Olá final de semana.

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Acordei super animada para festa. Me arrumei e desci para tomar café.
- Oh Lu, hoje vou dormir em uma amiga porque vai ter festa lá. Suave?
- Beleza vou falar para seus pais. Mas juízo mocinha.
- Nasci com juízo Lucas Lindo - ele riu e eu terminei de comer. Subi para o meu quarto para pegar umas coisas e fui para casa da Lari ajudar nos preparativos para festa. Cheguei e ela estava surtando:
- Miga, eu esqueci de mandar limpar a piscina e também nem comprei nada ainda. To moída. Ontem não deu pra fazer nada, me salvaaaa.
- Relaxa, vamos dar um jeito. - Liguei para o Marcos e perguntei se ele conseguiria arrumar umas bebidas para nós, e ele topou. - Pronto, as bebidas já estão certinhas, agora vamos ao mercado comprar umas coisas. Fomos correndo e compramos uns salgadinhos para servir o povo. Também compramos uns acessórios para usarmos, e acabamos perdendo tempo o bastante naquele supermercado.
Quando chegamos fui correndo para casa me arrumar e esperar a Tati e o Marcos.
Já estava pronta, e pela primeira vez depois de meses me senti maravilhosa. Fiquei no aguarde na esquina. Vi a Tati chegando de longe. Ela estava linda. Aquele cabelo estava mais brilhoso do que já havia reparado. E quanto mais ela se aproximava mas eu perdia as definições para aquele mistério em forma de garota. Ela estava de shorts, uma blusa meio velha de star wars, uma camiseta jeans e all star. Pouca maquiagem. E mesmo naquela simplicidade, fiquei perdida. Ela me cumprimentou e eu mal pensei:
- Você tá maravilhosa. - Em meio segundo ela se corou toda. E deu um sorriso vergonhoso que fez eu me encantar mais.
- Você que está Maria. Muito linda. - Disse ela enquanto abaixava a cabeça de maneira sutil. Sorri e agradeci, conversamos ate o Marcos chegar de carro com algum desconhecido que ele provavelmente deu um "jeitinho brasileiro" para ajuda-ló com as bebidas.
- Entrem ai meninas. - No meio do caminho ele nós elogiou demais e ficava olhando para Tati pelo retrovisor. Achei patético, mas aguentei até chegarmos na Lari.
Mal nos aproximamos e o som estava estrondando. E a rua cheia.
- E como a Larissa disse: Vai ser o fervo!!! - Dei risada e eles riram comigo.
Descemos e fui ajudar o Marcos a descarregar o carro. Peguei uma cerveja para mim e para Tati e fui conversar com ela:
- Fã de star wars?
- Notou? - Falou enquanto pegava a cerveja da minha mão e sorria.
- Talvez, mas juro que não foi por conta da blusa - Disse virando os olhos e sorrindo. Marcos se aproximou de nós e começou a puxar assunto com a Tati. Deixei eles lá conversando e fui atras da Lari. Ela já tava chapada. E veio me abraçar.
- Com certeza você foi a melhor coisa que aconteceu naquela escola. - Disse ela berrando para um monte de menina da espmj e eu ri.
- Vem aqui sua louca. - Falei puxando ela para o canto. - Miga você é a dona da festa, se controla. - disse rindo, ela riu também e gritou:
- Foda-se amigaaaa, precisava de liberdade. - Rimos juntas e eu levei ela para conhecer o Marcos.
- Marcos essa é a Larissa, Larissa esse é a porra louca do Marcos.
- Oi Marcos. Ja te disseram que é um gato? - Eu bati no braço dela e olhei para ele, que riu sem graça.
Realmente o Marcos era um gato. Era mestiço, e tinha as bocas roliças e olhos negros. Encantador de primeira. E ate gostei daquele flerte. Talvez isso tire da ideia dele a necessidade constante de ver-nos juntos no futuro.
Ele a respondeu rindo:
- Não quanto devem falar isso pra você né gata?
- Verdade, aqui é pica de mel - Ela disse toda alterada, enquanto olhava para ele e notou a Tati ao lado. - Oi Tati, você também é linda. Cuidado com a Maria, que ela vai gamar. - Eu fiquei super sem graça e meio nervosa. Na hora a feição do Marcos mudou e a da Tati também. E com tudo, a minha também. Mas não falei nada apenas ri. Larissa já estava fora de si, e a culpa não era dela. Ela precisava daquilo.
Enfim, ela e o Marcos voltaram a conversa, o que me aliviou de mais uma briga feia com ele. Sabia que não tinha gostado do comentário da Lari e sabia que se incomodou com a situação.
Enquanto eles conversavam, eu chamei a Tati para pegar uns copos de vodka e andar pelo quintal da Lari que era lindamente enorme.
- Ei, desculpa pela brincadeira da Larissa. - Falei enquanto enchia dois copos.
- Relaxa.
- Espero que não pense mal de mim...
- Não pensaria. - Olhei para ela e dei um sorriso, que a própria retribuiu, pegamos os copos e encontramos um cantinho perto da piscina para nós sentar.
Nesse meio tempo começou a tocar Habits da Tove Lo, uma das minhas musicas fav do momento. Pedi licença para Tati e corri para achar a Larissa, que surpreendentemente estava louca e envolta dos braços do Marcos rindo feito uma maluca. A puxei e comecei a cantar, começamos a dançar e não paramos mais. Playlist vai, playlist vem. Bebidas vai, bebidas vem. E quando me vi já estava vendo tudo borrado. Fui para a parte vazia do quintal para respirar. E já não encontrava mais a Tati. Sentei perto da piscina e o Marcos sentou do meu lado. Ficamos os dois la, chapados e rindo. Ele tinha chá, então fumamos e deitamos na grama. A louca da Larissa se aproximou e pulou em cima da gente gritando que aquela noite era a melhor noite e que éramos os melhores. Lilian veio e puxou ela. Dei mais risada ainda, porque ela era outra que não estava se aguentando em pé. Levantei e fui ao banheiro. Quando voltei, olhei para perto do portão e lá estava a Tati, rodeada dos nerds que alguma menina nerd da escola havia convidado. Fui pra lá, com os olhos menores que azeitonas e com os passos mais tortos do que meu vestido estava. Cheguei perto e escutei que eles estavam falando de Harry Potter. Me intrometi e disse:
- Essa ai é bruxona. Cuidado. - Dei risada, apontando para ela.
O povo não gostou muito da minha gracinha e a Tati aparentou também não gostar. Ela dissse:
- Você sumiu em Madu
- Me desculpa, é o ritmo de festa. - Não parava de rir, maldito baseado
- É, percebi, eu vou embora... Estava te procurando para me despedir e achei, não estou me sentindo muito bem.
- Poxa mais ainda são 2h, fica mais.
- Não Maria. Você já está se divertindo, quero ir.
- Ok então, vou te levar.
- Não precisava, você está bem louca.
- Eu te trouxe, vou te levar
- Você quem sabe. - Olhei para ela meio sem jeito e fomos saindo do quintal. - Maria, não quero que me leve. Eu tentei, juro, mas talvez o problema esteja em mim, não faço parte de grupos com pessoas como você, e sei que está se esforçando, não sei se por dó ou por maldade, para que me aproxime dessa realidade. Adorei te conhecer, adorei o Marcos e a Larissa. Mas realmente acho que deveríamos deixar essa tentativa de amizade para lá. - Fiquei surpresa.
Para alguém tão tímida, ela foi bem direta. Fiquei chatiada, e abaixei a cabeça, como se houvesse concordado. Estava louca, mas aquilo ressoou em meus ouvidos. Ela se virou para ir, eu puxei a mão dela, o que a fez virar novamente pra mim.
- Você sabe que não fui eu... Você começou tudo isso. Porque me devorou com os olhos nos primeiros dias, e porque me deu abertura para me aproximar?
- Olha Maria... Eu não sei. Te achei diferente das meninas que entraram naquela escola, só isso.
- Só?
- Não sei, não sei.
- Eu também não sei, depois que te vi... É, eu também não sei. - Abaixei a cabeça. Ela olhou para baixo junto comigo. Depois se virou e continuo indo embora.
Eu não sabia o porque aquela menina me interessou tanto. Não sabia o porque depois que cruzei olhares com ela, não a tirei da cabeça. Aquele mistério dentro de seus olhos conseguiram abalar meu psicológico já instável. Fiquei lá na rua durante um tempo, ate ouvir alguém me chamando lá de dentro. Demorei um pouco para entrar, o álcool e a consciência haviam me feito refém da minha própria confusão...

A vida de uma pré-adulta reclamona, nariguda e emergente. Onde histórias criam vida. Descubra agora