Me arrumei e fui encontra-los. Cheguei e o Marcos já estava lá. Não o cumprimentei e nem ao menos o olhei. Fiquei sentada afastada dele enquanto aguardava a Julia.
Quinze minutos se passaram e ela chegou, veio com aquela cara de sarcasmo em nossa direção e disse:
- O que querem? - Nunca a vi tão prepotente quanto aquele dia, meu coração quebrou
- Julia porque tudo isso? - Eu disse ja com lagrimas nos olhos - Pensei que fossemos amigos, pensei que gostasse da gente.
- Pensou errado Maria, essa ai só gosta dela mesmo. - O cheiro de álcool da boca do Marcos dava pra sentir a quilômetros, o que era o sinal de que ele realmente ficou abalado com aquela situação.
- Maria, vocês nunca se mereceram, eu só impulsionei a situação e tirei proveito, desculpa garotinha bola pra frente. - Ela falou olhando para nós dois levantando a sobrancelha e logo após nos deu as costas e saiu andando. Comecei a chorar como de costume. E o Marcos mesmo que com tudo, sentou do meu lado e colocou a mão em meu joelho. Ficamos lá por horas e depois fui pra casa. Quando cheguei, chorei mais um pouco. Lucas foi ver o que eu tinha. Eu contei tudo pra ele. Ele ficou surpreso e irritado com a situação, me deixou chorar um pouco mais no seu colo ate eu dormir. Quando acordei fui ver se tinha alguma coisa para ser entregue segunda na escola e abri a page dos alunos da Saint August e lá estava, uma matéria explicitada contando sobre tudo que fiz naquele ultimo meio ano, fotos minhas e do Marcos chapados e uma nota de observação:
E há quem diga que esses dois agora fumam crake na latinha, eu concordo, pois vivi meio ano ao lado deles, e eles conseguiram me fazer ser mandada novamente para casa de meus avós. Grandes filhos da puta. E ah, sobre puta, meninas se divirtam com a mais nova putinha lésbica da escola, Madu, mostre seu oral ao mundo e a, não deem bebida ao Marcos, logo logo ele estará presente em todas as reuniões do AA.
Não soube nem reagir, fiquei boquiaberta com tudo que expôs sobre mim, minhas amigas me excluíram de todas as redes sociais, vários meninos me mandaram ate fotos e propostas horríveis. O diretor disse ao Lucas (que acompanhou tudo isso de perto pois meus pais mal ficaram sabendo o que aconteceu) que se eu quisesse continuar na escola, teria que ser sob tutoria constante e horas aulas na sala do psiquiatra do colégio. Não aceitei aquilo, então pedi pra trocar de escola. Marcos quase foi expulso de casa, mas os pais o mantiveram na Saint August por falta de opção. Eles também eram pouco presentes, então acharam que aquilo era apenas resultado de um termino de namoro e uma briga entre amigos. Com isso o Marcos se afundou mais na bebida, vivia chapado e eu me culpo, porque sei que eu meti ele nessa, desde o começo, não medi os limites e afundei nós dois. Nós machuquei. E então reparei o que realmente nos aconteceu e depois dessa pausa louca em minha mente, voltei a tona na conversa na pista ao lado dele, que me olhava estranho por ter ficado tempo o bastante quieta e com a cabeça cheia de memórias dolorosas para nós dois.
- É, desculpa Marcos, falar disso trás tudo a tona.
- Sei como é Madu, isso acontece comigo... Aquela menina estragou muita coisa.
- É como tava dizendo, bem a Julia foi um dos motivos de tudo, mas nossa sanidade auxiliou nisso também. Algumas coisas não podem ser reparadas... Mas é bom ter você, só para de surtar por conta disso, e tenta se manter sóbrio ate as 20h - demos risada
- Você sabe que é difícil Maria, mas prometo tentar - ele riu mais um pouco.
Ficamos la sentado ate as 13h, lembrando e relembrando de todas aquelas noitadas de farra e de como tudo chegou a onde estamos. Contei sobre a escola e as "novidades" lá de casa e ele como ninguém, conseguiu me acalmar. Em meio as risadas, entendi que aquilo não podia me assombrar pra sempre. Que eu podia sim recomeçar, e dessa vez não permitir que as pessoas virem minha vida de cabeça para baixo sem pedir ao menos licença... E eu sabia exatamente com quem e como recomeçar e estava ansiosa para isso, e feliz por poder ter um amigo que passou poucas e boas comigo. Entendi que não precisava perde-ló para retomar e recomeçar a viver em meio as coisas novas, precisava apenas estar com ele e o ajuda-ló a recomeçar comigo...
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
Teen FictionMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!