Nada racional

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Quando estava levantando, olhei pra trás e vi quem eu menos queria ver. Meu semblante de felicidade explicita se transformou em um olhar vazio. Era a Julia. No impulso perguntei:
- O que você quer? - Ela ficou me olhando e com toda prepotência do mundo respondeu.
- Nada, só vim tomar um ar. Porque? Mexeu com você? Pensou que tava atras de você querida? - Ela disse ironicamente.
- Muito pelo contrário querida. - Falei engolindo a raiva.
- Sério? Não parece. E aliás, gostei do vestido.
- Obrigado. - Disse passando por ela, mas ela segurou no meu braço e falou baixo.
- Eu vi tudo, e aceito seus obrigados por expor a putinha lésbica que você é pro pessoal da escola. - Meu sangue subiu na hora. - Espero que o idiota alcoólatra do Marcos tenha aprendido alguma coisa.
Ja virei puxando o cabelo dela e apertando forte. Tínhamos muitas coisas mal resolvidas e ela conseguia me tirar facilmente do serio!
- Não vai achando que eu sou a mesma Maria otaria que você manipulou Julia. Engole essas palavras que pra mim são lixo e morre com teu veneno sua cobra. Você só conseguiu foder com a gente, então não vai pensando que o tempo amoleceu a vontade de eu deformar essa sua cara. - Ela me olhou supresa mas abriu um sorriso, fez com que eu largasse seu cabelo e se afastou de mim.
- O que eu fiz Maduzinha? Só to falando a verdade. E para de ser ingrata que eu fiz um favor pra você. Tanto pra você quanto pro seu namorado postiço, aquele bêbado.  Agora você pode beijar suas amiguinhas sem medo do que todos vão pensar, afinal já sabem que a vadia ai só gosta de cair de boca nas suas iguais. - No momento eu já tava fora de mim, fui pra cima dela, fazendo com que ela caísse no chão. Não sei porque, mas me passou na cabeça tudo que ela fez comigo e com o Marcos, e o rancor falou mais algo. Ela começou a gritar e devolver os tapas e unhadas que dava nela. Em menos de minutos o povo já estava tudo em volta de nos e sem tomar nenhuma atitude. Eu dava socos nela e gritava todos os palavrões mais sujos do meu vocabulário, ela revidava na mesma intensidade.
Senti alguem me puxando de cima dela. Olhei e era o Pietro. Virei pra ele e gritei:
- Me larga seu babaca. - O empurrei e entrei na casa. Estranhamente vi o Marcos agarrado com a menina do início da festa bem feliz, sem nem sentir o cheiro da mal amada da Julia. O puxei e ele estranhou e viu meu estado.
- Maria o que aconteceu? - Ele disse enquanto andávamos para fora da casa e eu não o respondi. Quando saímos da casa vi a Julia com umas meninas limpando o rosto. Ela gritou quando já estávamos próximos da rua.
- Putinha lésbica que não aguenta as verdades, é foda! Agora vai afogar as magoas, cuidado pra não levar o Marcos de volta pro AA. - Na hora olhei pra trás e a fuzilei. Marcos ignorou mas vi que aquilo fez mal a ele.
Vi o Pietro correndo atras da gente e resolvi parar pra escutar as babaquices dele.
- Madu o que aconteceu?
- Não sei, pergunta para sua convidada e para menina que tava com a língua dentro da sua garganta. - Percebi que meu ciúmes tinha tomado forma e proporção desnecessária, porém ja estava irritada demais pra ajustar isso. O Marcos estava do nosso lado me olhou assustado. Pietro me olhou e abaixou a cabeça. Ele não disse nada e eu dei de costas pra ele e puxei o Marcos para sairmos dali.
- Agora da pra me explicar?
- A Julia aconteceu Marcos. Mas não quero falar disso, quero beber. Sabe algum lugar?
- Eu reparei nela la mas nem sabia que ia te afetar tanto, porque pra mim foi indiferente.
- Ela me provocou...
- E você deu corda como sempre!
- Você me conhece. E a bebida? Sabe?
- Tem uma adega 24h perto da espmj. - Fomos andando até lá. Não era tão longe mas demos uma boa caminhada, mal conversamos, estava chateada demais com aquilo tudo.
Chegamos na adega e compramos duas garrafas de vodkas. Fomos para a parcinha beber. No meio do caminho ja tínhamos bebido uma quase inteira. Como eu sou mais fraca ja não tava me aguentando . Sentamos no banco e ele não parava de rir de mim.
- Ai que saudade disso Marquinhos. - Falei gargalhando. - Essa noite só não ta melhor porque não esfolei a cara daquela vadia no chão.
- Você bêbada só fala merda Madu. - Ele disse tirando um baseado do bolso e acendeu. Dei uns dois tragos porque já tava bem fora de mim, ele terminou de fumar rápido. - Ei, o que pega com você e a tal da Tati?
- Ela é gata e eu quero. - Disse sem pensar, afinal tava nem vendo ele direito.
- Nossa ta descarada assim. - Ele disse dando risada e bebendo um gole na bebida.
- Mas serio migo. - Disse ja soluçando, não aguentava ser tão fraquinha. - Eu não sei o que ta acontecendo comigo. Eu gosto do Pietro e gosto dela e gosto de tudo, não sei o que eu quero.
- Aiai você ta maluquinha - Ele riu mais um pouco. - E de mim você gosta? - Nem consegui ficar sem graça com a pergunta, tava tão louca que agi da maneira mais inconsequente possível. Cheguei perto dele e o beijei. Devagar e senti ele corresponder ao fato, ele brincou com a minha língua e mordeu meu lábio inferior. Paramos e ficamos se olhando.
- Isso responde sua pergunta. - Disse rindo igual uma idiota.
- Não te entendo...
- Mas isso não altera o fato de estar louca querendo beijar a boca daquele babaca idiota.
- Nossa, obrigado pela parte que me toca.
- Te tocar? - Eu falei rindo e colocando a mão sobre a calça dele, ele me olhou todo sem graça e riu. Voltou a me beijar como se procurasse alguma coisa em minha boca e começou a acariciar minhas costas ate chegar em minha bunda. Eu sorri entre o beijo. Logo parei e terminei com a ultima garrafa de vodka. Sorri e levantei, estendi a mão pra ele. Ele sorriu e segurou minha mão. Ainda eram umas 2h, não queria ir pra casa. Inventamos de ir pra casa dele. Queria continuar meio desligada de toda aquela bagunça de Pietro, Tati e ahhh, vestígios de Julia.
Fomos direto pro quarto dele. Eu ainda estava meio mal da bebida, mas tava lúcida. Ele tinha um boing no quarto. Acabamos fumando mais. Riamos avulsamente mais que tudo, e nos beijamos toda hora. As coisas começaram a esquentar, ele tirou a blusa e se pós sob mim, não parava de me beijar e me apalpar. Quando vi já estava sem vestido também, sentia-o apertando forte meus seios. E sinceramente, apesar de estar sendo irracional, estava adorando. O virei e fiquei em cima dele. Desabotoei sua calça, mas ainda estava meio sem jeito. Comecei a beijar seu pescoço. Ele apertava e batia forte na minha bunda. Vi que estava tirando a calça e o ajudei. Não sei porque estava fazendo aquilo, sabia que era um erro, e que ele ia entender aquilo como uma nova faísca entre a gente e ainda tinha a Larissa, que iria ficar emputecida se soubesse. Mas continuei, até porque no momento não queria saber de nada. Como só tinha transado uma vez nem sabia o que tava fazendo. Ele parecia bem seguro, então me joguei pro lado e deixei ele vir por cima de mim novamente, ele tirou minha calcinha e a coisa rolou. Foi bem melhor que da primeira vez e eu vi que ele tava bastante empolgadinho. Aproveitei bastante e até que foi uma insanidade bem prazerosa. Acabei adormecendo com ele. E apesar dos pesares, estava satisfeita com a minha noite nada racional.

A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente. Onde histórias criam vida. Descubra agora