Acordei com o sol invadindo meu quarto, olhei no relógio e já eram 7h30, me troquei e liguei para o Marcos, que disse que já estava me esperando. Desci, peguei uma maça e fui pra pista. Cheguei e vi o Marcos me aguardando. Sentei do lado dele na arquibancada, e falei:
- Estou aguardando as desculpas
- Po Madu, só nós dois sabemos tudo que passamos, sei que pisei na bola, mas você sabe que errou, é difícil pra mim esquecer tudo aquilo e segui vivendo
- Bom, eu não me recordo ao certo como chegamos a tal ponto, depois do fim do ano me desliguei de muitas coisas, e nem eu entendo muito bem o que aconteceu.
- Na moral, a Julia aconteceu e você sabe...
- Bem, mas a Julia... - É eu sabia o que tinha a sido a Julia. E aquela conversa me fez voar para o ano passado.
Bom pra começar, estava no segundo ano (obviamente) e estava tudo tranquilo, estudava na escola particular Saint August desde o pré, então conhecia muita gente, incluindo o Marcos e dai, na sexta serie começamos a nos relacionar, nada muito serio, e com o tempo, já tinha virado parte de nós ficarmos juntos sem rótulos. No primeiro ano uma menina chamada Julia (a tal da citada na conversa) chegou transferida de outra cidade próxima a nossa. Ela era diferente, engraçada e super simpática, o que logo a fez ser tão popular quanto todos que estudavam naquela escola a anos, como eu.
Nos aproximamos no meio do ano, e nesse mesmo período, eu e o Marcos nos assumimos e rotulamos nossa relação, ele já ia em casa e conhecia meus pais, e vice-versa.
Julia nos mostrou coisas diferentes, era amiga de nos dois, então logo formamos um trio. Íamos para festas escondidos e tudo mais, virávamos noites fora. Nosso primeiro baseado, nossas primeiras doses de vodka, tudo com ela... Um dia Julia me chamou para dormir em sua casa, e eu fui, e dai tudo começou... Assistimos uns filmes, e como seus pais haviam saído, fumamos uns cigarros que eles escondiam pela casa e bebemos uma vodka de sabor que ela tinha comprado. Conversamos sobre tudo, amor, vida e historias passadas. Estávamos bem próximas quando ela me propôs:
- Talvez agora seja o momento de me roubar um beijo em Maria - eu fiquei meio sem entender, porque ela sabia da minha historia com o Marcos e sabia que era hetero, olhei para ela com cara de ãn e disse:
- Ta doida Julia? Estou bêbada, mas ainda estou lúcida - ela se aproximou de mim, segurou minha mão e pos sob o peito dela, apertando-o, se aproximou de mim e me beijou, e eu ingenuamente correspondi aos fatos. Nos pegamos durante horas na cozinha, e quando notei já estávamos apenas de calcinha. Na hora me dei conta e me afastei:
- Julia isso não tá certo e o Marcos?
- Ele iria adorar estar entre nós duas - ela riu e me olhou com uma cara de ironia
- Como assim?
- Ah você nunca percebeu?
- O que deveria perceber Julia?
- O Marcos vive tentando me agarrar quando te vê louca nos roles, querendo me arrastar, eu nunca dei bola porque somos amigos e você é como... - a interrompi e enquanto me vestia disse que precisava ir embora, ela resmungou e pediu para que eu ficasse. Já estava meio alterada e disse que só ficaria se fossemos imediatamente dormir. Ela concordou. Fomos para o quarto dela e dormimos. No dia seguinte fui para casa. As coisas continuaram na mesma, ainda saia com ela e com o Marcos, sem tocar no assunto sobre aquela noite, mas evitava o máximo me embriagar ou ficar chapada, os dois estranharam, mas sempre dizia que estava de boa. Ate que um dia, enquanto estávamos na praça de madrugada, o que era comum para nós três, fumei um com eles. Me fiz de louca, mas estava bem lúcida. Lúcida o suficiente para notar algumas coisas e para comprovar aquilo que Julia enfiou em minha cabeça.
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
Teen FictionMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!