One Last Flower.

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Camila pov

Eu fiquei totalmente sem reação ao ver o quanto de sangue estava saindo de Lauren e não consegui focar em mais nada, tanto que nem notei os policiais levando os homens algemados para fora da fábrica. Nem notei que os tiros já havia parado, principalmente porque o som de três específicos tiros corriam pela minha mente sem parar.

Só sai do transe quando os homens começaram a me levantar do chão e colocar Lauren na maca; bem, não tão fora de transe, ainda sim tudo parecia girar em borrões a minha volta. Minha roupa e mãos estavam cheias de sangue. Sangue da Lauren; não me permitiram ir com ela na ambulância por eu não ser família mas mesmo nervosa fui atrás com o carro.

No caminho para o hospital eu liguei para Taylor que ainda estava na minha casa contando o que havia acontecido e a garota pirou, me lembro perfeitamente dela repetir a mesma pergunta várias vezes "ela está viva, não está? ela está viva?" e eu não tinha resposta. Eu não sabia. Eu não lembrava; disse para ela ligar para os números de emergencia em minha geladeira, ou seja, Dinah e Ally, e pedi que desse um jeito de avisar Normani, ligando para a boate/bar.

Estacionei o carro do jeito que consegui e sai correndo para o hospital. Ataquei toda e qualquer enfermeira ou pessoa de branco que vi pelo caminho enquanto perguntava sobre Lauren até que uma finalmente me informou que ela estava em cirurgia.

Quando Dinah e Ally chegaram eu estava quase arrancando os cabelos da cabeça por noticias que não chegavam. Taylor chegou com Normani e ambas entraram no hospital tão desesperadas para saber sobre Lauren quanto eu.

Eu esperei três horas para ela sair da cirurgia, mais duas horas para confirmar que ela de fato ficaria bem, mais quatro horas para ela acordar e tudo isso para não ter coragem de entrar no quarto para falar com ela; eu andei metade do corredor que levava até o quarto de Lauren mas não consegui ir até o final. Eu estava ali coberta de sangue, o sangue dela. Eu só... Não consegui.

Então eu fui pra casa. Dinah fez questão de dirigir para mim enquanto Ally seguia atrás com seu carro para leva-la para casa depois, elas insistiram para ficar comigo mas eu realmente precisava ficar sozinha um pouco e elas entenderam; fiquei no chuveiro por quatros horas enquanto o sangue de Lauren corria pelo ralo do banheiro. Até tentei dormir mas a cena ficava repassando na minha cabeça toda vez que fechava os olhos.

Na manhã seguinte eu criei coragem e fui vê-la. Taylor e Normani passaram a noite com ela, disseram que perguntou por mim e que deram uma desculpa qualquer; respirei fundo antes de entrar pela porta do quarto. Era agora ou nunca.

Lauren estava parada em frente a janela, vestia uma dessas camisolas hospitalares e uma de suas mãos estava ao redor da aparelhagem de soro que estava ao seu lado e conectada ao seu braço. Ela estava de costas pra mim mas antes mesmo que pudesse falar algo, ela falou.


- Quando você mata alguém tem um preço alto, te corroei de um amaneira enlouquecedora... Quando estava trancada lá no hospital teve momentos que eu achei que todos tinham razão, momentos em que eu acreditei que estava louca, que eu havia de fato gostado de matar aquele homem e que eu era um perigo aos meus irmãos. - Respirou fundo, estava fraca. - Mas sempre que esse pensamento me ocorria eu jogava ele pra longe só que... Quando alguém te repete algo inúmeras vezes você acaba acreditando, mesmo que seja mentira. - Tomou fôlego. -  Quando eu conheci a Alexa eu tinha mal tinha feito dezoito, mal tinha saído do hospital e eu sentia nojo de mim mesma. Não me achava digna o suficiente para ter alguém olhando pra mim por mais que no fundo tudo que eu quisesse era alguém que olhasse em meus olhos e dissesse que acreditava nas minhas boas intenções; Alexa não fez isso. - Respirou fundo mais uma vez recuperando o fôlego. - Porque de fato ela não se importava e também porque eu não a deixei entrar. Ela disse que podia me ajudar e eu deixei, e por um tempo ela foi tudo que eu tive e tudo que eu achei que merecia. Passei os anos de descoberta da minha vida trancafiada em um hospital. - Vejo que sua mão aperta mais firme o ferro. - Ela era o meu conhecimento do mundo, e bem, o resto da história com ela você já sabe.

Her Flowers.Onde histórias criam vida. Descubra agora