Aquele sorriso...

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Quando cheguei lá eles estavam fumando. Já dei um sorriso de longe, era o que estava precisando.
- Oi migos, que saudade. - Falei beijando a bochecha deles.
- Saudade nada, só sabe me deixar no vácuo, sumiu. - Falou o Marcos rindo.
- Ah Marquinhos para, você tava bem ocupadinho. - Falei olhando pra Larissa e rindo. Peguei o baseado da mão deles e comecei a tragar.
- E que milagre é esse, você saindo no sábado sem precisar ser arrastada, a mais de duas semanas não te via fazer isso. - Falou a Larissa bem seria.
- Aí amiga tanta coisa... E você, não desgruda do meu ex po, quer mesmo saber porque não saio mais com vocês. - Falei ironicamente.
- Não precisa de ciúmes tem pra todas. - Falou o Marcos fazendo com que ríssemos. Sentei no meio dos dois. E encostei a cabeça no ombro do Marcos.
- Conte-me mais o que o afilhado dos seus pais veio fazer aqui miga. - Disse com um sorrisinho super sarcástico. Ela já falou rindo:
- Ahhhh, quem ele veio ver tem nome, número e endereço miga, mas ele nem ficou em casa hoje, foi encontrar meus primos, acho que vai fazer alguma coisa.
- Hum, quero ver isso. E vocês dois, quando vão se assumir?
- Tem nada pra assumir Maria. - A Larissa falou sem graça.
- É, Maria, só você que tá cheia dos namorados aí e não assume. - Falou o Marcos e pressenti um ciúmes de leve.
- Quais? hahaha, procura-se viu, tô é bem namorando com a minha tv.
- Tv ou Tati? - A Larissa soltou na hora.
- Ah de novo essas ideias amiga, desfoca por favor.
- Não Lari, é Tati ou Pietro!? - Falou o Marcos debochando e os dois riram.
- Ah não, até você... - Falei levantando e senti meu celular tocando no bolso. Me afastei pra atender.
- Oi, Maria?
- Eu mesma, quem é?
- Advinha
- Um troxa?
- Que você gosta muito.
- Que ilusão em Pietro. O que você quer?
- Nossa, que menina grossa você, cadê a educação de mocinha?
- Sério que vai vir com piadinha machista pra cima de mim?
- Nossa o que cê tem guria? Acalma, seu amor voltou.
Ele me fez rir e riu do outro lado da linha.
- Ah voltou é? Que bom. Cade ele?
- Tô bem aqui amorzinho, vem me ver.
- Osh, você tá aí, mas e meu amor, cade?
- Aí sua besta. Onde você tá?
- Tô na pracinha com a Larissa. Sabe onde é?
- Sei sim, tô indo aí, me espera.
Ele desligou e fui avisa-los.
- Lari, ele vai vir aqui. - Falei rindo e pulando na frente dela.
- Ah que bom que vou conhecer esse cabra aí, vamo bater um papinho.
- Aí Marcos, nem começa em, não me envergonha. - Falei rindo.
- Aí amiga, e se ele me arrastar pra minha mãe?
- Relaxa amiga, ele não faria isso.
- Ah faria sim, ele é bem criançona quando quer. - Ela disse e eu balancei a cabeça.
- Aí amiga não, relaxa.
Ficamos lá fumando esperando ele chegar. Quando vi ele de longe meu coração já começou com o samba. E eu provavelmente estava mais vermelha que um tomate. Ele já se aproximou sorrindo. E eu fiquei bobinha. O Marcos e a Larissa repararam e começaram a rir.
Quando ele chegou, me abraçou muito forte enquanto sorria. Cumprimentou o Marcos e a Larissa e falou:
- Nossa aqui já tem chá, tô até mais tranquilo.
- E desde quando cê fuma? - Falou a Larissa levantando a sobrancelha e sorrindo.
- Ah magrela, cê não sabe da missa um terço. - Ele falou rindo e se aproximando do Marcos. - Tenho um chá aqui da hora, bola um pra nós. - Falou ele dando a seda pro Marcos, que já gostou logo de cara.
- Opa, demoro. - Ele falou bolando. O Pietro se aproximou de mim e me abraçou, e foi me levando pro banco distante dos dois.
- Eai, tava com saudade né?
- Eu? Nunca, já disse que não sinto essas coisas. - Ele olhou com aqueles olhinhos verdes dentro dos meus olhos. Eu abaixei a cabeça sem graça. - E você apaixonou, e eu avisei pra não gama que é problema pra cabeça.
- Muito que a senhora se acha em. - Ele colocou meu cabelo atras da orelha. Nossa que saudade que eu tava de sentir aqueles dedinhos em meu rosto.
- Vou assumir aqui que tava com saudade porque sou um amor de pessoa.
- Sua modéstia me encanta Pietro, mas também tava com saudade. - Ele sorriu.
- E aquele que é seu ex? - Ele perguntou por conta das intensas conversas, em que eu realmente abria meu livro da vida pra ele nas mensagens.
- Sim, ele mesmo. Mas agora somos amigos.
- Ele parece ser legal.
- Ele é sim, e tá sendo bem legal com a Larissa, então fico mais tranquila com a presença dele. - Falei olhando pros dois e voltando a olhar para aqueles olhinhos, que fixou nos meus. Tinha esquecido o quanto aquelas trocas de olhares me desconcertavam.
Voltamos pra perto pra fumarmos com eles. Sentamos e ficamos conversando por horas. Logo o Marcos foi levar a Larissa em casa e nós dois continuamos lá.
- Você tá com uma cara bem triste, o que pega moça?
- Ah o dia não foi dos mais legais.
- Me conta...
- Pra começar, tive que sair com a minha nova cunhada, que é estupidamente irritante, e tretei com uma amiga bem próxima.
- Meu Deus, que ciumenta você. - Ele disse abrindo um sorriso. - Mas enfim, por que brigaram?
- Longa história...
- Temos tempo e bastante por sinal. - Olhei pra ele com um sorrisinho no rosto.
- Ah, sentimentos confusos causam discussões confusas, não saberia explicar.
- Você e suas confusões, talvez seja isso que tenha me chamado tanta atenção.
- E você rapaz, porque decidiu adiantar a viagem?
- Sai mais cedo de férias na faculdade, e não tava muito afim de ficar sem fazer nada em casa, vim te ver.
- Nossa sou tão importante assim?
- Bom, na listinha você tá como a número 2, mas é a melhor, pode acreditar.
- Número 2, sério? Assume, que sou sua número um favorita.
- Ihhhh, não vem com esses papos de garotinha apaixonada, aqui é cachorrão velho.
- Nossa, porque sou tua amiga mesmo? Olha as merdas que tu fala.
- O que? - Ele olhou pra mim. - Para vai, sou uma pessoa tão gente boa que não tem como se arrepender de tá do meu lado.
- Você é um chatão isso sim. - Falei olhando nos olhos dele que retribuiu me fazendo ficar sem graça e desviar o olhar pra sua boca, que cara, me deixava cada vez mais fissurada.
Ficamos lá o resto da tarde e quando anoiteceu ele foi me levar em casa. Fomos conversando o caminho todo, ele com as palhaçadas dele que me deixavam flutuando. Quando chegamos no meu portão, olhei pra ele e disse:
- Pronto, chegamos ao covil.
- Nossa, é tão ruim assim? - Ele riu olhando para minha boca.
- Não, mas gosto do meu drama diário.
- Não aguento esse sol em câncer.
- E eu não aguento esses capricas chatos e viciados em signos. - Falei rindo e ele riu comigo. Depois disso, ficamos quietos um tempo olhando um pro outro. Não sabia se o beijava ou o esperava me beijar, não sabia se simplesmente dava tchau, ou se marcava alguma coisa. Não sabia de nada, e afinal, nunca sei agir, minha confusão sempre me faz refém. Logo ele se aproximou de mim, até nossos corpos ficarem bem juntinhos, e me deu um beijo daqueles filme de romance clichê, porém mais ousado. E foi daqueles beijos molhados e demorados, um jeito bem gostoso de terminar o dia. Se afastamos e ele disse:
- Tava vendo com os meninos, e acho que vamos dar uma festa na casa dos padrinhos, porque eles não vão estar lá, vou falar pra Larissa chamar umas amigas, tenta ir, vai ser na sexta, e caso não nos virmos, já sabe...
- É, vou tentar ir.
- Aiaiai, cuidado com o cu doce, ouvi dizer que tá dando bastante diabete nas pessoas.
- Palhaço. - Disse rindo. - Pois é, aprendi com o príncipe da cu docisse, não me culpe. - Ele olhou pra mim rindo novamente.
- Tchau Madu, vê se me manda mensagem.
- Acho que esse é seu papel, não sou muito de mandar mensagens de primeira.
- Chatinhaa. - Disse ele enquanto eu me virava pra abrir o portão e entrava.
- Chatinhooo.
- Tchau coisinha. - Ele disse me dando as costas e indo embora. Fiquei apreciando-o até perder de vista. Continuei mais um tempinho sorrindo sozinha no portão, ahhh aquele garoto, me deixava nas nuvens. Entrei e fui jantar com meus pais, o Lucas não estava em casa como todo final de semana. Subi pro quarto e me desliguei um pouco, o dia tinha sido bem mediano, precisava por minha cabeça no lugar e talvez, quem sabe, sonhar com aqueles lábios maravilhosos.

A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente. Onde histórias criam vida. Descubra agora