Quando acordei, estava radiante, sentia que aquele seria um dia bom. Torci pra isso. Tomei banho e fui tomar café.
- Bom dia meus amores. - Falei sentando na mesa com minha mãe e o Lucas. Acordei bem mais cedo, então deu pra dar uma parada antes de voar pra escola. Coloquei café e peguei uma bolacha de água e sal.
- Bom dia filha, que animação é essa?
- É o amor tia, é o amor! - Ele falou rindo comendo uma maça.
- Não é nada mãe. - Olhei emburrada pro Lucas. - Só estou feliz. E a senhora está bem? - Olhei de volta pra minha mãe.
- To sim filha, estou tomando xarope de ferro e to conseguindo segurar a comida, relaxa. - Ela disse abrindo um sorriso.
Terminei de comer e fui pra escola. Ficava aliviada do Lucas estar em casa o dia todo para cuidar da minha mãe. Quando cheguei na escola, ia subindo direto para sala, mas vi a Tati sentada em um dos bancos do corredor, aproveitei para falar com ela.
Parei na frente dela e ela me olhou. Mas estava seria, era estranho.
- Oi Tati? - Falei meio baixo.
- Oi Madu, o que foi?
- Nada. - Sentei do lado dela. - O que você tem?
- Nada. - Ela tentou disfarçar abrindo um sorriso.
- Sei... Pode me falar se quiser.
- Não é nada mesmo, apenas cansada e com sono.
- Entendi. Eai, vai pra festa hoje?
- Vou né, fazer o que. - Ela disse rindo.
- Vai, no fundinho você gosta.
- Olha sinceramente, de todas as coisas que eu gosto no mundo, ver adolescente caindo de bêbados e se pegando, não é das melhores. - Fiquei meio sem graça com a resposta e ri.
- Vai ser legal, te prometo. - Falei rindo. - Vou pra sala, te vejo mais tarde. - Falei levantando e indo pra sala, cheguei la e tava uma muvuca, as meninas não paravam de falar da festa e dos universitários que estarão la. Sentei no meu lugar e esperei a professora entrar. A manhã passou rápida como de costume, Larissa e Lilian não pararam um minuto de falar da festa. Quando fui pra casa, dormi a tarde toda pra estar disposta pra curtir a noite. Quando deu 19h comecei a me arrumar. Pedi pro Marcos passar em casa as 21h. Coloquei meu vestido e fiz uns cachos no cabelo. Me maquiei e fiquei o esperando sentada na sala.
- Que gatinha em. - Lucas falou me deixando levemente sem graça. Ele também estava arrumado, provavelmente ia sair com a namorada.
- Obrigado Lucas Lindo. - Respondi rindo. - Vai sair com a mulher?
- Hahaha, se namorar fosse bom eu vivia no cinema e não ia pra balada, não é assim?
- Oi? O que aconteceu? - Perguntei curiosa mas a campainha interrompeu a resposta.
- Depois eu te conto, acho que é pra você. - Dei um beijo na bochecha dele e me despedi dos meus pais.
Quando sai o Marcos me mediu.
- Nossa, ta bonita em miga.
- To nada, para de ser besta. - Falei rindo. Ele também estava lindo, de boné, uma calça jeans preta e uma blusa de frio cinza.
- Ai Maria, espero que não dê ruim eu estar indo pra essa festa sem
estar falando com a Larissa. - Ele disse enquanto andávamos.
- Relaxa. Independente de tudo você também é meu amigo e ela não pode fazer nada. - Ele olhou sorrindo pra mim. Fomos o percurso conversando. Quando chegamos a festa já estava lotada e o som no ultimo. Entramos e fui pegar umas bebidas para nos. Logo esbarrei com a Lilian. Ela ja tava bem altinha e agarrada com o Caio.
- Oi amigaaa, você chegou. Vamos la falar com a Larissa, vem. - Ela disse gritando e me puxando. Quando vi a Larissa ela já tava mamada também, mas continuava linda com um vestido minúsculo preto.
- Oi meu amorr. - Ela disse me abraçando. - Gente essa é a Madu. - Ela
me apresentou pra rodinha de amigos que estava, olhei para todos e de repente percebi um olhar conhecido. Era a Julia. Fiquei meio em choque. Na hora travei, fiquei encarando e ela também parecia assustada. Voltei pra realidade e queria só encontrar o Marcos e sair de la. Aquela menina fodeu muito com nos dois e sabia que se ele a visse a merda estaria feita. Sai de perto das meninas e fui atras dele. Senti alguém puxando minha mão e me virei. Era o Pietro. Ele me olhou sorrindo.
- Tava fugindo de mim mocinha? Na minha própria festa poxa?! - Eu sorri na hora, ele tava tão lindo...
- Queria reabastecer minha maquina de fazer cu doce.
- Boba. Ta legal? - Ele disse se aproximando bastante de mim. Na hora já tinha esquecido o que precisava fazer. O perfume dele já tinha me deixando alterada.
- To sim e você bafo de pinga?
- Bafo de pinga não, olha você me respeita em. Nem sentiu o gosto ainda. - Ele falou segurando minha cintura, me aproximando ainda mais dele e me beijando bem devagar, descendo a mão para minha bunda e a apertando-a. Fiquei levemente sem graça e sorri entre o beijo. Ele sorriu também. - Vem, vou te apresentar umas pessoas. - Ele disse puxando minha mão. Chegamos no meio de uma galera e eu cumprimentei todos. Ouvi uma das meninas falando "Essa é a nova Alice do conto de fadas dele." Mas ignorei.
- Pietro, eu preciso procurar um amigo.
- Um amigo, já vai me trocar? - Ri da maneira que ele falou.
- Não bobo. - Dei um selinho nele. - Vou la, ja volto. - Voltei a procurar o Marcos, e felizmente encontrei ele perto das bebidas conversando com uma garota. E a menina não era das feias. Fiquei feliz de ver ele se entrosando e não queria estragar. Então decidi que aquela assombração não ia estragar nossa noite. Fui encher meu copo novamente, e o que tinha pegado pra ele, ja que tinha bebido tudo sozinha enquanto o procurava. Coloquei vodka pura, fazia tempo que não ficava tri louca e eu tava querendo. Quando estava lá vi a Joyce entrando na casa e atras a Tati. Ela estava mais linda que o normal. Maquiada, com uma calça boca de sino e uma blusinha colada. Peguei o outro copo e fui correndo falar com ela.
- Olá moça.
- Oi Maria. - Ela me olhou aliviada e pegou o copo da minha mão, bebeu quase metade, eu estranhei.
- Feliz em me ver é? Ou é só sede mesmo?
- Com sede e aliviada. Olha como esta cheio aqui. E logo a Joyce ia me dispensar também. - Olhei pra ela e ri. Nos encostamos no balcão onde estavam as bebidas, bebemos muito enquanto conversávamos, eu mais que ela confesso. Fiquei pescando entre as pessoas sinais do Pietro e nada. Resolvi que la estava abafado demais e precisava sair de la. Tati foi comigo pro quintal. Quando chegamos lá na hora que vi, fiquei levemente abalada.
Era o Pietro, entre beijos com uma das meninas que estava lá, não vi quem era, mas pela maneira que o agarrava, parecia bem intima.
Fiquei chocada e ao mesmo tempo triste. Não tínhamos nada, mas também, achei que ele estava interessado da mesma maneira que eu, mesmo que de forma confusa, sentia alguma coisa por mim. A bebida não me deixou segurar, então derramei umas lagrimas, corri pra parte da frente da casa. Tati correu atrás de mim. Sentamos na quina da calçada. Comecei a chorar mais. Lógico que a bebida cooperou para aquele chororo. Ela me olhou sem conseguir entender nada. E passou a mão nos meus cabelos.
- Maria? - Fez com que eu olhasse pra ela. Não sei porque, mas quando levantei a cabeça foquei nos lábios dela. Estava triste com o que tinha visto, mas também feliz por ela ta ali comigo. Olhei nos olhos dela e ela desviou, olhou pro chão. - Você está bem? - Ela perguntou olhando para os dedos e começou a brincar com eles. Fez com que eu olhasse para eles também.
- Não sei... - Falei me virando totalmente pra ela.
- O que aconteceu? Você tava tão bem...
- Vi o que não deveria, mas não quero falar sobre. - Falei seria e ficamos quietas ali. Fiquei fitando-a, brincando com os dedos com aquele ar de timidez. Não aguentava mais, queria saber o que me prendia tanto a aquela menina. Peguei a mão dela e fiz com que ela olhasse pra mim. Olhei nos olhos dela e me aproximei rapidamente, encostando seus lábios nos meus. A tempos queria fazer aquilo. Ela não reagiu, apenas entrou na dança. Colocou as mãos sobre minhas pernas e eu segurei firme sua nuca. Ficamos assim por um bom tempo. Não queria solta-la, o beijo dela era tão doce, me
fez sentir como nas tardes de domingo, quando estamos na cama e são os passarinhos que nos acordam, sei lá, tão sutil. Brinquei com a língua dela durante o beijo e depois não aguentei e abri um sorriso. Ela ficou branca. Quando paramos ela levantou e correu pra dentro da casa. Eu sabia que não foi por mal, conhecia sua timidez. Fiquei la fora sorrindo um tempo, limpei meu rosto borrado e resolvi entrar.
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A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente.
Teen FictionMadu. Dezessete anos. Cidade pequena, sonhos grandes. Entre tropeços e apresso na escada da vida. Paixões, pressões e emoções. O que esperar de uma quase vida adulta logo a frente? Um tombo maior ainda!!