tenho que me sentir bem com um mínimo toque de sua pele?

Será que é porque terminei com o Sérgio?

Talvez eu devesse reatar com ele. Prefiro mil vezes um relacionamento frio, mas cheio de cumplicidade e sinceridade, do que ficar desejando um cara arrogante e desprezível como o Ethan Jones.

Quando volto para o meu lugar, Ethan não está mais presente. Ótimo. Faço o meu trabalho em uma enorme paz, pois estou decidida: vou reatar com o Sérgio. Ele é um bom homem e vai entender a forma como eu agi na última semana. E eu vou odiar o Ethan ainda mais, porque é culpa dele eu ter que agir assim. Todo mundo vai ficar feliz.

Quem sabe eu aceite me casar com o Sérgio e Paul volta para casa e esquece de uma vez por todas a ideia de mim e Ethan nos darmos bem.

***

Só hoje, na quarta-feira, eu me mudei para o meu próprio escritório. Pensei que seria melhor, no entanto, eu estava enganada. Antes era só levantar a cabeça e dar o recado ou entregar um documento sentada mesmo, só que agora estou com um documento na mão para o meu "adorável" chefe e acabei de me dar conta de que terei que entrar na sala dele. Estarei mais exposta para críticas. Todavia, acho que hoje Ethan não tem motivos para reclamar das minhas roupas, pois vesti um conjunto mais alegre e bonito; não por causa dele, mas porque o Sérgio vai me encontrar no almoço e eu quero me redimir com ele. Ele me elogia quando me arrumo, e eu estou a fim de ser elogiada.

Tomo ar, corrijo a postura e caminho em direção à porta do Ethan. Dou três batidas nela, porém não entro, espero-o aprovar minha entrada, só para o irritar mesmo. Ele não disse que ninguém entra na sala dele sem permissão? Pois eu também não entrarei.

— Entre — ele pede, impaciente, e eu sorrio, satisfeita.

Ele sabe que sou eu, já que avisei pelo telefone que viria.

***

ETHAN

— Bom dia. Tenho uns documentos para o senhor assinar — Emma avisa como se estivesse falando com uma criança, fazendo gestos e tudo.

— Por qual outro motivo você estaria aqui? Se fosse um recado, poderia me dizer pelo telefone. Assim, me pouparia da sua presença.

Ela é sonsa?

Emma apenas sorri para mim. Um sorriso que me pega desprevenido. Surpreende-me como ela ergue as maçãs do rosto e suas sobrancelhas se desenham de uma forma sexy e perturbadora. Fico confuso e deixo isso transparecer. Ela sorri ainda mais quando repara em minha confusão.

— Quer parar de sorrir? Você não está em um circo — eu a repreendo, impaciente.

— Apenas não quero que o seu mau humor me contagie. Hoje é um dia importante para mim.

Agora, olhando bem, ela parece radiante.

— Do que você está falando? — Olho para as folhas em minhas mãos como se não estivesse interessado na resposta, mas, infelizmente, eu estou, e isso me deixa extremamente irritado.

— Vou me casar. Hoje aceitarei o pedido de casamento do Sérgio.

O quê?

— Não vai dar. — Falei tão rápido, que nem percebi que havia falado. Depois não tive como voltar atrás.

— O quê? — Ela põe as mãos na cintura e começa a vir em minha direção. Está furiosa, a uns dois passos de mim.

Eu continuo:

— Você não pode se casar agora, não tem tempo. Além do mais, viajaremos na semana que vem e não sabemos quanto tempo levará o contrato com os japoneses.

— Quem você pensa que é? — Ela está frente a frente comigo agora.

Emma levantou a mão tão rápido, que quase não consegui perceber as suas intenções. Mas em um ato rápido, seguro os seus dois pulsos para ela não tentar com o outro. Uma raiva enorme está refletida em seu olhar.

— Eu sou seu chefe e estou dizendo que você terá que escolher: trabalho ou homem. Não quero uma secretária cansada de manhã aqui porque foi dormir muito tarde ou distraída no trabalho porque está pensando no que vai cozinhar para o marido, e não quero que ela tenha horário para ir embora. Sempre posso precisar de você na minha casa, sempre posso precisar que você vá para fora da cidade, nas nossas filiais... Não quero uma secretária casada. Escolha o trabalho ou esse talzinho aí. — Ainda não soltei os pulsos dela, e não soltarei enquanto ela não se decidir.

É mais forte do que eu. Quase não me reconheço.

— Você não pode me propor isso. A minha vida pessoal é somente minha, e nem você nem ninguém pode me dizer o que fazer e o que não fazer. Se é desses caras que gostam de relacionamentos sem estrutura, na base de interesses e vulgaridade, o problema é todo seu, mas eu e o Sérgio nos amamos e temos maturidade o suficiente para separarmos o casamento e o trabalho. Eu não preciso escolher entre um e outro, porque não sei se você se lembra, mas o Paul nos presenteou com um contrato. Me solte agora, ou eu grito! — Ela me desafia com um olhar que daria medo em qualquer um, menos em mim.

— Megeras como você devem ser tratadas assim. Não pense que sou como esse tal Sérgio. Não levo tapa de mulheres, sou eu quem bato. — Aproximo-me do seu ouvido e sussurro. — Mas só na cama... — Passo o polegar lentamente em sua bochecha. — Não se preocupe. Prometo que você vai gostar, e ainda vai implorar por mais. — Abaixo a cabeça, afago na sua orelha, em um longo e profundo suspiro, desço para o pescoço e subo para o canto do nariz.

Que doideira de calor é este? Uma vontade imensa de provar cada centímetro desse corpo me consome. Sinto o meu membro em brasas e a prenso na parede em um movimento brusco. Colo a minha testa na testa dela, perdido nesta onda desconhecida por mim.

— Prometo... — falo, sentindo a respiração de Emma muito forte.

Sinto que ela quer o mesmo que eu. Estou prestes a beijá-la e acabar com o nosso desespero, quando levo uma joelhada bem no meio das minhas bolas, que me causa uma forte dor.

— Que isso, sua louca? Saia já daqui! Saia! Vá fazer o seu trabalho! — Coloco-a pelos braços para fora da minha sala, e assim que fecho a porta, aperto minhas pernas e me encolho de dor. — Porra! Que mulher louca!

Sorrio. Eu sei que Emma me quis naquele momento. Eu senti, por todos os meus poros, a química que nunca tive com ninguém. E agora que sei o quanto a quero, não vou sossegar enquanto não provar dela.

Eu a terei a todo custo.

Foi nisso que deu.

Será bom para nós dois.

Quem sabe assim fazemos as pazes, como o meu pai tanto deseja.

A ARMADILHA DO CEO - De repente, casadaOnde histórias criam vida. Descubra agora