Ouço um coração bater, sinto uma braço em volta da minha cintura e alguém acariciar minha bochecha, sorriso ao lembra que dormi com Edmundo e abro os olhos dando de cara com o mesmo.
-Bom dia. - ele murmurou sorrindo.
-Bom dia. - respondo abraçando ele.
Ele me aperta mais contra ele e beija minha testa.
-Conseguiu dormir?
-Huhum, e você?
-Melhor que nunca.
-Tão galanteador... - murmurei sorrindo.
Ele ia me falar algo quando senti o barco tremer e ouvi um barulho forte de chuva, logo depois pessoas gritando.
Nos levantamos rapidamente e começamos a nos ajeitar, quando eu ia colocar meu sapato ele me segurou e olhei para ele sem entender.
-Espera aqui, não sabemos o que é.
-É uma tempestade, precisam de ajuda e eu vou ajudar. - falei voltando a calçar meu sapato.
Ele bufou e foi na frente, assim que ele abriu a porta veio tanto vento e água em mim que parecia que estava cortando meu rosto, abaixei a cabeça tentando não pegar tanto vento e Edmundo passou o braço ao meu redor me abraçando, tentando me proteger do vento, andamos até os marinheiros vi que alguns tentavam puxar a corda para guardar a vela mas não conseguiam, então puxei também e Edmundo fez o mesmo.
Assim que conseguimos o pai da Gael veio em nossa direção.
-Majestades, não precisamos de ajuda. - ele disse.
-Mas...
-Só precisamos saber o que faremos, a tempestade está muito forte e não vai passar tão cedo.
-Falarei com Caspian. - disse Edmundo.
O pai da Gael concordou com a cabeça e Edmundo me puxou para irmos até a cabine de reunião.
-Eu acho isso tão errado. - murmurei escondendo o rosto que já devia estar vermelho de tanta chuva e vento que eu peguei.
-Eu sei. - ele respondeu me apertando mais contra ele por causa do frio.
Entramos na cabine de reuniões e todos estavam lá, menos Eustáquio obviamente.
-O que aconteceu com vocês? - perguntou Caspian. - Por que não pegaram as capas de chuva?
-Tem capa de chuva? - perguntei e vi todos mostrarem a deles.
-Estão preocupados com a tempestade. - disse Edmundo.
-Certo, já vamos conversar sobre isso. - disse Caspian. - Mas acho melhor as garotas irem para o quarto antes que a tempestade piore mais.
Edmundo me apertou um pouco mais contra ele e suspirou.
-Tem uma capa de chuva sobrando para ela? - ele perguntou e Drinian me entregou uma.
-Vamos, logo. - apressou Parry.
-Tudo bem? - ele sussurou.
-Podia melhorar. - respondi vestindo a capa e indo atrás dela.
-Tenta não matar ninguém. - murmurou Lúcia do meu lado segurando na mão de Gael.
Saímos da sala de reuniões e senti a chuva bater mais forte em meu rosto, segurei a toca da capa de chuva, abaixei a cabeça e acelerei o passo indo entrando no quarto junto a Lúcia e Gael e vi as irmãs em pé olhando em volta, tirei a capa de chuva peguei uma roupa seca e fui me trocar atrás do biombo.
-Então, como seu noivo foi parar na névoa? - perguntou Gael quebrando o silêncio.
-Isso não te interessa. - gruniu Parry.
-Poderia ter um pouco mais de educação. - falei me aproximando.
-Não vejo motivo para usá-lá com vocês. - disse Pansy.
Girei os olhos peguei um livro e me sentei no sofá abrindo o mesmo e lendo, Gael e Lúcia se sentaram do meu lado.
-Não vão se sentar? - Lúcia perguntou.
-Não, sabemos o que a princesinha e o Rei Edmundo fizeram nela. - disse Parry.
-Não fizemos nada. - respondi mudando a página do livro. - Mas se quiserem em ficar de pé...
-O Edzinho deve ter muita dó de você. - disse Pansy me fazendo respirar fundo de raiva. - Você ficou tão desesperada com a concorrência que fingiu que iria se matar para ficar com ele, típico.
-Eu não fingi. - me limitei apenas a dizer isso.
-Ah, claro que não. - ela ironizou. - Primeiro você se deixar ser capturada por coisas supostamente invisíveis, depois dá uma de louca tentando se matar e ainda vai para a cama como meu Edzinho!
-Olha, eu já disse que não fingi nada. - falei aumentando a voz. - E até onde eu sei Edmundo não é um animal de estimação para ter dona, e seu nome é E-D-M-U-N-D-O e não Edzinho.
-Escuta aqui, ele é meu e eu o chamo do jeito que eu quiser. - ela disse apontando para mim. - E se você der em cima dele de novo, eu não respondo por mim.
-Você é tão agressiva! - falei colocando a mão no peito. - Você parece um homem bêbado, mulheres não são assim, são delicadas.
Ela gruniu de raiva.
-Quem você pensa que é para falar assim com a minha irmã?! - gruniu Parry.
-Amanda Quinzley, Princesa de Cair Paravel desda era de ouro de Nárnia, coroada pelo próprio Aslam, símbolo de bondade e coragem, amiga Caspian desde de antes de sua coroação, filha mais nova de Edwart e Mary Quinzley, sobrinha de Digory Kirke e atualmente uma navegante em um dos melhores barcos de Nárnia.
Elas me encararam caladas, eu sorri cínica e voltei a ler o livro.
°°^°°
Já devia ter passado umas duas semanas desde que a tempestade começou e nada de espadas ou estrela azul do Coriakin, eu tinha pesadelos todas as noites e sempre acordava chorando, mau saia do quarto, minha única diversão era conversar com Lúcia e Gael e ler algum livro, eu mau via Edmundo ou Caspian.
Eu estava em um lugar mau iluminado, frio e ouvia pessoas gemendo me aproximei devagar e vi minha família sendo torturada, a pessoa gargalhava a cada corte que fazia no corpo deles, me aproximei com raiva pronta para proteger a minha família e a pessoa se vira para mim, como se eu estivesse na frente de um espelho macabro, eu me vejo com o sangue dos meus familiares em minha roupa, eu sorria friamente e tinha um olhar escuro.
-Por que fez isso? - perguntei.
-Você fez isso. - ela/eu disse se aproximando e segurando minha bochecha com a mão. - Eu tenho muito que lhe agradecer.
-Agradecer o que?! - perguntei me afastando com raiva.
-Você não se matou, e é isso o que irá acontecer com você. - ela disse apontando para si mesma. - Irá ficar igual a mim, não é magnífico?!
-Não! Eu não vou me tornar você!
-Mas é claro que irá! - ela disse com raiva e eu apaguei.
Eu acordei escuro, corri e me deparei com grades me cercando, do nada vi uma imagem d'eu torturando meus familiares, era como se fosse eu mesma, eu tentei de tudo para faze-la parar, mas nada deu certo.
Eu estava sentada segurando meus joelhos e chorando enquanto ela gargalhava e continuava seu trabalho.
-Amanda?! - ouvi uma voz ao longe.
Eu me levantei com um pulo e vi Lúcia, Gael me encarando.
-Está tudo bem? - perguntou Edmundo atrás de mim.
Eu confirmei com a cabeça chorando e murmurei um pedido de desculpa.
-Tudo bem. - disse Lúcia. - Vem Gael, vamos deixá-los conversar.
Lúcia saiu do quarto com Gael e eu Edmundo ficou me encarando.
-Você está bem? - ele murmurou.
-Estou ótima, foi só um pesadelo. - falei secando as lágrimas.
-Você não dorme direito a dias. - ele disse se sentando na cama.
-Vou melhorar.
-Quando Lúcia disse que não estava conseguindo te acordar eu vim correndo.
-Ela...não conseguia me acordar? - murmurei confusa.
-Isso está piorando, não está?
-Provavelmente.
Ele abaixou a cabeça, eu me aproximei dele e o abracei por trás.
-Hey, eu estou bem. - lhe dei um beijo na bochecha.
-Eu não quero te perder. - ele segurou minha mão.
-E não vai. - falei virando o rosto dele para mim. - Eu aguento tá? Não vou morrer por causa de pesadelos.
Ele sorriu fraco, eu soltei ele e me afastei um pouco.
-Eu te amo. - sussurei sorrindo.
Ele se aproximou e me derrubou na cama.
-Repete. - ele disse sorrindo.
-Não.
-Repete ou...
-Ou?
Ele sorriu maroto e começou a me encher de cosegas, eu ria, me debatia, gritava pedindo para ele parar, quando eu estava quase perdendo o ar ele parou e me encarou.
-Agora vai repetir? - ele perguntou maroto.
-Certo. - respondi me recuperando.
Ele me encarava com os olhos brilhando, eu coloquei a mão em seu pescoço e o puxei para mim.
-Eu te amo, Edmundo Pevensie. - sussurei em seu ouvido.
-Eu também te amo, Amanda Quinzley. - ele sussurrou de volta.
Ficamos nos encarando até ele me dar um beijo, ouvimos a porta ser aberta com brutalidade e nos afastamos.
-Sai de perto dele! - vociferou Pansy.
Não nos mexemos, apenas encaramos ela assustados.
-Está esperando o que? - continuou ela. - Ele é meu!
-Vai começar. - murmurei.
-Vem Edzinho, sai de perto dela!
Ele não se moveu, apenas olhou ainda mais confuso para ela.
-O que você está fazendo? - ele perguntou.
-Edzinho, você é meu! Tem que ficar comigo!
-Acho que você está confundindo as coisas Pansy. - ele disse se sentando e eu fiz o mesmo.
-Mas, você tem que ficar comigo!
-Pansy, eu gosto da Amanda. - ele disse me olhando. - Eu amo ela.
-Está errado Edzinho, você me ama, só não sabe disso ainda. - ela insistiu. - Ela está te usando, ela não te ama, ela ama o Caspian!
-Como é? - engasguei com a saliva.
-E você sabe que é verdade. - ela disse saindo do quarto e batendo a porta.
-É melhor irmos, a tempestade já passou e logo vamos desembarcar. - ele disse se levantando.
-Ed... - murmurei.
-Vamos. - ele me estendeu a mão e saímos do quarto.
°°^°°
Nós desembarcam os na ilha totalmente deserta, sem plantas, sem animais e eu olhei em volta estranhando.
-Recolham todo o alimento que acharem. - disse Caspian e o mesmo se aproximou de nós. - Vamos dar uma olhada na ilha.
Ele saiu na frente, eu, Edmundo e Lúcia o seguimos, ele parou de frente a buraco.
-Alguém desceu aqui. - ele indicou a corda que estava pesa em uma pedra e que ia para dentro do buraco.
-Vamos dar uma olhada. - disse Edmundo descendo.
Eu desci logo depois dele, olhei em volta e vi que era uma gruta, havia um pequeno lago com uma estátua de ouro dentro, era tão perfeita que parecia um homem de verdade.
-Era um dos fidalgos. - disse Caspian atrás de mim.
-O que você acha que aconteceu com ele? - perguntei realmente curiosa.
-Não faço ideia. - ele respondeu com a mão em meu ombro.
-Ele devia estar tentando fazer algo. - disse Edmundo pegando uma raiz seca.
-Tipo? - perguntou Caspian.
Edmundo respondeu encostando a raiz na água, ela começou a virar ouro e ele a sultou no lago antes que o mesmo acontecesse com ele.
-Nossa. - exclamei surpresa.
Ele pegou uma concha e fez o mesmo que fez com a raiz, só que o soltou no chão, assim que ela ficou totalmente dourada ele a pegou.
-Veja Lúcia, Amanda. - ele disse ainda encarando a concha. - Quem tiver acesso a essa fonte, será a pessoa mais poderosa do mundo. Não precisaríamos mais nos preocupar com quando nosso pai vai nos buscar, Lú... E nem vamos precisar obedecer ninguém! Amanda, isso é perfeito não?
Eu o encarei sem reconhecê-lo e senti Caspian apertar mais meu braço.
-Não pode levar isso! - disse Caspian.
-Quem disse? - provocou Edmundo.
-Eu, o seu rei!
-Você não é meu rei! - Edmundo aumentou a voz.
-Ed, para. - pedi.
-Eu cansei de ficar na sombra dos outros, primeiro Pedro e agora você! Você sabe que sou muito mais corajoso que vocês dois! - ele disse me ignorando. - Você pode tirar a minha glória, mas não pode me tirar isso e nem a Amanda!
-Como é? - perguntei confusa.
-Acha mesmo que não vi vocês na ilha de Coriakin?! - ele aumentou a voz.
-Estavamos conversando, não fizemos nada! - expliquei. - Eu desabafei com ele, foi só isso!
-E se tivéssemos feito algo mais, o que você tem haver com isso?! - provocou Caspian. - E se você quiser mesmo levar isso, só tem um jeito de resolvermos.
Edmundo sacou a espada com um grito e foi para cima de Caspian, eles começaram a doelar, saquei minha espada e entrei na briga prendendo a espada dos dois.
-Parem com isso! - falei.
-Será que vocês não percebem? - gritou Lúcia. - Estão tentando vocês!
Eles se entreolharam e abaixaram a espada, fiz o mesmo e me afastei, olhei para o lago e vi uma espadas.
-Ei, aquela não é uma das espadas? - perguntei.
-É sim. - confirmou Caspian.
-Mas por que não virou ouro? - perguntou Lúcia.
-São mágicas. - disse Edmundo se aproximando da beira do lago.
Ele esticou a espada para pegar a outra e quase escorregou, ele se esticou um pouco mais e a puxou Caspian pegou a espada e saímos do buraco.
Eu estava muito brava pelo fato de Edmundo não confiar em mim, mas também não queria discutir com ele de novo, minha cabeça começou a dor, fechei os olhos e coloquei a mão na mesma, podia jurar que eu estava fazendo uma careta de dor.
-Está tudo bem? - perguntou Lúcia.
Abri os olhos e vi tudo ficar meio borrado.
-É só uma dor de cabe...
°°^°°
-Amanda! - ouvi alguém me chamar em meio a um rugido. - Acorde!
Eu acordei e percebi que não estava mais na ilha e sim no quarto do navio, me levantei rapidamente e me arrependo no mesmo instante pela dor de cabeça que apareceu, olhei ao redor a procura de quem me chamou, mas não havia ninguém.
Peguei minha espada e meu arco, sai do quarto e fui até a proa onde Lúcia estava conversando com Drinian.
-Você devia estar descansando! - reclamou Lúcia.
-Eu estou bem.
-Que diabos é aquilo?! - exclamou um marujo apontando para a ilha.
Encarei a mesma e vi uma coisa grande se aproximar, me apoiei no beiral para ver direito e vi um dragão, e ele carregava algo.
O dragão começou a pegar velocidade e se aproximava cada vez mais rápido, nisso eu vi que ele estava carregando Edmundo, meu coração parou, eu não sabia o que fazer.
-EDMUNDO! - gritei quando o dragão deu a volta para a ilha.
-Preparem o bote! - gritei correndo até o mesmo.
-Onde pensa que vai?! - perguntou Drinian me segurando.
-Vou ajudá-lo!
-Mas o rei Caspian.
-Bem lembrado, ele não está aqui e o mais perto de um Rei que vocês tem sou eu e a Lúcia, então na ausência dele vocês nos obedecem. - alertei.
-Lúcia é a rainha e não você! - gruniu Pansy.
-E Lúcia você concorda em voltarmos até a ilha? - perguntei impaciente.
-Mais é claro, é o meu irmão! - ela respondeu.
-Então está decidido. - falei indo com Lúcia até o bote.
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Nárnia Princess | AnotherTale [Sendo Alterada]
FanficDurante a segunda guerra mundial os pais de Amanda acabam tendo que deixá-la na casa de seu tio, ainda desconhecido pela garota, para que ela possa ficar longe de bombardeio que datam pela cidade. Durante o período na casa de seu tio ela acaba conhe...