O que rolou antes do verão passado? II

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E então fiquei esperando para o Marcos tomar uma ação, e de uma forma decepcionante la foi ele, disse que precisava mostrar uma coisa pra Julia e a levou para o canto longe de mim e próximo a uma árvore. Vi de maneira incerta, ele tentando beija-lá e ela esquivou, olhou pra mim, que fingia não ver e aparentemente o empurrou. Veio para perto e sentou do meu lado, colocou o braço em volta do meu pescoço e beijou minha bochecha. Eu fiquei aliviada e decepcionada ao mesmo tempo. Sabia que tinha errado com o Marcos ao ficar com ela naquela outra noite, mas sabia que ele errava comigo a varias noites e eu ao menos notava. Levantei e disse que precisava ir embora pois estava com fome. Marcos queria me levar e eu não permiti, disse que queria que Julia me levasse e ele mesmo assustado, aceitou a ideia. Quando chegamos em casa implorei para que ela ficasse e dormisse comigo, ela concordou. Quando entramos o Lucas veio me perguntar onde estava e que ficou preocupado, arrumei uma desculpa e fui para o quarto com a Julia. Mal entramos e eu tranquei a porta, olhei pra ela e disse:
- Acho que está na hora de me roubar um beijo - Dei um sorriso malicioso. Assim fui pra cima dela a empurrando para cama, comecei a devora-la com os lábios e a arrancar suas roupas, enquanto passava com as mãos em seu corpo suado e cheirando a fumaça. Nunca tinha me pegado com alguém daquela maneira. Rolaram coisas. Muitas coisas. Quentes o suficientes para eu desejar não ficar imaginando. De manhã acordei com ela mexendo no meu cabelo:
- Bom dia flor do dia
- Bom dia Ju, estou exausta.
- É, imagino - disse ela entre sorrisos. - Vou me arrumar e ir pra casa, preciso dar satisfações aos meus pais.
Ela se arrumou rapidamente. Se despediu do Lucas e fui com ela ate o portão, e ela disse:
- Tchau pitchuquinha - se aproximou e sussurrou em meu ouvido - Guarda o nosso segredo.
Eu sorri pra ela e concordei com a cabeça, dei um beijo em sua bochecha e entrei.
Tudo continuou normal entre nós, mesmo junto com o Marcos, aquela historia (eu pensava) estava enterrada a sete palmos em nossas almas. Ate que um dia, estava na casa do Marcos, deitada em seu quarto assistindo um filme e ele veio com graça de mão boba. Olhei pra ele séria e disse que não estava gostando, nessa hora ele levantou, fechou a porta e olhou para mim com a feição de repulsa:
- Porque só quem pode passar a mão na putinha da Maria é a Julia né?!
- Ãn? O que você tá falando garoto?!
- Ela me contou. Ela me disse tudo que fizeram. Eu não estava me aguentando com isso, mas me contive e vou ser bem franco, me contive porque queria tirar proveito da situação, pensei que se estivesse assanhada com uma menina, também ficaria assanhada comigo. Pensei que poderia te comer e te despachar igual uma puta. Porque é isso que você é! - Na hora meus olhos se encheram de lagrimas, ele notou e ficou sentido como sempre, sentou do meu lado e me pediu desculpas, e eu pedi pra ver o que ela havia contado. E sim, ela mandou mensagens explicitando tudo que aconteceu no meu quarto, e eu fiquei devastada. Expliquei pra ele porque cheguei aquela situação, mesmo que aquilo não justificasse o que tinha acontecido. Mas justificou muita coisa.
- Madu, ela mentiu pra você. No dia que você dormiu na casa dela, ela me ligou de madrugada, disse que você tinha tentado agarra-lá, e acabou rolando uns beijinhos porque estavam bêbadas, eu me irritei, e logo que você saiu da casa dela, ela me ligou novamente, me chamando para tomar café com ela pois seus pais não estavam em casa e você ja havia ido. Eu fui e acabamos... Enfim, no dia da árvore, disse a ela que não iria mais guardar nosso então "segredo" e que queria contar pra você, ela se irritou e me empurrou. Ia te levar pra casa e te contar, mas você não deixou, e aconteceu o que aconteceu.
- Então você dormiu com ela? Não acredito - falei entre as lagrimas
- E você não? Eu prometi que não ia falar para você que sabia ate que estivesse terminado o serviço com você. E ela, sua queridíssima amiga deixou. Queria realmente transar com você, mas não consigo. Porque eu te amo Maria, mas não aceito o que fez comigo!
- E eu tenho que aceitar? Só quis te devolver a altura o que fez comigo, fui infantil e errei, mas não errei sozinha. Acabou Marcos, e agora é definitivo. Pensei que nunca ouviria todo esse lixo da sua boca. "Eu te amo mas não aceito o que fez comigo" e o que você fez comigo? Não conta. De verdade, acabou. - Falei levantando pra ir embora.
- Então demorou, acabou, melhor pra mim, não quero namorar uma sapatão.
- Sim, se for assim, sou sapatão mesmo e com orgulho, pois ela mesmo que sendo uma babaca, me fez sentir o que seu pau nunca ao menos pode fazer seu babaca e foi muito bom, então fique ai com sua homofobia, porque pra mim ja deu. - O empurrei e sai correndo para casa. Corri os quarteirões todos enquanto chorava muito. Cheguei em casa e me tranquei no quarto, chorei sem cessar a noite toda. O celular tocou muito, e eu sabia que eram os dois se justificando. Tomei dois calmantes e dormi. Aquele dia foi o maior inferno astral da minha vida. Mal entendi tudo o que estava acontecendo, e sabia que nem o Marcos havia entendido. Aquela menina nos jogou um contra o outro e eu a amava, puta que pariu, eu a amava.
Acordei com a culpa pesando em meus ombros e a necessidade de compreender tudo aquilo. Mandei mensagem para os dois, e disse para me encontrarem na pracinha perto da casa da Julia. Precisava esclarecer logo todas as minhas questões e aquela era a hora.

A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente. Onde histórias criam vida. Descubra agora