Olhos Cintilantes

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Como estava muito ansiosa pra sair da minha rotina, a semana foi mais lenta que o normal. Porém finalmente a sexta-feira chegou. Fui pra escola super empolgada. Cheguei com o sorriso no rosto, fazendo a Larissa se empolgar também. Ficamos as aulas todas trocando bilhetinhos sobre o nosso então feriado.
Na hora do intervalo enquanto ia pro refeitório notei a proximidade estranha e repentina da tal da Joyce com a Tati. Fiquei meio curiosa, mas relevei. Afinal não podia afasta-lá mais ainda de mim por sentimentos que eu mal compreendia. Fui sentar com a Lilian e a Larissa que também comentavam sobre a novidade da semana.
- Eu não entendo como ela consegue entender tanto de química, sinceramente, acho que tenho uma concorrente à altura! - Falou a Lilian com aquela carinha de decepção
- Para vai amiga você ainda é a mais inteligente da sala, medicina já tá no papo. Mas que essa Joyce é pacote completo, com certeza. - Respondeu a Larissa rindo e roubando minhas balas.
- Pois é gente, essa menina tá me deixando intrigada.
- Mais uma pra sua coleção em Madu
- Cala boca Larissa, só pensa com a bunda
- Olha você me respeita em
- Aí meninas vocês sempre me deixam boiando nos papos, odeio isso.
- Não é nada não amiga - falei acalmando-a
- Uma pinoia que não é nada, você não percebeu que a louca da Maria parece um cachorrinho atras da Tati - Olhei pra ela com uma cara de bunda sem tamanho
- Jura? Eu sou muito lerda, não percebi
- Poxa então você é lerda mesmo em amiga, levou ela pra festa, vivi falando dela, ficou bolada porque não respondeu a mensagem dela. Quase o que anda acontecendo comigo por causa do Marcos.
- A não me compara com você não em, porque você parece mel, quando gruda... - falei rindo
- Aí gente só eu que fico bitolada nesses livros e não passo por isso, desse jeito fica difícil. Mas eai, o que vai rolar nesse sítio em. Queria tanto ir.
- Queria? - Falou a Larissa com uma pitadinha de felicidade e esperança.
- Sim amiga. Se desse pra mim ir, eu iria.
- Pera então tá dizendo que você poderia ir?
- Sim. Mas não cabe no carro, certo? - Ela disse com uma cara de ãn. Larissa olhou pra mim sorridente e exclamou:
- Então vai rolar uma viagemzinha em triozinho! Já fala com sua mãe, arruma suas coisas e vai pra minha casa 18h.
- Aí eu vi vantagem, bora chapa meninas.
- Sério isso? - Lilian disse entre sorrisos. - Então demorou né, realmente tô precisando sair dessa rotina chata. Mas antes de pensar nos goros.... Me fale mais sobre seus primos Larissa. - Fiquei surpresa e ao mesmo tempo achei hilária a pergunta, afinal, a Lilian sempre foi um mistério pra mim, como muitas eram naquele colégio. Enfim, bonita e inteligente na medida certa, mas sempre muito restrita, por isso era mais próxima da Larissa quando entrei no colégio. Mas achei um máximo o fato dela tá empolgada pra nossa pequena viagem.
- Como assim Lilian?! Pode parando que eu tenho ciúmes.
- Aí para em Larissa, também quero uns crush gato lá, pretendo zoar muito nessa viagem.
- Ok pra vocês tá liberando, porque com certeza esse final de semana vai zerar a vida!
Ficamos o resto do intervalo falando sobre a viagem e nossas intenções, que aparentemente não iriam passar de intenções, sabendo que os pais super controladores da Larissa iriam tá por perto durante todo final de semana. Voltamos para sala, e entre um bilhetinho e outro comentei com a Larissa que tava louca pra sair de casa no final de semana por causa da notícia patética do Lucas sobre a tal Debora. Ela respondeu que não era surpresa ele se amarrar porque era um gatinho e que eu só tava bolada porque não podia dar uns pegas nele. Nós duas rimos e voltamos a tentar prestar atenção na aula. Quando deu o horário da saída, Larissa disse que o Marcos iria buscar a gente e pediu pra eu dar um perdido com eles, o motivo, bom os dois tinham um fogo de só ficarem juntos quando eu tava por perto. Então concordei.
Enquanto esperávamos fui falar com a Tati, que tava linda.
Ela estava de costa conversando com umas meninas da sala dela, cheguei e tampei os olhos dela com a mão. Que virou assustada e depois abriu um sorriso.
- Oi Madu, tudo bem?
- Oi Tati, tudo né garota e você? Tá bem? Como tá o vicio com filmes de nerd? - Falei indo em direção ao degrau da escada e sentando. Ela riu e sentou do meu lado.
- Bom, não sei de que filmes nerd você está falando. Não sou nerd sabe, só gosto de coisa boa.
- Nossa olha quem tá falante hoje. - Disse sorrindo e olhando nos olhos dela.
- Eu tô tentando né, não sou descarada como a senhora, mas tô tentando.
- E eu to gostando. E como foi a aula hoje?
- Sério que quer falar sobre isso?
- Bem, não quero não, mas nunca sei puxar assunto com você.
- É, eu também não sou boa com assuntos, então te entendo. - Nos duas rimos. Olhei pro portão e vi que a Larissa estava parada lá com o Marcos me esperando. Então perguntei.
- Ei vai fazer alguma coisa importante agora ou tá livre?
- Olha, eu nunca faço coisas muito importantes, então tô livre.
- Quer dar um volta? Comigo, com o Marcos e com a Lari.
- Ah Madu... Eu não sei, parece que eles não vão muito com a minha cara.
- Nada a ver, todo mundo sempre vai com sua cara, não tem como acontecer um contrário. Vamos?
- Tá. Pode ser. - Abri um sorrisão, levantei e puxei ela pra levantar. Fiquei feliz porque não iria precisar ficar de vela sozinha, mas ao mesmo tempo fiquei um tanto apreensiva porque sabia que o Marcos não iria curtir muito.
- Eai gente, vamos? A Tati vai com a gente. - Ela olhou pra eles e os cumprimentou.
- É, então vamos. Pracinha ou pista? - Disse a Larissa enquanto saímos do portão da escola.
- Pista, porque hoje a pracinha tá embasado. - Falou o Marcos todo sério.
- Eita porque? O que tá pegando lá? - Perguntei.
- Os guardinhas, são uns otarios. - Ele disse rindo, enquanto tentava segurar minha mão e eu me esquivava pra perto da Tati e empurrava o Larissa pro meio de nos.
Fomos pra pracinha, sentamos na arquibancada e o Marcos começou a bolar um. Olhei pra Tati e perguntei se tinha problema e ela disse que não. Começamos a conversar sobre desenhos, música . Ela assim como eu era apaixonada por animações e música indie e pop. O que me deixou mais intrigada ainda com aquela belezura toda. Dei dois tragos só pra ficar tranquila, voltei a brisar na nossa conversa, que se aprofundou em religião,
política e até em contato de 4º grau que sempre me deixa eufórica, afinal eu adoro alienígenas e tudo sobre. E mesmo com tudo, ainda consegui me perder nos olhos dela que de tão pretinhos pareciam cintilar. Nesse meio tempo vi rolar uns beijinhos entre a Larissa e o Marcos, o que me deixou aliviada e um pouquinho enciumada. Quando olhei no relógio já eram quase quatro horas. Tati disse que precisava ir, e eu avisei os dois que iria levar ela em casa. Larissa berrou que precisava estar na casa dela as 18h pra começar nosso final de semana de maldade.
Quando estávamos indo pra casa falamos mais um pouco sobre tudo. Ao chegarmos no portão dela, dei um tchau meio sem jeito e enquanto ela entrava sorrindo, fiquei sorrindo de fora. Porra, ela é tão linda. Meus olhos cintilaram ao devorar-lá.
Fui pra casa com um sorriso enorme no rosto, claro que a marola também tava fazendo efeito. Cheguei e fui arrumar minhas coisinhas pro final de semana. Lu confirmou com meus pais que permitiram com que eu saísse estranhamente de boa. Minha empolgação tava a mil. Até porque agora o meu triozinho iria formado. E mesmo tendo uma tarde maravilhosa  daquela, sabia que o final de semana iria tornar tudo um pouquinho ainda mais saboroso.

A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente. Onde histórias criam vida. Descubra agora