Capítulo 24

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ETHAN

Depois de jantados, vamos eu e Emma conversar no quarto. Na verdade, eu a sigo.

— Você deve estar cansado, Ethan, mas não vou negar que estou curiosa sobre o que me falou na cozinha, de que tem algo para mim. Só que tenho algo para te dizer antes — Emma diz assim que fecha a porta atrás de si.

— Não estou cansado, e quero muito ouvir o que você tem para me dizer.

A janela aberta exibindo a lua cheia forma uma cena romântica ou sou eu que estou virando uma mulherzinha?

— Sente-se aqui — ela pede e eu me sento na cama.

— Pode dizer. — Cruzo os braços.

— Primeiro de tudo: saiba que desde o primeiro instante em que te conheci, quando eu ainda era criança, simpatizei com você. Eu tentei, de coração, criar um laço de amizade, mas você não facilitou em nenhuma de minhas tentativas.

É sobre isso que ela quer falar? Estou cansado de me lembrar de minhas idiotices.

— Emma, me desculpe... — falo amargamente.

— Me deixe terminar — repreende-me.

— Continue.

— Jamais pensei em desistir de ser sua amiga. Eu e Paul sonhávamos que, algum dia, nós três iríamos sair em férias, e eu dava esperanças a ele de que conquistaria a sua amizade. Porque eu realmente tinha esperanças, Ethan. Mas aí, no aniversário de 53 anos dele, eu te vi com a Emily. Vi muito ódio em seus olhos e te ouvi me xingando, dizendo odiar a minha mãe e tudo que tinha a ver comigo. Isso me destruiu por dentro e acabou com qualquer chance que eu esperava ter de me aproximar de você. No fundo eu pensava que era apenas pirraça de sua parte. Mas não era. E eu te odiei por isso. Desisti de você e passei a desprezá-lo, a sentir tanta raiva de você. — Ela para e respira.

Um peso enorme caiu sobre os meus ombros.

— Eu sinto muito, Emma. — Seguro suas mãos na tentativa de não a deixar ficar triste, todavia percebo que ela já está chorando.

— Eu nunca deveria ter desistido, Ethan. — Soluça. — Eu deveria ter continuado tentando. Teria evitado tudo isso.

— Como assim, Emma? Nada disso é culpa sua. Olha aqui para mim. Agora é a minha vez de falar. Pode ser? — Seguro seu rosto com uma mão de cada lado, obrigando-a a me encarar.

— Pode.

— Eu te odiava sim. Do fundo da minha alma, eu te odiava. Eu me sentia culpado por querer me aproximar de você porque minha mãe sofria tanto. Ou se fazia de sofredora. Não estou pondo a culpa nela, Emma, mas estou dizendo que eu te odiava por você ser tão doce e linda, por ser tão gentil e carinhosa comigo, mesmo eu sendo um idiota, escroto, com você. Mesmo eu te odiando, você fazia eu me sentir bem, e isso me deixava mal. E esses sentimentos me acompanharam até alguns dias atrás. Mas depois de fazermos amor, foi como se o véu que tapava os meus olhos caísse. Eu te amo, Emma, e sempre te amei. Eu me apavorei tanto quando percebi a burrada que fiz durante a vida toda. O que o meu orgulho me fez fazer foi surreal. Mas agora te digo que não me arrependo. — Ela estreita os olhos, sem entender. — Eu não me arrependo de ter feito o que fiz, porque se fosse ao contrário, a gente não estaria aqui agora e eu não veria os meus verdadeiros sentimentos por você. Agora, a única coisa que me resta é saber se você me perdoa, Emma, e se me permite tentar fazer com que você me ame.

Sinto meu corpo relaxar e percebo uma paz dentro do meu ser, que aumenta quando Emma sorri, chorando para mim.

— É você mesmo, Ethan Jones? — Ela começa a sorrir sem parar e eu entro na dela. — Eu também amo você. — Ela falou tão baixo, que duvido ter ouvido.

A ARMADILHA DO CEO - De repente, casadaOnde histórias criam vida. Descubra agora