Um tempo se passou depois da festa na casa da Lari. Eu e o Marcos nos grudamos mais do que o normal, e da mesma forma rolou com meu novo triozinho amoroso de amizade. Tati não me respondeu e mal me cumprimentava na escola. Algo que me entristeceu na verdade.
Em casa as coisas estavam fluindo. A barriga da minha mãe já me dava gastura e meus parentes ressurgiram até da terra do nunca para vê-la. Mas era algo suportável.
A escola, era simplesmente a escola, um saco. Mas saber que era meu último ano me tranquilizava.
A manhã na ESPMJ passou rápida, mal deu pra notar que ainda era segunda-feira. Fui esperar o Marcos no portão, algo que passou a acontecer sempre depois da festa e dos nossos supostos amassos.
- Eai Madu, vamos? - falou ele olhando nos meus olhos enquanto eu moscava fazendo um mapa mental de tudo que estava acontecendo ultimamente.
- Ér vamos sim, só espera a Larissa. Ela pediu pra irmos em uma papelaria com ela.
- Beleza então.
Nesse meio tempo em que a esperávamos a Tati passou do nosso lado, e cumprimentou o Marcos com a cabeça. Ela continuou andando e eu a seguindo com os olhos, que mal reparei na feição inconveniente que o Marcos estava fazendo.
- Eai vagabonds vamos? Preciso comprar uns papéis pra fazer o trabalho de bio e preciso comprar hoje, então vamo parando de moscar. - falou a Larissa toda avoada
- Tá maluca fia, você nem trabalho faz, vamo largando a mão de ser falsa. - falei rindo e andando ao lado dela.
- Querida para de ser invejosa que aqui é nota dez. - Nós três rimos e continuamos seguindo e falando merda.
Depois de irmos na papelaria, fomos fumar um chá com o Marcos na pista de skate.
Quando estávamos lá chapados percebi uma troca de olhares peculiar entre os dois, o que era bem engraçado no momento.
- Vocês já pararam pra pensar que certas coisas simplesmente precisam acontecer? - disse a Larissa na sua estranha brisa filosófica
- Tinha uma amiga na antiga escola que vivia falando que nada é por acaso, então eu concordo. Por exemplo, se não tivesse acontecido tanta merda antes de ir pra ESPMJ não teríamos nos conhecido amiga.
- É, mas se parar pra pensar assim, vamos sempre empurrar com a barriga e deixar acontecer por simplesmente achar que deve. - Marcos falou e eu mal entendi, só nos olhamos e dei risada
- Eu acho que certas coisas são definidas antes mesmo de acontecer, a uma predeterminação do nosso próprio ser, que nos conduz até onde chegamos. O que explica um amor à primeira vista, uma paixão inexplicável. - Falei enquanto a Larissa me olhava com uma feição pensativa e o Marcos apenas encarava uma pilastra
- Tá querendo justificar sua significante queda pela tal da Tati? - Ele disse, roubando levemente minha brisa
- Que queda, tá maluco?
- Ai amiga por favor...
- Que isso, um complô contra mim agora? Eu não sinto nada por ela, apenas interesse comum como com todos os outros, gosto de me relacionar com as pessoas, nada mais.
- Madu, você olha pra ela do mesmo jeito que olhava pra... Quer saber, deixa pra lá. - o Marcos disse num tom de seriedade
- Vocês tão roubando demais em caralho - a Larissa disse vendo nosso princípio de discussão eminente. Olhei pra ele e simplesmente ignorei, pois sabia o quanto estava certo. Mas também sabia que estava comparando com quem não tinha nada haver, mas queria evitar briga.
- E vocês dois, quando vão parar de se encarar e arranjar desculpa pra ficarem juntos e assumir o que tão sentindo? - Falei meio sem pensar
- Cê tá chapada mesmo né menina, vamo embora que seu mal é sono. - Disse o Marcos todo nervoso e sem graça, fazendo eu e a Lari rir.
Levantamos em sentido à casa da Larissa e a deixamos lá. Prosseguimos pra casa do Marcos e ficamos por lá, porque não tava afim de escutar sermão do Lucas por chegar tarde sem avisar/chapada.
Jogamos um pouco de vídeo game, e eu ganhei como sempre. Quando a brisa já tinha passado sentamos pra comer algo e conversar. Dois hambúrgueres do jeitinho ex-casal apaixonado que fazia sempre que estava chapado e ficavam ainda mais apaixonados por conta dos dotes culinários um do outro. Afinal não tinha pra ninguém o nosso hambúrguer.
- Madu, eu não to afim da Larissa tá, ela é sua amiga
- E quem disse o contrário aqui? - falei entre risos
- Palhaça, você sabe de quem eu realmente to afim...
- Marcos, ainda tá nessa? Sério eu não ligaria de te ver feliz, nem se fosse com alguém tão próximo a mim. Mas você sabe que se tentarmos algo agora, só vai dar merda.
- E como você sabe tudo isso? A gente nem viveu nada ainda.
- Olha sinceramente...
- Sinceramente vamos deixar como está ne Madu, como você sempre diz...
- Bobinho - disse passando o dedo cheio de queijo na sua boca, fazendo ele rir. - Você sabe que te amo, e sabe que to feliz demais em te ter novamente em minha vida, mas não quero te machucar de novo.
- Você sabe que vai me machucar?
- É... Eu meio que sei.
- Ah sabe? E como vai fazer isso?
- Tem outra pessoa, sempre tem outra pessoa... E eu to muito confusa.
- Quem Maria? Quem? Quem vai te impedir de nos dar outra chance?
- Olha tá ficando tarde... Melhor eu ir.
- É, melhor mesmo, não quero acabar falando merda.
- E muito menos eu, estamos bem como estamos. - Falei terminando de comer meu hambúrguer e pedi pra que me levasse até a porta. Fui andando até em casa, e mexendo no celular. Até que de repente, recebi uma mensagem inesperadamente boa, que me roubou sorrisos durante o resto do dia... E constatei que certas coisas, simplesmente acontecem...
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
JugendliteraturMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!