Capítulo 14

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RÔMULO

"Não". Essa foi a primeira palavra que falei quando ouvi a proposta de Ethan, pedi desculpa e agradeci. Ele me disse que essa proposta sempre estaria de pé e que se eu mudasse de ideia, era só fazer as malas. Eu iria ganhar um salário gordo e generoso, o suficiente para eu me tornar seu sócio aqui, na fazenda.

Foi bem assim...

***

— Daniel, preste atenção. Apesar de eu ter salvado a fazenda das dívidas, empregado vocês e, ainda, amá-los como uma família, sinto que estou em dívida com vocês. Eu proponho que aceite ser meu sócio — Ethan diz, todo empolgado.

— Como assim? — questiona meu pai, assustado.

— Simples: eu te dou a metade da fazenda e seremos sócios.

Ethan está muito feliz, e eu também, apesar de eu ter certeza de que meu pai irá recusar a proposta. Mas é que o Ethan é como o irmão que eu não tive desde que ele apareceu em nossas vidas, e saber que ele faria isso por nós me emociona.

— Estou feliz com essa sua generosidade, Ethan, mas somos nós quem lhe devemos. E, por favor, não insista.

Ethan abaixa a cabeça e continua:

— Eu sabia que iria recusar. O orgulho do homem. Eu te entendo, Daniel, e te respeito. Agora, vê se você consegue me entender. Eu nasci em berço de ouro, cursei a melhor faculdade, dirigi a empresa próspera da minha mãe, e com o salário gordíssimo que eu não precisava, investi em muitos negócios, incluindo essa fazenda. — Toma um pouco de ar e prossegue. — Naquela época em que eu comprei a fazenda, não foi nada mais que um bom negócio para mim, mas em pouco tempo me apaixonei por este lugar e me apeguei às pessoas daqui. E eu acho injusto saber que você foi vítima de um golpe. Por isso entrou em dívidas que fez com que perdesse a única relíquia da sua família, que, por sinal, vem de muitas gerações. Eu sou muito rico, e como se não bastasse, sou herdeiro da fortuna e dos negócios do meu pai, que, aliás, são muito maiores que os meus. Eu me vejo na obrigação de ajudar as pessoas. Eu ajudo as pessoas. Já ajudei muitos a recuperarem seus negócios. Mas isso de nada me adiantaria se eu não conseguisse ajudar vocês.

Meu pai se emociona e eu fico igualmente emocionado.

— Ethan... Eu realmente fico muito feliz de saber que o Império das Fadas está em suas mãos. Tenho certeza de que meus familiares também estão. Você salvou a fazenda das mãos daqueles malfeitores, e eu serei grato a você por isso a vida toda.

— Então, aceitem minha proposta. — Ele me encara. — Sugiro que Rômulo vá trabalhar comigo na cidade. Sei que ele cursou a faculdade de Administração. Eu acredito no potencial dele e confio nele — Ethan fala para o meu pai, mas olhando para mim. — Você está com 25 anos, certo, Rômulo? Uns cinco anos de dinheiro bem guardado será o suficiente para você comprar a metade da fazenda. O que os tornarão meus sócios. Eu estou precisando urgentemente de alguém de confiança para dirigir minha empresa em São Paulo, e sei que você é a pessoa ideal para isso. É a oportunidade de recuperar a herança da família de vocês, já que não a querem de graça.

Neste momento, vejo a chance de reverter o jogo. Meu coração vai de dez a mil e eu estou prestes a aceitar o trabalho, até que me lembro dela.

— Não. — Meu pai me olha, confuso. — Como meu pai disse, você é muito generoso, e isso nos faz imensamente feliz, Ethan. Obrigado, mas não posso aceitar. — Levanto-me e saio com um aperto no coração.

Perdi a esperança de novo. E a chama que havia se acendido dentro de mim, apagou-se outra vez. Mas vale a pena. Ela precisa de mim.

***

A ARMADILHA DO CEO - De repente, casadaOnde histórias criam vida. Descubra agora