Depois dessa mensagem fui dormir com o sorriso de orelha a orelha. Não que isso faça alguma diferença, mas eu realmente me interessava por aquela menina.
Acordei com aquela felicidade ressoando em meus olhos, em que a pupila de tão dilatada quase preenchia o contorno castanho.
Dei bom dia pro Lu e para minha mãe, e fui logo me aprontando pra voar pra escola. Cheguei e ao entrar na sala me deparei com uma novata.
- Quem é essa Larissa?
- Aluna nova, transferida de outra cidade vizinha daqui - respondeu a Lilian cortando a fala da Lari.
- Hum, parece interessante, gosto de novatas, pelo menos temos mais um motivo para outra festinha de entrosamento - falei rindo e elas concordaram rindo comigo.
Quando a professora de física entrou na sala, pediu para que a caloura se apresentasse.
- Oi turma, eu me chamo Joyce, vim transferida de Estância Nova.
Enquanto ela falava fiquei reparando-a. Com aqueles cabelos ruivos, olhos verdes e pele branquinha. Atraente o suficiente pra me fazer sentir insegura com o meu físico comum, afinal cabelos castanhos e pele morena era bem constantes em Jarvenia. Agora alguém tão incomum, acabava por roubar suspiro de todos.
A aula rolou bem demoradamente, quando desci para o intervalo, vi a Tati e ela estava mais linda do que tudo. Passei e mexi no cabelo dela. Ela retribui rindo pra mim.
A Larissa sem perder tempo já exclamou:
- Meu eu sabia!
- Do que loca?
- Que desde que entrou aqui você não tira os olhos dessa menina. Relaxa amiga, se você curte... - interrompi ela antes de falar alguma besteira
- Meu você tá doidona?!
- Não, só tenho olhos, e eu to vendo esse lance desde o primeiro dia. Porque então levaria ela pra minha festa? Porque não volta logo com o Marcos se são tão próximos e superaram o que rolou antes?
- Amiga, você não pode tá falando sério né - falei com um sorriso sem graça
- Para de fogo Maria, meu, você tá fissurada por essa menina.
- Não to, cala a boca.
- Não vou falar mais nada mesmo, só já sei bem onde isso vai dar.
- E onde vai dar?
- Aí Madu fala com as minhas costas - falou ela andando na minha frente e eu dei risada. O tempo passou lentamente como de costume depois que voltamos para sala. Mas fiquei reparando na novata. Toda centrada e parecia uma boneca de tão meiga.
Larissa me mandou um bilhete me chamando para ir para a casa dela depois da aula já que seus pais tinham ido para o sítio da família resolver uns negócios.
Quando deu o horário, liguei para o Lucas para avisar que não iria para casa almoçar, pra acalmar o coração gravido da minha mãe que poderia dar pitaco se eu não chegasse na hora.
No caminho ela foi comentando:
- Amiga você tá certa, eu to louca pra pegar seu ex, já to falando aqui pra não dar problema - ela disse entre risadas
- Ah disso eu já sabia a bastante tempo na verdade. Principalmente depois da sua festa, quando ia na casa dele e o celular dele apitava de meia em meia hora.
- Ahhh palhaça, não eram todas minhas
- Só a metade né
- Você me conhece né querida. Mas então meu, você pode me contar as coisas, você sabe né...
- O que teria pra te contar Larissa? Você ainda tá nessa?!
- Vou encher seu saco até você ceder querida - ela falou rindo e abrindo o portão. Quando entramos, reparei alguém sentado no sofá e perguntei:
- Você não disse que seus pais não estavam?
- Mas não estão mesmo, esse é o afilhado da minha mãe, deve tá morto deitado aí. - falou ela se aproximando do sofá e cutucando-o. - Ei Pietro, acorda querido. - Ele olhou pra ela meio assustado e levantou. Quando o vi já fiquei super sem graça, ele era loiro, estava com o cabelo bem bagunçado e com cara de quem tinha bebido muito na noite passada. Era tão branquinho, tinha as bochechas e os lábios rosados. Seus olhos eram verdes. E na sinceridade, era gostoso pra caralho. Percebi que estava moscando e o cumprimentei:
- Oi sou a Maria - Falei acenando pra ele perto do balcão que dividia a sala e a cozinha. Provavelmente parecendo uma pimenta de tão vermelha. Ele olhou pra mim e acenou de volta, dizendo:
- Oi Maria, sou o Pietro - E abriu um sorriso que mais parecia o paraíso, juro que ele me deixou meio lesada. A Larissa deu risada e foi para cozinha preparar uns sanduíches para almoçarmos. Enquanto isso fiquei debruçada no balcão a olhando. Senti o Pietro me olhando, o que me deixou até animada, depois de ter tido minha autoestima destruída pela novata da escola.
A Larissa me deu o lanche e subimos para o quarto dela.
- Gato ele né Madu? - falou ela me fazendo rir
- Nós padrões amiga, nos padrões
- Sábado vamos para o sítio, por isso meus pais estão lá e ele veio pra cá, ele mora lá na pqp, aí como vai ter uma festinha de aniversário de um primo, veio pra cá. Falando nisso, o que vai fazer sábado?
- Porra nenhuma como sempre.
- Topa ir com a gente? Tem um lugar no carro.
- Nossa sério?
- Sim né amiga, não tenho primas e meus primos quando se juntam pra beber me deixam de lado.
- Vai chamar a Lilian?
- Com certeza ela não pode, então nem compensa - ela disse rindo
- Lógico que eu topo né amiga, já rejeitei algum?
- Ah sua safada, quero só ver. Tava pensando em chamar o Marquinhos também haha
- Sério isso? para de fogo sua louca, seu pai castra ele.
- Pior que é real, nem me atrevo.
Ficamos tão empolgadas com a história do sítio que mal vimos a hora passar. Lucas me mandou mensagem para ir jantar. Então fui embora correndo porque meu pai sempre enchia o saco se não jantássemos todos juntos, e tudo isso aconteceu depois que minha mãe engravidou. O que dava mais um ponto negativo para essa gravidez.
Enfim, quando cheguei em casa comi super pouco e fui pro meu quarto. Tava caindo de sono. Até que o Lu entrou no meu quarto.
- Eai doninha, tá tudo bem? Faz tempo que não conversa comigo. - Falou entrando e sentando no pé da cama. Olhei pra ele e tirei os fones. Achava super fofa essa atitude dele, de querer ser tão próximo a mim. Apesar de ser um chato e me irritar quase sempre, ele conseguia ser um lindo.
- Ah eu to bem doninho. Só to com sono e cansada.
- É eu percebi por essa sua cara de morta aí.
- Tá tão evidente assim?
- É Madu, o negócio tá feio. Enfim tenho que te contar uma parada.
- Aí Jesus chega deu palpitação aqui.
- Boba. Não precisa disso, é algo básico.
- Então vai lá, libera a bomba.
- Queria que você conhecesse alguém nesse final de semana. - O QUE, minha cabeça já começou a dar aquele belíssimo bug. Para o Lucas vir com tanta seriedade, a parada era seria. E não, eu não gostava de paradas sérias com meu primo. Tinha ciúmes escancarado e ele sabia muito bem disso. Mas não iria surtar, até porque queria que ele domasse minha mãe para que eu pudesse ir pro sítio. Enfim, tava reconstituindo aquelas palavras na minha casa e soltei:
- Oi? como assim você vai me apresentar alguém?
- Então Madu, lembra que algum tempo atrás, quando rolou até aquela festa na casa da sua amiga, eu tava puto por não ter dormid...
- Meu deus quanto blablabla, seja direto - o interrompi com o meu ciúmes fantasiado de arrogância
- Então - ele começou rindo. - Não era bem por causa daquela besteira que te contei, eu já to saindo com uma mina faz um tempo. E a gente meio que tinha se estranhado aquela noite. O nome dela é Debora. E eu gosto bastante dela, queria que vocês se conhecessem, e como falo bastante de você, ela também queria te conhecer. - Juro que minha feição foi idêntica à daquele emoji revirando os olhos. Abaixei a cabeça e falei:
- Bom, esse final de semana vou pro sítio com a Larissa, algo que preciso de sua ajuda. Mas talvez semana que vem role, feliz?
- Claro Maridiota. Pensei que ia se morder de ciuminho. - Ele disse rindo e bagunçando meu cabelo. - A sua mãe já conhece ela. Esses dias tomou café com a gente.
- To vendo que essa aí já tomou meu lugar então nem preciso ter ciúmes.
- Boba, lógico que não. E pode contar comigo para o lance do sítio. Mas tem que prometer que não vai fazer nenhuma merda.
- Tenho cara de que faz alguma merda? - falei levantando e indo até a porta. - Pode ir lá com sua Debora, que vou deitar no colo do morfel. - apontei pra fora do quarto
- Como você é boba. - ele disse levantando, indo em minha direção e beijando minha testa. Esperei ele sair, fechei a porta e deitei.
Fiquei pensando que é cada coisa que acontece, tipo, até o Lucas namorando e eu aqui. Fissurada por uma menina que nem me enxerga, esnobando um ex namorado que aparentemente vale a pena mas que tá envolvido indiretamente com minha melhor amiga, e pensando no sorriso lindo e malicioso de um cara que mal conheço. Pelo menos o final de semana tá aí pra aliviar, espero que ele venha rápido e que seja bem goooooostoso. Porque entre tropeços, prefiro os que me arrancam sorrisos. E dessa vez, quero tombar tudo.
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
Teen FictionMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!