Na hora que li o bilhete fiquei desesperada e meio culpada. Havia percebido que minha mãe não estava bem, mas pra mim era apenas sinais da gravidez. Merda porque não atendi o telefone...
Como reação liguei para o meu pai.
- Alô
- Oi Maria, tentei te ligar porque o Lucas não me atende, o que foi? - Pelo tom de voz sabia que ele estava no trabalho e não sabia o que tinha ocorrido.
- Pai, o Lucas está no médico com a mãe! - Falei com a voz aflita.
- Qual hospital? Onde você está? O que aconteceu? - Ele disse nervoso.
- No hospital do centro, acabei de chegar, passa aqui e vamos para lá.
- Ok. - Ele desligou o telefone. Vi que ficou bem nervoso com a situação e afinal, eu também fiquei. Minha relação com eles não era das melhores, mas eles eram meus pais. Minha mãe era ainda o meu alicerce. Tremia de pensar em algo ruim acontecendo com ela. Fiquei inquieta até meu pai chegar. Fomos pro hospital e encontramos o Lucas na recepção.
- Onde ela está Lucas? O que aconteceu? O que ela tem? - Meu pai disse bem nervoso e agitado.
- Bom tio, eles a levaram na maca e ainda não me informaram nada. Estávamos em casa e ela reclamou de náusea, mas achei normal por conta das outras vezes, mas de repente ela começou a vomitar sem parar e quando tentou se levantar, cambaleou pra trás e quase desmaiou.
- Ela deve estar fraca, ultimamente não segura nada no estômago. Vou tentar me informar com alguma enfermeira. - Meu pai respondeu indo em direção a sala de emergência. Fiquei la do lado do Lucas, não me aguentei e sentei bem amuada, quase chorando. Ele sentou do meu lado.
- Ê cabeção, onde se meteu?
- Tinha saído com um amigo, me desculpa Lu, eu devia ter atendido. Me desculpa!
- Tudo bem, antes eu havia ligado mesmo pra saber onde estava. Se acalma Madu, ela ta bem, é normal.
- Lucas você sabe, ela já tem 38 anos, essa gravidez pode ser um risco... - Disse meio irritada segurando as lagrimas.
- Até onde sabemos não é Maria, ela vai ficar bem. - Ele passou a mão nos meus cabelos, me fez olhar pra ele e sorriu. Eu retribui o sorriso. Ficamos la por mais um tempo sem informação. Quando meu pai se aproximou de nos novamente, disse:
- A enfermeira disse que ela ja foi examinada e que está no quarto tomando soro, logo poderemos subir para vê-la, mas apenas de dois em dois, e o médico vira falar comigo. - Eu e o Lucas assentimos com a cabeça. Mais alguns minutos se passar e liberaram pra vê-la. Subi com meu pai. Quando vi minha mãe no leito eu desabei. Fui ate ela e beijei-a no rosto. Ela sorriu.
- Que foi minha filha, não chora, está tudo bem. - Ela disse segurando minha mão.
- Você ta bem mesmo mãe?
- Sim, eu estou firme e forte. Só o Victor que é fresco pra comida e joga tudo fora. - Ela riu, eu e meu pai rimos juntos.
- Que susto em dona senhora. - Meu pai falou se aproximando da cama também e passando a mão na barriga da minha mãe. Quando vi essa cena lembrei de quando era pequena, antes de minha mãe começar a trabalhar com meu pai, eles eram muito próximos, sempre um fazendo o outro rir pela casa, eu ficava encantada, e isso acabava resultando no carinho que tinham por mim, eram bem mais próximos a mim. Logo vi que estava viajando e minha mãe falava comigo.
- Ei Maria, acorda. - Ela disse rindo. Vi que meu pai já não estava do meu lado e falava com médico la fora. Olhei pra ela e sorri.
- Poxa mãe, desculpa ter saído sem avisar, sei que não to facilitando nessa fase difícil, mas eu to aqui, e fiquei assustada em te ver mal.
- Filha, você tem 17 aninhos, não tem que ser minha baba, mas precisa sim me avisar ao sair! Fica calma, é normal, quando era você, vomitava o dobro. - Ela me fez rir. Meu pai entrou no quarto sem o médico.
- É, ele viu seus exames e sua pressão está alta para uma grávida e esta quase anêmica, precisamos ver isso Dona Senhora. - Amava o jeito do meu pai falar com a minha mãe, era calmo e sempre a tranquilizava.
- Precisamos ver o que esse bebe gosta de comer então. - Ela disse olhando pra barriga, eu fiquei apreciando a cena.
- E você vai ficar aqui pra observação caso a pressão suba demais, amanha vão te liberar. - Ele a respondeu passando a mão nas mãos dela. - Vou descer e deixar o Lucas subir, já que vou passar a noite aqui vou manda-lo levar a Maria com seu carro e deixar o meu no estacionamento 24h aqui do lado. - Minha mãe concordou com a cabeça.
- Mas enfim Maria, onde a senhora estava?
- Ah mãe, serio que quer falar de mim agora? - Só nos hospital mesmo para minha mãe querer ser tão intima.
- Claro filha, preciso saber com quem anda. - É, realmente essa gravidez estava afetando-a.
- Um amigo mãe, só... - Quando ia terminar a frase fui interrompida pelo Lucas que passava pela porta.
- Um amigo nada tia, seu novo genro. - Ele falou rindo.
- Cala a boca besta. - Disse rindo também.
- Aé? Ja tenho uma nora, e agora um genro, estou velha mesmo. Acho que o Victor vai sobrar pra titio.
- Nada ver mãe, é só meu amigo.
- Sei... - O Lucas falou rindo. - Ê tia, vai passar a noite em, preparada pra aguentar o tio reclamando da cadeira de acompanhante.
- Olha, sinceramente, essa vai ser a pior parte. - Ela respondeu fazendo nos todos rir. Ficamos la durante mais um tempo. Vi que minha mãe estava bem diferente, rindo por tudo, parecia feliz com aquele serzinho crescendo nela, me animei também, a muito tempo não me sentia tão... da família! Logo me despedi da minha mãe e o Lucas fez o mesmo, descemos e ele me levou para casa. Quando chegamos já era quase 00h, dei boa noite a ele e fui dormir. Acordei no outro dia indisposta pra ir pra escola, acabei faltando. Lucas acordou e foi me avisar que minha mãe seria liberada as 12h. Resolvemos fazer um almoço pra ela, compramos umas coisas no mercado e fizemos um macarrão com queijo, ficou uma delícia.
Quando meus pais chegaram ficaram felizes com a surpresa, minha mãe ja estava bem disposta e comeu bastante. Fiquei aliviada. O resto do dia passei estudando para as provas da próxima semana, mal falei com alguém, apesar de querer saber o que o Marcos tinha pra falar comigo no dia passado. No fim, fui dormir mais aliviada por saber que minha mãe estava em casa.
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
Teen FictionMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!