30| We'll go to New York

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  Eu: A Kate o quê?! O que se passou? - estava a tentar arduamente perceber o que se passava, uma vez que Kate tinha acabado de se cruzar comigo lá em baixo e estava razoavelmente bem. Ele pega na minha mão e sentamo-nos na sua cama, dando-lhe algum tempo para se recompor.

  Encontrávamo-nos com os joelhos encolhidos e com as costas apoiadas na cabeceira da cama até que a sua voz começa a ser ouvida.

  Ash: A Kate automutilou-se... - o meu coração acelerou consideravelmente e as minhas mãos começaram a tremer enquanto tentava proferir alguma palavra.

  Eu: Mas como? E porquê? Explica se faz favor... - sentei-me de frente para o meu irmão, ao seu lado de pernas cruzadas para conseguir perceber o sofrimento que lhe escorria nos olhos e para lhe dar apoio telepaticamente de forma a ele conseguir dar início à sua explicação.

  Ash: Eu vim para o quarto mal chegámos e ela veio atrás de mim para me acalmar, estivemos a falar um bocadinho, mas quando ouvimos a água do teu chuveiro decidimos ir tomar banho. Ela hesitou muito ao início e estive quase a ceder, porque ela podia não se sentir à vontade, uma vez que nunca tínhamos estado daquela forma um perante o outro, mas na minha última tentativa de a convencer, ela apesar de nervosa aceitou. - engoliu em seco provavelmente a pensar no que acontecera depois - quando nos despimos estávamos ambos de frente para o espelho e eu estava demasiado concentrado em ela que não vi os pormenores nos seus braços. Ela cabisbaixa virou-se para mim e estendeu-me os seus braços voltados para cima, dando-me a mostrar os vários riscos marcados maioritariamente no braço esquerdo...

  Eu: E tu? Que fizeste?!

  Ash: Acho que estava triste, mas chocado acabando por me escorrer uma lágrima.

  Eu: Ela explicou-te o porquê disto? Eu não fazia ideia, ela parece tão bem...

  Ash: Ela explicou, mas quer ser ela a contar-te essa parte... Ela sabe que eu ia desabafar contigo e disse para não te explicar essa parte... - ele sorriu - e inacreditavelmente ela até sabia que ias perguntar isso.

  Eu: Nós tornámo-nos muito próximas e agora até me sinto mal por nunca ter percebido que algo que a incomodava se passava.

  Ash: Então sabes exatamente como me sinto...

  Eu: Mas pronto, hoje não a vou massacrar, amanhã falo com ela... Agora vais ter de ser forte por ti e por ela para a conseguires tirar desse abismo, não à força, mas sim por ela se sentir suficientemente bem para também o abandonar.

  Ash: Sim, eu já sei o que vou fazer...

  Ouvimos alguém a bater à porta, que depois de ter sido dada autorização de entrada, revela-se como sendo o Calum perguntado se pode ir ali tomar banho. Rimo-nos e Ashton assente.

  Eu: Vamos descer?

  Ash: Sim, vamos lá... - eleva o seu tom de voz gritando para Calum - despacha-te para irmos comer!

  Ambos nos rimos embora fracamente, pois as circunstâncias não davam para mais. Ainda não acredito no que o Ashton me contou, eu pensava que tudo estava bem com a Kate, ela está sempre bem disposta e a rir. Quando acabamos de descer as escadas vejo a Kate a vir da cozinha e a entrar na sala sendo recebida por um abraço caloroso de Ashton. Os nossos olhares cruzam-se e ficamos a encarar-nos mutuamente enquanto que lhe esboço um sorriso o qual é correspondido embora de uma forma envergonhada provavelmente por nos ter revelado algo tão sensível.

  Sento-me no sofá dando a mão a Luke que estava a ser tratado pela minha mãe que lhe desinfetava as feridas. Passado um bocado Calum desce as escadas ainda com o cabelo molhado e sentamo-nos todos nos sofás a comer algumas sandes previamente preparadas, só mesmo para alimentar. O relógio batia as duas da manhã e todos queríamos ir descansar apesar de nos encontrarmos demasiado bem acordados e despertos. O meu pai também estava connosco, encontrando-nos todos no mesmo local e perante a imagem desta família toda reunida e unida não pude evitar sorrir. Apesar de não ter mencionado anteriormente Liz também nos acompanhava sempre de olho no filho. A minha mãe tosse e, de seguida, direcionando alguns olhares ao meu pai, começa a falar.

I will never let you go || Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora