50| Epílogo

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           20 de outubro

           Inês,

  Não sei realmente como começar isto... Já se passaram 2 meses, e que dois meses... Fazes tanta falta, preciso de ti... Sim, continuo a precisar de ti e tu já não estás aqui... Deves estar a perguntar-te pela Carolina. Passou alguns dias na casa da minha mãe, mas já está comigo. É tão difícil, eu olho para ela e só vejo o teu reflexo...Tenho tantas saudades tuas Inês, como é que isto foi acontecer? Logo a nós, logo a ti... A nossa bebé está a crescer e só penso como é que, daqui a alguns anos, lhe vou revelar a verdade... Que te deixei ir naquele dia, àquela hora, àquele supermercado onde apareceriam aqueles monstros...

  Lembras-te dos nossos sonhos? Das nossas promessas? Dos nossos planos? Nós íamos voltar a Nova Iorque e ia ser ainda melhor que da última vez... Todos os dias abro esse albúm e passo as fotos, deixando cada uma marcada com uma nova lágrima... Foi lá que criámos a Carolina, numa noite especial, num sítio longínquo sob a felicidade das nosssas almas. Almas essas que hoje estão separadas, frias e tristes... Infelizes...

  Não sou só eu que estou assim Inês, cada vez vejo melhor quantas pessoas gostavam realmente de ti, e te relembram a cada dia. O teu irmão está inconsolável... Ele esconde a tristeza, mas comigo e com a Kate não consegue fingir e dá por si a recordar todos os vossos momentos... Ele vai ser pai outra vez e todos os dias se repreende por não te ter contado, por pensar que tinha tempo de fazer um almoço com todos... Afinal, mal nós sabíamos que não havia tempo nenhum... Vai ser uma rapariga, a nossa Carolina vai ter uma priminha para brincar às bonecas... Também o Michael e a Lucy estão desfeitos, eles querem casar, mas não sabem como o fazer. Não sabem se aguentam o facto de, do altar, olharem para trás e não te verem... Tal como todos os dias olho para o lado da cama e não te vejo... Ainda tenho a esperança que tenha sido um pesadelo, sabes?! É que é tão difícil de encarar...

  E nós Inês, nós íamos casar. Eram só dois dias... Sabes o quanto custou ir batizar a nossa pequena sem a tua presença e ter de explicar a situação ao padre? Custou tanto que atrasámos o batizado até as minhas lágrimas conseguirem ser controladas, pelo menos, por breves momentos...

  Durmo com a Carolina e todas as noites lhe conto a história de dois adolescentes que se conheceram na escola, no primeiro dia de aulas, logo com uma discussão. Adolescentes esses que acabaram por cair nas manhas do amor e da paixão e que acabaram com muitos amigos, uma segunda família, a viajar e a terem uma princesa com o dia do casamento à porta. Antes de chegar ao final ela já adormeceu... Ainda bem, como lhe diria? Como poria em palavras aquilo que só o meu coração sente?

  Sabes o que mais me dói? É recordar... Recordar a nossa história, recordar o nosso começo, recordar as nossas peripécias... Recordar o nosso primeiro beijo, recordar a nossa primeira vez, recordar a nossa primeira viagem, recordar os nossos planos para o futuro, aquele que já tínhamos começado a construir... E, acima de tudo, recordar todas as vezes em que me disseste "Eu nunca te vou deixar ir...", e agora Inês?! As lágrimas já me escorrem, porque eu não tive essa opção! Eu fui forçado a deixar-te ir... Eu nunca tive a oportunidade de te dizer que nunca te deixaria ir, e acabei por ter de deixar... "Amo-vos muito!" foram as tuas últimas palavras... "Amo-te" foi o teu último pensamento, escrito naquela mensagem que nem tempo teve de ser enviada...

  Custou tanto a iniciar esta carta, e agora nem sei como a acabar. Se calhar é melhor deixá-la como a nossa história, inacabada. Inês continuo a amar-te e semp-

  Para sempre teu,

Luke

I will never let you go || Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora