Acordei no susto com o pesadelo sobre a noite passada. Sonhei que o Marcos me prendia dentro da casa dele e fazia comigo coisas horríveis. Fui ao banheiro e lavei meu rosto. Desci pra pegar alguma coisa pra comer. Entrei na cozinha e dei de cara com a minha mãe:
- Ér, oi mãe
- Olá Maria, como anda escola? - ela falou enquanto aguardava a lasanha congelada ficar pronta
- Ah estou me adaptando, difícil, só... - ela me interrompeu no meio da conversa
- Difícil Maria? Você que optou em mudar de escola, agora aceite as consequência, não vou gastar dinheiro a toa e ficar te trocando de escola por sua vontade. - Fiquei irritada e fechei a cara resmungando:
- Não se preocupa, seu dinheiro será poupado - ela tirou a lasanha do microondas, e colocou no balção perto da pia, enquanto eu tomava um café amargo e meio frio
- Esse será o jantar, se quiser sirva-se e chama o Lucas para comer - peguei um pedaço e fui, com o prato na mão, chamar o Lucas
- Lucas, sai ai, a moça que aparece periodicamente nessa casa esquentou lasanha e é nossa! - ele abriu a porta sorrindo e com cara de sono, achava-o bonito demais para maturidade de menos, e mesmo depois de tantos anos, ainda me perdia naqueles olhos azuis piscina, fiquei olhando quieta pra ele, apreciando seus olhos, e ele estralou os dedos na minha cara:
- Acorda Madu
- Oi, o que que você disse?
- Disse que ia descer sua maluca, e você ficou ai parada olhando pra mim, não se apaixona porque primo com primo não rola - ele riu
- Eca, se toca - falei saindo da frente dele e descendo as escadas ate a sala, sentei no sofá para comer aquela gororoba que tava mais pra vomito do que pra lasanha. Lucas sentou do meu lado com sua gororoba e ligou a tv, e falou:
- Ei, não se estressa com a Tia Vic, ela está estressada com a empresa e com seu pai
- Osh e porque iria me estressar? To acostumada com a ausência e arrogância dela - ele empurrou levemente minha cabeça com a mão
- O que você tem em? Anda tão distante, é a nova escola?
- Ah Lu, é que tá tudo muito bagunçado na minha cabeça ainda... - comecei a falar sobre o que se passava comigo depois do ano passado que foi como uma avalanche em minha vida. Apesar de todas as encrencas o Lucas sempre tentou me entender, e ser próximo como um irmão, afinal morávamos sob o mesmo teto a dez anos. Meus tios haviam falecido em um acidente de carro quando ele tinha 9 anos, depois daquilo minha mãe o adotou, e sempre cuidou dele, ele era meu irmão mais velho e chato, mas um tanto compreensivo. Contei sobre a escola e sobre as meninas que tinha conhecido. E ele falou:
- Madu, está na hora de um recomeço literal, não adianta mudar tudo em sua vida, se você não mudar. Trocou de escolha, terminou com o Marcos, mas nada mudou, você ainda vive com a culpa e a raiva em você, mude e as coisas irão melhorar. - Fiquei pensando e o agradeci pelo conselho, fui para o meu quarto dormir mais um pouco, afinal, mal havia dormido e estava esgotada da noite passada, deitei com as palavras do Lucas ressoando em minha cabeça e entrei em um semi coma noturno.
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
Teen FictionMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!