22°

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Depois da nossa pequena discussão nos sentamos na parte da poupa do navio e ficamos olhando para o mar.
-Você se lembra de quando eu te convenci a pegarmos um bote escondido e darmos uma volta ? - perguntei quebrando o silêncio.
-Pedro e Susana ficaram furiosos, tivemos que andar com seguranças por um mês. - ele disse sorrindo.
-Pois é, valeu a pena. Provei pela segunda vez que nado mais rápido que você. - comentei sorrindo.
-Eu deixei você ganhar.
-Na casa do tio Kirke, você também me deixou ganhar? - perguntei com um sorriso sapeca.
-Para a sua informação, deixei sim. - ele disse sério, porém com um olhar divertido. - Não queria te magoar.
-Oh, então estou na presença de um cavalheiro.
-Sempre esteve.
O olhei de forma engraçada e comecei a rir.
-Você sempre ri de tudo. - ele disse sorrindo.
-Eu sei, acho que devo ter sido um hiena em minha vida passada. - dei de ombros.
Ele sorriu.
-Você me faz querer não sair do seu lado. - ele disse colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.
-Isso é bom, não quero que saia. - me inclinei um pouco em sua direção.
Ele sorriu e chegou perto o suficiente pra sentir sua respiração em meu rosto, fechei os olhos.
-Hey casal! - ouvimos Lúcia nos chamar e corei. - Caspian quer nos mostrar uma coisa.
-Já vamos. - disse Edmundo meio contrariado.
Ele estendeu a mão para me ajudar e assim eu fiz, seguimos Lúcia até o "escritório" de Caspian.
-Para onde estão se dirigindo? - perguntou Edmundo assim que entramos.
-Ah - respondeu Caspian -, isso é uma longa história. Talvez ainda se lembrem de que, quando eu era criança, meu tio Miraz usurpou o trono e livrou-se de sete amigos de meu pai, mandando-os explorar os Mares Orientais além das Ilhas Solitárias. E nenhum deles voltou.
-O navio deles pode ter naufragado. - murmurei.
Caspian me encarou e suspirou.
-Realmente pode ter ocorrido, mas seria muia confidência. No dia da minha coroação, com a aprovação de Aslam, jurei que se um dia estabelecesse a paz em Nárnia navegaria durante um ano para encontrar os amigos de meu pai, ou ter a certeza da morte deles e vingá-los caso pudesse. Seus nomes eram lorde Revilian, lorde Bern, lorde Argos, lorde Mavramorn, lorde Octasiano, lorde Restimar e... oh!... há mais um...como é mesmo?...
-Lorde Rupe, senhor. - acrescentou Drinian o Capitão do navio.
-Exatamente, lorde Rupe. - disse Caspian. - Esta é a minha intenção principal.
-E onde estamos exatamente? - perguntei encarando o mapa em cima da mesa.
-Nossa posição é esta - disse capitão Drinian apontando com o dedo. - Ou, pelo menos, era, hoje ao meio-dia. Tivemos um vento magnífico desde Cair Paravel e paramos um pouco ao norte de Galma, aonde chegamos no dia seguinte. Estivemos no porto durante uma semana, pois o duque de Galma tinha organizado um grande torneio em honra de Sua Majestade, que desmontou muitos cavaleiros...
-E levei também umas tremendas quedas, Drinian. - observou Caspian. - Ainda tenho as marcas...
Encarei ele e não pude conter o riso, assim como os Pevensie.
-... e desmontou muitos cavaleiros. - repetiu Drinian, com um trejeito. - Pareceu-nos que o duque teria ficado muito contente se o rei tivesse casado com a filha dele, mas isso não aconteceu...
-Ela tem olhos tortos e sardas - justificou Caspian.
-Oras, a maioria das pessoas com sardas que conheço são bonitas. - comentei.
-Você diz isso por que não a viu. - ele retrucou. - Sua opinião mudaria num instante.
-Coitadinha! - exclamou Lúcia.
-Saímos de Galma. - continuou Drinian - e por dois dias pegamos uma grande calmaria que nos obrigou a remar, mas o vento voltou e levamos quatro dias para chegar a Terebíntia. Aí,
o rei nos mandou um recado para que não desembarcássemos, pois havia peste no país. Assim, dobramos o cabo, ancoramos numa pequena enseada longe da cidade e recolhemos água. Tivemos de ficar ancorados três dias nesse lugar, antes que apanhássemos um vento sudoeste para seguir a caminho das Sete Ilhas. No fim do terceiro dia, um navio pirata, alcançou-nos, mas quando nos vi bem armados afastou-se, depois de rápida troca de flechas... Cinco dias mais tarde estávamos à vista de Muil, que, como sabem, é a mais ocidental das Sete Ilhas. Remamos através dos estreitos e, perto do anoitecer, chegamos a Porto Vermelho, na ilha de Brena, onde nos receberam festivamente, e onde nos abastecemos à vontade de víveres e água. Deixamos Porto Vermelho há seis dias e temos navegado com tanta rapidez que esperamos ver as Ilhas Solitárias depois de amanhã. Em resumo, estamos no mar há uns trinta dias e já navegamos mais de quatrocentas léguas desde Nárnia.
-E além das Ilhas Solitárias? - perguntou Lúcia.
-Ninguém sabe, real senhora. A não ser que os próprios habitantes das ilhas saibam nos informar.
-Não sabiam na nossa época. - respondeu Edmundo.
-E também tem a existência de serpentes marinhas. - Drinian acrescentou.
-Serpentes marinhas? - perguntou Edmundo zombeteiro.
-Bem, acho que vão querer as suas coisas de volta. - disse Caspian mexendo no armário. - Lúcia... - ele entregou a ela uma caixinha, ela a abriu e sorriu.
-É o meu elixir, e o meu punhal. - ela disse animada.
-Aqui Amanda. - ele me entregou a minha aljava com o arco e a espada. - Tomei a liberdade de acrescentar algumas flechas.
-Caspian, é por isso que eu te amo. - falei avaliando uma flecha.
-Acho que isso ainda deve lhe servir para algo. - disse Caspian entregando a lanterna a Edmundo que se animou e Caspian lhe estendeu a espada de Pedro.
-Não, é sua. - disse Edmundo. - Pedro te deu.
-Ele ia querer que usa-se. - insistiu Caspian.
Edmundo olhou para mim como se pedisse a minha opinião e eu sorri como se dissesse "não tem mau algum em aceitar" e ele pegou a espada.
°°^°°
Depois do jantar me sentei na proa e fiquei lá vendo sol se por, até que senti alguém se sentar ao meu lado e vi Edmundo.
-Pensei que estava se aprontando para ir dormir. - ele disse.
-Você sabe que eu durmo tarde.
-E acorda tarde também.
-Aí já não é minha culpa. - levantei os braços em forma de redenção.
-Você é bem doidinha.
-Obrigada.
Ficamos um pouco em silêncio até eu me lembrar de uma coisa.
-Sobre o que você estava falando com Chad?
-Assunto de homens.
-Desde quando vocês tem assuntos de homens?
-Desde sempre Quinzley.
-Devo me preocupar?
-Talvez.
Ergui a sombrancelha, ele sorriu e ficou me encarando.
-Para de me olhar assim.
-Assim como? - ele perguntou se aproximando.
-Do jeito que está fazendo.
-E por que deveria? - ele se aproximou mais.
-Ed...para de ser besta.
-Como você é complicada. - ele reclamou.
-Não sou complicada, só não gosto que fiquem me olhando.
-Porque?
-Por que é vergonhoso.
-Não é não, gosto de te olhar.
Eu abaixei a cabeça corando e ele me fez olhar para ele.
-Você está corada, que bonitinho. - ele disse me fazendo tapar o rosto com as mãos. - Está vendo como você complica as coisas? - ele perguntou tirando minhas mãos do rosto.
-Você que me faz complicar. - murmurei.
Ele sorriu e me beijou, após o beijo eu o abracei e escondi meu rosto em seu pescoço e ele me apertou mais contra ele, eu estava tão confortável que poderia dormir em seus braços.
Passamos um bom tempo em silêncio até eu sentir ele suspirar fundo.
-Acho melhor irmos dormir, somos os únicos que ainda estão aqui. - disse Edmundo ainda abraçado comigo.
-Bem, eu estava quase dormindo. - murmurei me virando para ele.
-Se quiser pode dormir comigo...
-Não, não quero fazer ninguém acordar assustado. - falei.
-Eu não acordaria nem um pouco assustado.
-Você diz isso por que não sabe o mostro que meu cabelo se transforma de manhã.
-Acho que você está fugindo do assunto.
-Certo, eu realmente estou. - murmurei apertando ele. - Não é que eu não queira dormir com você, é que eu não sei...desculpe.
-Tudo bem, vamos? - ele perguntou se levantando junto comigo.
Ele me levou até o quarto de Caspian e eu o encarei confusa.
-Caspian cedeu o quarto para você e Lúcia. - ele explicou.
-Então, bons sonhos. - falei segurando a mão dele.
-Você também. - ele disse beijando minha testa.
Ele deu dois passos para trás, eu respirei fundo e o puxei lhe dando um beijo, no começo ele se surpreendeu, mas não demorou muito para ele corresponder. Passei os braços em volta de seu pescoço e acariciei sua nuca, enquanto ele apertava minha cintura, paramos o beijo mas continuamos do mesmo jeito com as testas coladas.
-Tem certeza de que não quer vir comigo? - ele murmurou passando o nariz em minha bochecha.
-Infelizmente eu tenho. - respondi ainda lhe acariciando a nuca.
-Amy, você acabou de estragar o clima. - ele respondeu me fazendo rir fraco.
-Agora repetirei uma coisa muito sabia que você me disse : "É melhor irmos dormir".
-Boa noite. - ele disse.
-Boa noite Ed. - respondi lhe beijando a bochecha.
Ele sorriu e me soltou, acenei para ele e entrei no quarto, onde Lúcia já estava dormindo e me deitei no sofá me entregando ao sono.
°°^°°
Senti algo acertar minha cabeça e abri os olhos com raiva.
-Quem foi o f...
-Eu não acredito que você dormiu no sofá! - exclamou Lúcia. - Entram três pessoas nessa cama e você foi pro sofá?!
-Pois é, e você poderia esperar mais uns quinze minutos antes de me acordar. - murmurei me sentando. - Estava tendo um sonho bom.
-Vamos logo antes que percamos o café da manhã. - disse Lúcia me puxando.
Olhei em volta e vi que alguns marujos já estavam trabalhando.
-Você tem algo para prender o cabelo? - pergunte des enroscando o mesmo com a mão.
-Aqui. - ela disse me entregando um elástico.
Ajeitei meu cabelo e o prendi em um rabo de cavalo enquanto entravam os na cozinha, que estava praticamente vazia.
Peguei uma maçã dei uma mordida e fui para o deque, me sentei em uma escada que levava a parte de cima da proa e fiquei lá sentada terminando de comer a maçã, assim que terminei ouvi o fraco tilir de espadas e me levantei apressada para ver o que acontecia.
Vi Caspian e Edmundo disputando um pequeno duelo e sorri vendo a felicidade deles, a disputa durou quase dois minutos e terminou com Edmundo desarmando Caspian, o mesmo sorriu falando algo a Edmundo e colocando a mão em seu ombro, Edmundo sorriu e eu fui em direção ao convés atrás dele.
-Como está o espadachim mais habilidoso de toda Nárnia? - perguntei atrás dele.
-Melhor agora. - ele respondeu se virando para mim com um sorriso. - Dormiu bem?
-Como uma pedra.
-Ela dormiu no sofá. - disse Lúcia se aproximando. - Dá pra acreditar?
-Se eu me deitasse na cama ou te acordaria ou você teria um mini infarto por me ver de manhã. - me defendi.
-Ei, Amanda. - disse Caspian se aproximando também. - Posso lhe pedir um favor?
-Claro. - respondi dando de ombros.
-Você pode dar umas dicas sobre uma luta ao Thomas? Eu tentei mas ele não pega.
-Claro, eu já ia fazer isso mesmo. - respondi sem olhar para Edmundo.
-Obrigado.
-Agradeça quando ele aprender algo. - respondi me afastando.
Vi Thomas sentado encarando sua espada me aproximei.
-Você ainda quer ter aquela aula? - perguntei chamando a atenção dele.
-Você não vai gostar nada de me ensinar.
-Como tem certeza se nem comecei?
Ele sorriu e se levantou, peguei a minha espada e esperei ele se preparar.
-Quando quiser. - falei o apressando.
Ele me atacou devagar, fazendo com que eu o desarmá-se apenas me defendendo.
-Já vi você fazer melhor. - falei girando a espada enquando ele se recompunha.
Ele segurou a espada com mais firmeza e me atacou.
-Isso, mantenha os pés firmes. - falei atacando-o mais depressa. - Vamos, mais rápido, força.
Eu o atingi com mais força, Thomas escorregou caindo no chão e coloquei a espada em sua garganta.
-Um deslize desses e você morre. - alertei abaixando a espada e o ajudando a levantar.
-Eu sou péssimo!
-Não é, não. - avisei guardando a espada. - Só precisa praticar.
-Princesa! - gritou Ripchip - Nós vamos desembarcar.
-Estou indo. - gritei de volta. - Tente praticar um pouco mais. - avisei a Thomas e fui até o bote onde estavam Caspian, Lúcia, Eustáquio e Edmundo.
-As ilhas solitárias parecem abandonadas. - comentei.
-Eu sei, estranho não? - disse Lúcia e eu concordei com a cabeça.
-Como foi a aula? - perguntou Eustáquio.
-Ele não é tão ruim, só precisa de mais prática e auto confiança.
-Ele aprende com o tempo. - completou Lúcia.
-Os outros não vão vir? - perguntei assim que percebi que só havia nós cinco indo até a ilha.
-Não, só se não aparecem os até as três. - respondeu Caspian.
Passamos o resto do caminho até as ilhas em silêncio, desembarcamos e fomos explorar um pouco o local.
-Está quieto demais. - alertei olhando em volta. - Por que não estou tem um bom pressentimento?
-Talvez por que o local esteja abandonado. - respondeu Edmundo.
-Mas isso não justifica a sensação de estar sendo observada.
-Pensei que era coisa da minha cabeça. - disse Lúcia.
Nos aproximamos de uma porta enorme e Eustáquio correu até nós.
-Está tudo abandonado, já podemos ir embora? - ele perguntou nervoso.
-Ele é parente de sangue de vocês? - perguntou Caspian indignado com o garoto que tremia e Lú fez um barulho concordando.
-Vocês não vão entrar aí dentro vão? - ele perguntou quase gaguejando.
-Pode vir junto se quiser. - disse Edmundo. - Ou ficar de vigia aqui fora.
-Ficar de vigia, ótima ideia primo. - concordou Eustáquio.
Caspian lhe entregou um punhal e entramos, o lugar era totalmente vazio, só havia sinos pendurados no teto e um pequeno altar com um caderno em cima, nos aproximamos e vimos diversos nomes riscados.
-O que aconteceu com os nomes riscados? - perguntei.
-Não faço ideia. - respondeu Lúcia.
-Parece uma colheita. - disse Edmundo.
-São mercadores de escravos. - alertou Caspian.
Os sinos pendurados começaram a tocar e um homem saiu de dentro de cada um com um facão em mãos, empunhei a espada e eles eles vieram para cima de nós.
O que estava duelando comigo não era tão bom com a espada, mas em compensação era bem forte, comecei a ataca-lo com mais rapidez estava quase desarmando-o quando escultei um grito feminino e todos paramos para ver o que era e vi um homem entrar segurando Eustáquio pela orelha, trinquei os dentes e o encarei com raiva.
-Eustáquio! - dissemos todos com raiva.
-Abaixem as armas, ou a garotinha morre. - disse o homem colocando a adaga de Caspian no pescoço de Eustáquio.
-Não sou uma... - ele não terminou de falar quando sentiu a faca encostando nele.
Vi Lúcia jogando sua espada no chão e fiz o mesmo assim como os garotos.
-Bela decisão, prendam eles.
O troglodita que estava lutando comigo se aproximou sorrindo e eu socei seu rosto o que fez o homem sorrir mais.
-A garotinha é forte. - ele avisou o Chefe.
-Ela vai para o leilão.
Vi Edmundo, Caspian e Lúcia tentando escapar enquanto eu me afastava do brutamontes.
-Vamos logo, não tenho o dia todo. - ele disse.
-Você deveria ter mais respeito, sabe com quem está falando?!
-Com uma garotinha.
-Com a princesa de Nárnia, agora se afaste antes que eu mesma tenha que dar um jeito em você.
-Oh, você é princesa? - ele zombou. - Que bonitinho, você vai nos render um bom dinheiro.
Ele me puxou e eu comecei a me debater tentando me soltar, olhei em volta e vi que estavam arrastando os outros também.
-Me solta! - gritei com raiva. - Quando eu me soltar você vai desejar nunca ter me visto seu imbecil!
-Levem ela, a garotinha e o rapaz que grita feito uma garota para o leilão, sabem o que fazer com os dois.
-Não! - gritei me debatendo tentando ajuda-los. - Edmundo! Caspian!
-Amanda! Lúcia! - gritou Edmundo também tentando se soltar.
-Edmundo! - Lúcia gritou assim que começaram a nos levar.
Tentei me soltar dele, mas ele estava me segurando com muita força, comecei a me desesperar assim que a porta começou a se fechar dei uma última olhada para os dois antes de me puxarem com brutalidade quase me derrubando.
Nos levaram para um canto perto da entrada, onde agora havia um pequeno palco, nos algemaram e prenderam as algemas em uma corrente na parede, aos poucos iam juntando cada vez mais narnianos a nós.
-Amanda, você está bem? - perguntou Eustáquio que estava ao meu lado.
-Nunca estive melhor, sabe. - respondi ironicamente. - Adoro quando meninos gritam como garotas e estragam tudo, fazendo com que sejamos vendidos em um leilão, enquanto estão fazendo sei lá o que com Edmundo e Caspian!
-Amanda, chega. - disse Lúcia. - Eu também estou preocupada.
-Eu não tenho paciência Lúcia, eu tento me controlar mas está difícil! Se os garotos estivessem aqui eu não estaria assim. Eu estou com raiva, preocupada e... Bem resumindo eu estou mau.
O brutamontes me prendeu se aproximou e levou Lúcia até o palquinho de ofertas onde começaram a oferece-la, eu mau ouvia o que estavam dizendo, vi que colocaram uma placa de vendida nela e o troglodita veio me soltar, ele me levou até o palco e Lúcia ficou de pé atrás dele como se para mostrar o que já foi vendido.
-Ela é uma bela garota, é forte e muito habilidosa com uma espada. - disse o Chefe e ouvi risinhos maliciosos.
-Tem alguma palhaça aqui?! - perguntei com raiva.
-E como podem ver ela tem personalidade forte.
O Chefe fez um sinal para o brutamontes e ele se aproximou de mim, assim que ele incostou nas minhas costas soquei o rosto dele com a pesada algema de ferro fazendo com que ele cambalea-se.
-Se incostar em mim de novo eu faço pior! - gruni.
Ele olhou para mim e limpou a boca que estava sangrando, levantou a mão para me bater e o Chefe interveio.
-Nada de bater na mercadoria, ainda mais um tão preciosa quanto essa.
-O que quer dizer com preciosa? - perguntou um homem.
-Ora, vocês estão diante da Princesa de Nárnia da era de ouro. - ele disse atraindo ainda mais a atenção de todos. - Como vocês sabem, o Rei Caspian os invocou a pouco tempo e aqui está ela, A Bondosa.
-Ela parece mais uma fúria. - zombou outro homem.
-Você também pareceria com uma se estivesse no lugar dela. - disse uma voz um tanto familiar.
-Agora o leilão, 10.500 pela moça, quem dá mais?!
-12.500!
-14.300!
-20.000!
-30.000 pela moça!
-Mais alguém?! - ninguém se pronunciou. - Vendido!
Colocaram uma placa igual a de Lúcia em mim e me deixaram ao lado dela, percebi que havia outras duas garotas lá também e dei de ombros vendo o leilão de Eustáquio.
-Animo, ele pode feder como um leitão. - disse o Chefe. - Mas tem músculos.
-Ei, eu ganhei o prêmio de higiene escolar por três anos seguidos! - ele protestou.
-Até uma criança de dois anos é mais forte que ele! - gritou um homem.
-Alguém vai comprá-lo?
-Eu alívio você desse peso, alivio de todo esse peso! - disse Ripchip aparecendo junto a Drinian e começando uma guerra, outros da nossa tripulação apareceram também, fui para cima do troglodita e comecei a brigar com ele, algemada mesmo. Eu estava a um passe de conseguir pegar sua faca quando alguém atira nele com o arco altomatico.
-Eu estava conseguindo! - avisei quem quer que tenha atirado.
Rip se aproximou de mim e soltou minha algema.
-Obrigada. - agradeci e corri para procurar Edmundo.
Corri desviando de golpes e flechas que passavam e de vez em quando eu parava para lutar com alguém, me abaixei desviando de um chute e acabei esbarrando em algo grande olhei para trás e vi o homem enorme que havia me comprado.
-Você vem comigo. - ele disse me puxando.
-Ah, mas não vou mesmo! - gruni me soltando e pegando uma corda no chão.
-O que pretende fazer com isso? - ele perguntou com um sorriso presunçoso.
-Algo que você não vai gostar. - alertei lhe dando uma chicotada com a corda.
-Sua...!
-Ainda dá tempo de correr. - interrompi ele e me preparei para lhe dar outra chicotada.
Ele se aproximou de mim e lhe acertei no pescoço fazendo com que a corda enrosca-se no mesmo.
-Última chance. - alertei e ele veio para cima de mim.
Joguei a corda para cima e escorrguei por baixo dele indo para o outro lado,a corda caiu em mim frente e eu a segurei.
-Eu avisei. - falei antes de puxar a corda com força o erguendo uns cinco centímetros do chão, a soltei e corri para o outro lado, assim que cruzei o mesmo um homem caiu atrás de mim, olhei para cima e vi Caspian lutando com outro.
-Você está tentando me matar ou é impressão? - perguntei quando ele jogou outro em minha direção.
-Desculpe eu não tinha te visto. - ele respondeu.
Vi um homem carregando meu Arco e minha espada e fervi de raiva.
-Pode parar aí! - gritei. - É bom me devolver ou eu mesma pego e atravesso a lâmina da espada em você!
Ele olhou de mim para as minhas coisas, as jogou em mim e saiu correndo.
-Seu imbecil! Se elas tivessem caido eu acabava com você! - gritei antes dele sumir por completo.
Vesti minha aljava e a espada e senti alguém me olhando, olhei para cima e vi Caspian.
-As vezes você é assustadora. - murmurou Caspian.
Ignorei e atirei nos mercadores de escravos que ainda restavam.
Os narnianos começaram a comemorar e eu respirei fundo me juntando a Lúcia.
-A sua raiva passou?
-Um pouco, cansei de ser vista como uma pessoa fraca.
-Você não é fraca, nunca foi.
Respirei fundo mas não respondi, Caspian deu um pequeno discurso no qual não prestei atenção e nos juntamos a ele para irmos embora e vi Edmundo ao lado dele.
-Majestade, espere. - gritou um homem. - Deixe-me acompanhá-lo, já fui marinheiro posso ser de grande ajuda.
Caspian o encarou como se pedisse a razão dele querer nos acompanhar.
-Minha mulher, ela sumiu naquela névoa, tenho que procurá-lá.
-Está bem, pode nos acompanhar.
-Papai! - gritou uma garotinha.
-Está tudo bem Gael, fique com a sua tia.
Ele nos acompanhou e fiquei encarando a garotinha que segurava o choro, sorri fraco para ela e passei a acompanhar os outros.
-Senhor! Meu Rei! - gritou uma voz feminina atrás de nós e nos viramos.
-Também podemos acompanha-los? - perguntou outra garota, no caso eram as duas que foram vendidas.
Caspian fez uma cara de quem iria negar.
-Por favor, meu noivo está lá. - insistiu.
-Não posso deixar minha irmã ir sozinha. - disse a outra.
Encarei Caspian esperando um não, mas ele aceitou olhei para ele indignada pela ideia absurda e ele me ignorou, respirei fundo e um velho barbado todo grisalho entregou uma espada a Caspian, que por sua vez entregou a Edmundo, a espada estava praticamente emparedada pelos anos que não foram gentis com a mesma.
Me virei para as garotas, que estavam olhando a cena e sorri.
-Sou Amanda. - falei estendendo a mão.
-Nós sabemos. - elas responderam se aproximando dos garotos.
As encarei perplexa e as segui.
-Não gostei delas. - murmurei para Lúcia.
-Eu também não. - ela concordou.

Nárnia Princess | AnotherTale  [Sendo Alterada]Onde histórias criam vida. Descubra agora