O que diabos eu to fazendo!

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Acordei com a minha cabeça gritando por aspirina. Mal abri o olho e vi que não estava no meu quarto, então toda a cena da noite passada passou pela minha cabeça. Que loucura! Me vesti assim que levantei da cama, o Marcos não estava la, então presumi que devia ir embora. Quando abri a porta esbarrei com ele, que derramou um pouco do café que estava na caneca no chão.
- Ta fugindo Madu? - Ele disse enquanto me dava a caneca, desviava de mim e entrava no quarto. - Pera que eu te levo, não precisa de presa.
Voltei pro quarto dele enquanto bebia do café.
- Nunc.. - Repensei antes de falar. - Quase nunca precisei fugir de você migo. - Nos rimos, ele trocou de bermuda e eu terminei meu café. Descemos e a mãe dele estava na cozinha, a cumprimentei e deixei a caneca la, me despedi e fomos pra minha casa. Ficamos quietos no caminho mas quando estávamos perto, ele disse:
- Olha, pra mim não significou nada se não significar pra você! - Eu ri com a forma sem jeito que ele disse.
- Sempre significa, somos amigos ué, com particularidades. Mas desculpa, passei dos limites ontem, aquela criatura me tira do sério e muita coisa aconteceu junto. Obrigado por cuidar de mim e me fazer ficar bem.
- Ahhh, com você sendo fofa assim, eu faço isso sempre. - Ele disse passando a mão pelos meus ombros e me apertando. Nos rimos. Vi um carro parado na frente da minha casa, fiquei preocupada e acelerei o passo. Marcos me acompanhou. Mas quando cheguei perto reconheci o carro e o motorista conversando com o Lucas perto do portão.
- O que ta fazendo aqui Pietro? - Disse interrompendo a conversa dos dois e os fazendo olhar pra mim. Encarei-o nos olhos e o Lucas vendo minha reação respondeu por ele.
- Ele veio atras de você que sumiu a noite toda, e alias, oi Marcos.
- Ér oi, Madu ja deu minha hora, to indo. - Marcos respondeu sem graça, mal olhou pros dois, beijou meu rosto e saiu.
- Desculpa Lu, eu ja entro, pode nos dar um tempo. - Disse toda educada, nem parecia estar surtando por dentro.
- Beleza maridiota, qualquer coisa da um grito. - Ele olhou pra mim e tocou na mão do Pietro sorrindo.
- E então, porque ta aqui? - insisti na pergunta.
- Vim te ver. Precisamos conversar, quer da uma volta?!
- Não! Não preciso te dizer nada, ja você, se tiver, pode falar.
- Por que ta tão arrisca gatinha?
- Sério?
- Sério Madu, não sei porque ta assim!
- Porque tendo ou não alguma relação com você, não sou obrigada a ficar vendo seus pornos durante as festas.
- Então ta com ciúmes? - Ele disse rindo, o que me fez ficar vermelha de raiva, revirar os olhos e abrir o portão pra entrar, dando as costas pra ele. Mas, ele me puxou, me virou e encostou a boca na minha. Sussurrou:
- Se queria exclusividade era só falar baixinha, mas você retribuiu com um ex, então estamos quities. - Pressionou mais nossos corpos e acabou me beijando. Não minto. Correspondi a ideia e pensando entre os beijos, vi que realmente tava fazendo muita tempestade em copo d'água e tinha feito mais merda do que podia cobrar dele. Ficamos ali se beijando por um tempo e eu o parei. Olhei nos olhos dele e disse:
- Você é um besta mesmo. - Sorri.
- Sabia que ia ceder. Mas vou te deixar descansar, sua noite aparentemente foi longa.
- Não é o que ta pensando.
- Sei... Vou pra casa, só queria ver se tá tudo bem, mais tarde a gente se vê, quero saber direito desse seu lado barraqueiro e ciumento em festas.
- Pode ser, me liga. - Disse sem graça entrando pra casa e sorrindo, ele entrou no carro, acenou e saiu. Quando abri a porta, minha mãe estava no quarto. Já era la pras 13h30. Olhei pro Lu que estava sentado na mesa comendo torrada, peguei uma e fui subindo a escada. Ele gritou:
- Vou nem perguntar nada, mas fica esperta dona moça.
Eu dei risada, entrei no quarto e cai moída na cama, peguei o celular e só tinha uma mensagem da Lari perguntando se estava bem, mas nenhuma da Tati, sinceramente, me abalei com isso. Estava sem sono, resolvi só tomar um banho e tomar um remédio pra dor de cabeça. Desci e sentei no sofá com o Lu, então lembrei sobre o suposto término dele.
- Então o senhor ta solteirinho?
- Ah se sabe né, quem nasceu livre, não se contenta em gaiola.
- Nossa como tá perigoso, mas o que aconteceu?
- Ah ela ta em outra vibe, queria muita atenção, e depois que sua mãe ficou internada, meio que preferi ficar mais em casa e ela não curtiu muito a ideia.
- Que sem noção, que bom que terminaram, não aguentava mais ela tentando se entrosar comigo.
- Ai como você é rabugenta menina.
- Sou muito legal, obrigada. - Nos rimos e ficamos assistindo. Minha cabeça tava mais pra la do que pra ca, ao mesmo tempo que prestava atenção no filme, pensava naquele beijo louco na Tati ou naquela noite absurda com o Marcos. Decidi me arrumar e ir dar uma volta na cidade. Peguei meu fone e sai. Tava meio frio, decidi ir pra pracinha ficar la pensando. Felizmente não encontrei ninguém conhecido. Fiquei naquela ate anoitecer, e na minha cabeça eu meio que já aceitava que eu realmente estava gostando da Tati, mais do que deveria, mas também, algo forte me prendia ao Pietro e ao Marcos, pois se não, nada me levaria a transar com eles.
Vi no relógio que já eram 19h, liguei pro Pietro.
- Oi?
- Oi Madu, aconteceu alguma coisa?
- Osh, não doido. O que ta fazendo?
- To aqui perto da sua escola bebendo com a Larissa e meus primos.
- Ah sim
- Quer vir pra ca? Vou ai te buscar.
- To afim sim, vou ai, me espera. Vou andando, to perto.
- Não! Espera, ta onde?
- Na pracinha ué - Estranhei.
- Ta sozinha?
- Sim.
- To indo ai, me espera!
Ele desligou, eu estranhei porque realmente estava perto, não entendi porque queria me buscar, fiquei esperando. Ele chegou com o carro perto do banco que eu estava sentada e abaixou o vidro.
- Entra ai minha linda. - Eu sorri com o jeito que ele disse e entrei.
- Por que quis vir me buscar?
- Porque quero ficar um pouco sozinho com você.
- Pra que doido? - Eu disse me fazendo de besta e rindo sem parar. Ele riu também, se aproximou e me beijou. O beijo começou a ficar mais intenso e ele não tirava as mãos das minhas coxas e eu da nuca dele. Não sabia, como sempre, o que tava fazendo, mas sabia que estava fazendo tudo o que eu queria ter feito na noite passada, com a pessoa que eu realmente deveria ter feito!
Mordi forte os lábios dele e ele parou, sorriu, mordeu também seu lábio inferior e começou a dirigir.
- Pra onde a gente ta indo doido?
Ele não respondeu, fiquei quieta e as vezes soltando uns risos tímidos durante o caminho, fiquei brincando com seus dedos.
Estava sendo a mais inconsequente da vida nas últimas horas, mas estava adorando.

A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente. Onde histórias criam vida. Descubra agora