Capítulo 11

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ETHAN

Sete anos antes

Um dia como este era para ser especial.

Os aniversários de meu pai eram para ser especiais.

Por que aquela garota tem que estragar tudo?

Emma. Que nome ridículo. Será que a minha "querida" finada madrasta não tinha um nome mais bonito para pôr nela? Se bem que um nome bonito também não faria diferença, porque ela é ridícula por completo.

Se ela pensa que aquele sorriso meigo e doce me toca de alguma forma, está enganada.

Se ela pensa que aqueles olhos enormes e brilhantes me fascinam, está mais enganada ainda.

Eu jamais vou cometer o mesmo erro que meu pai.

Jamais me deixarei levar por uma Branco.

Eu me lembro de como minha mãe ficou magoada quando soube que meu pai estava namorando a Laura. Ela tinha esperanças de que um dia voltaria com ele. Eu tinha esperanças.

Também não ficarei me lamentando feito uma garotinha. Na época foi muito difícil para mim, foi como um soco no meu estômago e uma flechada no coração, já que eu contribuía muito para que meus pais reatassem, mas já passou.

Agora o que me restou foi alguém para culpar, pois depois que Laura morreu, havia mais uma chance da minha família voltar a ser minha família, porém meu pai a preferiu... Preferiu adotar uma garota que não era nada para ele, e ainda queria que eu a aceitasse como irmã.

Nas raras vezes em que a vi, quando a mãe dela ainda era viva, eu já não gostava dela, porque ela era uma garotinha chata tentando ser legal. Eu era um filho revoltado e fiz de tudo para lhe mostrar o quanto a desprezava.

Depois que Laura morreu, passei a ver Emma com mais frequência. Poucas vezes, porém mais do que quando sua mãe era viva. Porque quando ela era viva, a minha mãe não ficava feliz quando eu dizia que iria para à casa do meu pai. Ela chorava e eu achava melhor não ir.

Uns dois anos depois que Laura morreu, mamãe se casou e o único que ainda sofria era eu. Eu tenho um irmão por parte de mãe de um casamento que ela teve antes do meu pai. Douglas é cinco anos mais velho que eu, só que tem a mentalidade de muito menos idade. Ele não tem o sobrenome Jones.

Então, voltando ao assunto, hoje é o aniversário do meu pai. Ele está completando 53 anos de idade e eu vou à festa dele mais para vê-lo, pois não o encontro com frequência. Não adianta negar que nos distanciamos desde que ele se separou da minha mãe. No começo, ele me convidava para fins de semana com ele, mas o problema era que Emma sempre estava junto. Eu arrumava desculpas para não ir, e com o tempo ele não me convidava mais; passamos a nos ver apenas em eventos importantes e em datas como a de hoje. Ele tem a personalidade de um jovem. É alegre, romântico, carinhoso e verdadeiro, por isso faz festa em todos os aniversários. É muito carismático e extrovertido.

E, mesmo assim, eu consegui me distanciar dele.

A culpa é delas: da Laura e da Emma. Da Laura porque ela não tinha nada que se meter com um homem que já tinha família, e da Emma, simplesmente, por ela existir.

Eu sou dramático? Insensível?

Você fala assim porque não esteve na minha pele. Não sabe o que é acordar com o choro da sua mãe de madrugada. Não sabe o que é ver sua mãe se entregando à bebida e implorando para que você a ajude a reconquistar seu pai.

Eu achava que estava conseguindo juntá-los. Deixa para lá.

Vou parar de nhé, nhé, nhé e entrar logo nesta festa.

Entro pela porta da casa com sensações muito conhecidas por mim: saudade e tristeza.

— Olá. Que bom que veio, Ethan.

Nossa! Eu não poderia ter sido recebido por um anfitrião mais agradável?

— Claro que vim, afinal esta festa é para o meu pai. — Pego uma taça de um garçom que passa ao meu lado.

Essa garota não se toca? Será que não se cansa de levar patadas?

— Ele está louco para ver você. — Emma me olha de uma forma perturbadora e inocente que me irrita demais.

— Emma, pode se encarregar de fazer companhia aos convidados. Não precisa ficar no meu pé. — Afasto-me dela e espero que ela não venha atrás de mim.

Estou conversando com algumas pessoas. Ainda não encontrei meu pai.

A frase que mais ouço é: "Ethan, você está cada dia mais parecido com seu pai, na beleza e na inteligência". E isso me deixa orgulhoso. Apesar dos seus defeitos, Paul Jones é um exemplo para mim.

— Espero que estejam aproveitando bem a festa. Foi minha filha quem a preparou para mim. Acreditam? — Meu pai aparece e cumprimenta cada um que está ao meu redor.

Quando chega a minha vez, ele me envolve num abraço e me puxa para outro canto.

— E aí, filhão? Nossa! Como você está bonitão, Ethan! Já arranjou namorada?

— Obrigado, pai. Não arranjei ninguém que precise conhecer. — Sorrio, meio constrangido.

— Você ainda é jovem mesmo. Está gostando da festa? Foi sua irmã quem a preparou.

Ele tinha que tocar no assunto? Fala sério. Ele adora me torturar com isso ou o quê?

Está entendendo por que eu o evito?

— Ah... Não é difícil preparar uma festa quando se tem muito dinheiro e pessoas à sua disposição, né, pai? E Emma não é minha irmã. Nunca será. Mas, mudando de assunto, soube do contrato que eu consegui para a empresa da minha mãe? — Pronto. Agora a conversa vai longe.

Não me passou despercebida a sua decepção quando eu respondi mal sobre Emma, mas não posso fazer nada quanto a isso.

***

Ela tinha que estar aqui? Minha ex-namorada é mais grudenta que Super Bonder; não consegue assimilar na sua cabeça de vento que acabamos.

— Venha comigo, Ethan. — Ela me puxa e eu sou obrigado a segui-la até o jardim. Tenho mesmo que lhe dizer algumas verdades. — Querido, sinto tanto a sua falta. Pensei que fosse ligar para mim. Você deixou um grande vazio no meu coração. — Emily tenta me seduzir.

A verdade é que já me cansei dela. Nosso namorico só durou pela insistência que ela tem.

— Emily, você sabe muito bem que eu não te ligaria mesmo! Acabou! — digo, sem fazer rodeios, seguro-a pelos pulsos para impedir que ela me agarre e a afasto um pouco de mim.

Essa mulher já está me irritando. Eu conheço uma caça-tesouros de longe.

— Querido, olhe para mim. Nós formamos um belo casal — ela choraminga, insinuando-se, passando as mãos pelo corpo. — É sério que você prefere a sua irmãzinha? — Do que essa louca está falando? — Eu vi como vocês conversavam mais cedo. Ela está caidinha por você. É sério que prefere aquela magrela?

— Você está louca? — questiono em um tom cheio de raiva. Ela não poderia dizer maior asneira. — Nem agora, nem nunca! Ela não é minha irmã, e muito menos eu me interesso por ela. Aquela esquisita, puxa-saco. Eu a odeio, assim como odiei a mãe dela. Nunca mais repita isso! — ameaço-a com os olhos pegando fogo.

Ela tenta me dizer alguma coisa, no entanto, nem entendo o que é. Agarro-a e a beijo com força e ódio, quase rasgando sua boca. Quem sabe ela some da minha vida de vez.

Quem ela pensa que é para ter dito que eu gosto da Emma? E por que a chamou de magrela? Emma não é magrela, tem o corpo de uma deusa. E olha que tem apenas 17 anos. A Emily que é muito peitudona, bundudona, pernudona e não tem nada de delicado na aparência.

Ok, não vou desdenhar dela só porque não quero mais nada com ela. Mas ela também não tem que ficar chamando as outras de magrelas.

Eu prefiro a Emma? Arg! Não prefiro nem a Emily nem a Emma. Emma nem deveria ser mencionada como mulher, como uma opção para mim.

A ARMADILHA DO CEO - De repente, casadaOnde histórias criam vida. Descubra agora