Capítulo 32

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ETHAN

— TRÊS MESES?! — reclamo com o doutor, que acabou de me informar que estarei inteiro dentro de três meses.

Ele tira os óculos e o dobra.

— Olha, Ethan... Entendo que deve ser difícil para você ter que ficar acamado quando tem que ir se explicar para a sua esposa, mas já conversamos sobre isso. Prefere ficar aleijado?

Eu já contei a minha história para meio mundo que entrou aqui, em minha prisão hospitalar.

— Três dias e nada da minha Emma vir me ver. Estou praticamente acabado por dentro. Não sou capaz de entender como ela consegue duvidar de mim assim, tão fácil, doutor. Será que eu mereço toda essa desconfiança? E tudo que vivemos? Ela pensa que não teve valor?

Ele me olha, compreensivo.

— Se quer se explicar ou se revoltar com ela, tem que ter a perna saudável para fazer isso com dignidade. Ficará um mês engessado e fará dois meses de fisioterapia. Depois disso, estará novinho em folha. — Sorri e sai porta afora.

Novamente, encontro-me sozinho.

— Isso é uma injustiça! — grito do meu quarto. — Saibam que vou provar que ela está sendo injusta comigo!

Por que a vida está fazendo essa sacanagem comigo?

Amanhã sairei daqui. Com gesso e tudo vou encontrar Emma. Vou encontrar a Emily e a Suzane também. Irei pôr as três frente a frente e...

— Emma? — Quase tenho um infarto quando a vejo entrar.

Ela me olha, séria, e eu posso notar o sofrimento estampado em seu rosto.

— Eu vi a notícia agora há pouco no jornal e vim ver como você está — fala, fria.

Eu preferia que ela não tivesse vindo. Doeria menos que essa frieza no olhar dela. Nunca, em todos esses anos, eu a vi me olhar assim.

— Você está bem? — pergunto, aflito.

Ela sorri, cínica.

— Não graças à sua vontade, meu amor, mas sim porque o meu plano saiu melhor que o planejado.

Do que ela está falando?

— Emma, eu preciso muito que você converse comigo calmamente. Preciso que se esqueça de qualquer mentira que a Emily tenha te contado. Eu errei apenas em não te contar a armação que ela fez na noite em que cheguei tarde em casa, mas entenda que não tive culpa de nada, meu amor — praticamente suplico para ela. Se fosse possível, iria me ajoelhar aqui e agora.

Emma desaba a rir. O que me corta desde a ponta do umbigo até a ponta da garganta.

— Você venceu, Ethan. Eu até quis vir aqui e tentar sair por cima, mas você tirou nota 10. — Sorri, sarcástica.

— Você me julgou como louco há uns três meses, mas quem está parecendo uma louca agora é você, Emma — digo, impaciente. — Tem coragem de jogar fora tudo que vivemos e planejamos juntos só por causa de uma mentira que Emily te contou? — Estou furioso.

— Então, vai negar que esteve com ela naquele dia em que chegou meia-noite em casa? — Sorri.

— Não era meia-noite. E eu estive com ela sim, mas não da forma como ela te disse, Emma. Por que é tão difícil para você me ouvir, meu amor? — Estico os braços em direção a ela, que está muito longe de mim. Estou sentado na cama feito um bebê.

— Não tente, Ethan. Não seja tolo de pensar que pode me fazer de idiota novamente. Nesses três dias me vacinei contra qualquer tentativa sua de me enganar. — Já vai saindo friamente.

A ARMADILHA DO CEO - De repente, casadaOnde histórias criam vida. Descubra agora